IX.

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Moody mal podia acreditar que o dia finalmente havia chegado. Seu estômago se revirava com violência, embora os pais tivessem lhe preparado um almoço leve e ele tivesse comido cedo; a cada quadra que se aproximavam da Queen's, ficava mais difícil de respirar. Embora tivessem insistido para ficar até a hora da prova, Moody foi sincero com seus pais e disse que ficaria muito mais nervoso se eles permanecessem ali. Assim, os dois o deixaram no estacionamento com abraços apertados e incentivos fervorosos. Moody olhou para os prédios a sua volta, respirou fundo, e foi em busca da sala onde faria a sua prova. Enquanto caminhava pelo campus, o nervosismo de Moody, paradoxalmente, foi diminuindo. Ele conseguia se ver ali, caminhando pelos corredores, se apinhando com os amigos nos bancos à sombra das árvores entre uma aula e outra, treinando no grande campo gramado para competir pela atlética de seu curso. Seu coração foi se enchendo de uma certeza de que tudo daria certo, que aquele seria o seu lugar.

Então ele a viu. Ruby estava no final de um corredor aberto, sentada no meio-fio. Olhava para o relógio de quando em quando, e seus fios dourados caiam sobre seu rosto. O coração de Moody se encheu ainda mais. Como ele poderia ter achado que gostava de Diana? Comparado com o que passara a sentir por Ruby, aquilo não era nada. Tinha chego à conclusão de que não gostava de Diana, mas sim do que ela representava. A menina mais bonita da escola, inteligente, gentil, graciosa. Diana era maravilhosa, é claro, mas quando parou para se analisar, percebeu que não era um sentimento que emanava dela para ele; ele gostava da ideia que ela representava, não de Diana, e não era assim que as coisas tinham que ser.

Não achou que iria se apaixonar pela Ruby. Faziam parte do mesmo grupo de amigos, sempre se deram bem. Mas nunca tinham passado tempo a sós, conversando sobre coisas diversas, se acostumando com as opiniões e características um do outro. Lembra-se de um dia que chegou à biblioteca para a aula de reforço com ela; Ruby estava sentada à mesa, com uma careta de concentração para o livro de física. Moody se lembra de ter parado ao pé da porta, a noção de seu sentimento o atingindo como um soco no estômago. Não que já não percebesse como aquilo o rondava, como seus pensamentos ultimamente estava sempre o levando até ela, como seu coração batia mais rápido com a perspectiva de a ver. Mas naquele momento ele entendeu. Se aproximou da mesa, assustado com a força do que acabara de perceber, e se sentou ao seu lado, tentando disfarçar a emoção. Ruby sorriu para ele, que quase caiu da cadeira, e ela disse "bom, eu acho que quase não errei esse exercício" e ele soube que estava perdido. Perdidamente apaixonado.

Ruby estava cercada por outros componentes da turma e alguns pais. Aparentemente vários deles tinham sido alocados naquela área, e conversavam nervosamente esperando as portas abrirem.

Moody se sentou ao lado de Ruby.

- Pronta para gabaritar física?

- Só se você gabaritar português.

Nesse momento, as portas abriram, e os alunos começaram a se despedir rapidamente dos pais e se dirigir ao corredor em busca de suas respectivas salas. No meio da multidão, antes de se apartarem, Moody segurou a mão de Ruby, e deu um aperto suave e carinhoso. Os dois trocaram um olhar significativo, desejando boa sorte um para o outro, e cada um entrou numa sala.

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