20 - Confia em mim - parte 2

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— Zayn, qual é. - Lauren tenta argumentar - Ela nunca segurou uma arma antes. 

— Pra tudo tem uma primeira vez. - ele diz acendendo um charuto e se sentando em uma poltrona ao lado, de frente para o corpo. - Além do mais, com esse rostinho bonito, ninguém suspeitaria dela. Pode me ser útil para enviar alguns pacotes.

É isso então. Ou saio daqui uma assassina e futura contrabandista, ou saio morta. Não preciso nem dizer que meu coração está a mil, né?

— É, você tem razão. - ela diz e aperta minha mão, antes de soltá-la.

— Você vai ter uma única bala. Se você errar, vai morrer. - ele traga algumas vezes - Jauregui, dá pra ela a pistola que está naquela mesa.

Lauren se afasta por alguns segundos e volta, me entregando a arma. Respiro fundo várias vezes.

— Está tudo bem, amor. - ela diz em voz baixa. - Você só precisa ter uma boa mira agora, ok? Quero que foque em ficar zen. - ela mexe as sobrancelhas sutilmente. Lauren se posiciona atrás de mim e segura em minhas mãos, me ajudando a empenhar a arma corretamente. - Quando você atirar, vai sentir um coice da arma, é normal, mas preciso que segure firme, se não ela bate no seu rosto. Agora faz assim. - ela coloca o rosto ao lado do meu e me ajuda a mirar. 

— Assim? - pergunto sem acreditar no que estou fazendo

— Assim - ela mexe nossas mãos e então sussurra tão baixo que me questionei se ela disse algo ou se eu imaginei - Zen, Camz. Zayn.

Ela se afasta. É isso, é agora ou nunca, literalmente. Respiro fundo mais algumas vezes. Quando estou pronta para puxar o gatilho, o tal Ricky parece acordar de um coma milagrosamente. Ele nos olha desesperado e começa a tentar gritar e se balançar. Sinto desespero.

— Vamos logo com isso! - Zayn diz irritado. - Anda!

Ele grita e de uma vez, viro a arma para sua direção e atiro, torcendo para matá-lo, ao mesmo tempo que torcendo para apenas apagar sua memória.

— Vamos! - Lauren grita nos puxando para a escada. 

O homem urra de dor e grita vários palavrões. Ele dá dois tiros, tentando nos acertar. Por sorte nenhum deles pega em nós.

Subimos correndo e logo estávamos naquela sala tenebrosa. Lauren é esperta e tranca o alçapão que leva ao subterrâneo. Tento ajudar e empurro a mesa, para que fique por cima das dobradiças dele.

Corremos pela porta e demos de cara com o capanga que me trouxe à essa sala. 

— Que barulho foi esse? - ele pergunta já querendo entrar na sala.

— O Zayn está dando uma lição no Ricky e pediu para não incomodarem ele. - ela segura a maçaneta atrás de si. O homem me olha de cima a baixo e solta um sorrisinho - Aí, tá olhando o que? Procure a sua!

Ela nos puxa para fora do local e finalmente vejo a luz da lua, que estava aparecendo. Começo a chorar e sentir falta de ar. Estou em pânico. Ela me abraça forte.

— Me desculpa! Lauren, me desculpa, de verdade, eu não sabia que era tão sério, eu não-

— Tudo bem, tudo bem! - ela me olha - A gente precisa sair daqui o mais rápido possível, depois você me explica que merda foi fazer lá. Aliás, belo tiro. Vem. - ela nos guia até um carro perto do bar. É o carro do meu sonho. Hesito em entrar lá, mesmo que ela não esteja com a blusa xadrez. - O que foi?

— Lauren, é esse carro. Você morre perto desse carro!

— Como é? Do que você está falando, merda?

— Eu vim atrás de você porque sabia que iriam te levar para um lugar e te matar. Esse carro está no lugar!

— Não viaja, tá? Aliás, pega. - ela tira sua jaqueta e coloca em mim - Está esfriando. Entra no carro, por favor.

Relutante eu entro. Ela dá a partida e logo ouvimos a porta do bar se abrir com violência e um Zayn furioso aparecer. O tiro que dei nele pegou um pouco abaixo do ombro. Se ninguém o ajudar, ele vai sangrar até morrer.

Lauren acelera o carro de uma vez, fazendo os pneus cantarem por alguns segundos. Pouco antes de fazermos uma curva um deles atira, acertando em cheio a roda traseira. Rodopiamos um pouco mas ela é habilidosa no volante. 

— Que merda, que merda, que merda! - estou chorando novamente. - Pra onde nós vamos?

— Eu não sei! - ela tenta fazer outra curva e dessa vez derrapamos pela rua. Alguns segundos depois, mais um tiro foi dado. — Merda, estão atrás de nós!

Ela acelera e diz que vai tentar passar em um túnel. Fecho meus olhos, deixando minhas lágrimas caírem ao notar que o roteiro está se cumprindo. Mais um tiro foi dado, acertando o braço dela de raspão, fazendo ela perder o controle e bater em uma placa de sinalização. Ela tenta dar ré mas o carro não responde. Ela tenta mais algumas vezes e reparo na fumaça que está saindo do motor. 

— Eles vão pegar a gente! - grito desesperada e solto meu cinto de segurança. Sinto algo roçar em meu pé e olho para baixo, me deparando com um casaco xadrez verde. Tudo fica em preto e branco e minha respiração fica carregada e pesada. Me arrepio inteira. 

— Acabou, Jauregui! - o capanga me puxa do carro, enquanto Zayn puxa Lauren. Eles no levam até a beira do túnel onde Lauren queria passar. — Ajoelha. - ele dá um tapa em seu rosto e ela se ajoelha.

Tento me soltar mas o capanga é mais forte. — Não, por favor! Deixa ela em paz!

Zayn se vira e me olha com raiva. Em passos fortes ele se aproxima e eu mais uma vez temo por minha vida. Ele passa mão sobre o local do tiro e me mostra.
 — Olha o que você fez. Olha! - Ele agarra meu maxilar, me sujando com seu sangue. — Você vai pagar por isso, vocês duas. Aqui e agora! -ele faz eu me ajoelhar enquanto seu capanga me segura pelos cabelos.- Eu já cansei de te dar chances, Jauregui. Você foi ficando distraída, aparecia cada vez menos... eu sempre soube que você era traíra. Hoje você vai pagar por tudo. Mas antes, vou te dar um showzinho.

A rua está totalmente vazia, não passa uma alma para eu pedir socorro.

Percebo Zayn se virar para mim e mexer em seu zíper. Meu estômago embrulha só de pensar no que ele quer fazer.

— Não, por favor! Deixa ela ir! Isso é entre mim e você!

— Ela sabe demais, Jauregui. - ele segura em meu queixo, me fazendo olhar para ele. - Arruma alguma coisa pra amarrar ela. - ele manda o capanga. O homem me solta e vai até o carro. Alguns segundos depois ele volta, com o casaco xadrez e amarra minhas mãos para trás com ele.

— Eu faço o que você quiser, mas deixa ela ir, por favor. - A voz dela tremeu

— Talvez se eu furar seus olhos... você sirva para pelo menos me dar prazer, sem que eu me preocupe com você assistindo meus negócios. Ou quem sabe, furar seus tímpanos. - ele diz ao sacar um canivete e passar perto dos meus olhos. 

— Não! - Lauren dá uma investida de surpresa nele, o atingindo pelas costas. Ele se recompõe e acerta um golpe em sua barriga, a fazendo cair novamente.

Ele tosse algumas vezes. Eu ainda estou chorando fortemente, implorando por misericórdia. Ele se vira pra mim novamente e disfere um golpe de canivete em mim, acertando meu maxilar. — Mulheres atrapalham em tudo. - ele volta sua atenção para Lauren e meu coração dói de um jeito que nunca havia doído. Ele puxa uma arma e tudo fica em câmera lenta. Ela está ajoelhada, com as mãos pra cima e o rosto pra baixo, evitando contato visual. Sua camisa está manchada de sangue por conta da facada que levou e do tiro de raspão. Ele engatilha e eu fecho meus olhos ao ouvir o som do tiro.

Eu vi você morrerOnde histórias criam vida. Descubra agora