Manancial

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Antero tem uma quase lágrima nos olhos azuis, Teresa é amparada por ele, os dois vão até o quarto - me perdoe pelo meu excesso ... fique tranquila aqui ...
Romulo examina Teresa e comprova sua gravidez
- estás grávida Teresa e deve nascer lá por Julho ... diz Romulo

Antero e Romulo fumam na sacada do sobrado, de certo que lá dentro henriqueta que já é mãe, falasse das coisas de parto ...  Teresa mais calma
- eu achei que tu te cuidasse Antero ! Diz Romulo
- eu sempre interrompia o coito ... eu acho que me perdi algum dia ...
- sim naquela noite que saísse daqui com ela, tu estavas tão bebado que não deve ter te dado de conta ...
- eu não sei o que faço Romulo ... não sei
- mas eu sei , diz Teresa
Teresa segue - Eu acho Melhor não contarmos a ninguém da minha gravidez até aparecer a barriga... depois eu e tu vamos para  bage ...
- E teu casamento com Moacir ? Questiona Romulo ...

- Moacir não se casará com Teresa ... ele já sabe que ela não será dele ! Diz Antero com um ar de riso
- tu quase o matou Antero  isso não é coisa de rir , corrige Teresa

Antero e Teresa combinam assim,  Antero deverá voltar a cidade de Bagé e Teresa segue os dias na casa de sua madrinha ... até quinto mês ... Teresa esconde a barriga ...
Antero acende um cigarro - O presidente (governador) Borges quer muito ter conosco no mês que vem ... vamos até a capital !diz o tenente Paulo colega de Antero
Antero fica pensativo - vamos ver o que quer o homem !
Um menino da guarnição chama-o - tenente-coronel Antero tem visita para o senhor ...
Tião cruza a porta depressa tirando o chapéu - senhor me "adescurpe " vir assim mas o doutor Romulo mandou avisar que dona Teresa caiu do cavalo ... não está nada bem ...
Antero fica paralisado....

Antero encilhou dois cavalos para poder cavalgar mais depressa, Tião olhava vez que outra para ele, aquele rosto claro de barba agora mal aparada, o chapéu tenta esconder o medo....
Param para descansar, ali acampados, Antero não para de andar de um lado para outro.
-O moço, tenha carma, porque menina Teresa tá bem amparada lá com os seus amigo e dona Ana.
-Eu não consigo parar de pensar em Teresa...
Antero cochila um pouco, apoiado nos pelegos escuros, mas até em seus sonhos lembra de Teresa enferma e chorosa... clamando por ele...
Acordam bem antes da Aurora do dia despontar, Antero cavalga depressa, tem um certo remorso de ter deixado Teresa longe dele... sequer lhe viu por barriga...
Antero chega e pula de cima do cavalo, entra depressa na casa, Henriqueta já o espera  na porta do sobrado...
-Antero eu peço que se lave bem e tire a poeira, preciso de tudo muito limpo... estou com as crianças com sarampo...
-Como está Teresa, Como está? Me diga !
-Calma, estou desde o dia da queda, me dedicando a ela... Rômulo está lá com ela ...
-Mas oque Teresa foi fazer montando esse cavalo ... ele já derrubou ela outras vezes...  Lá onde?
-Calme Antero, calme... No domingo Teresa andava na casa dos avós de Adelaide, quando passava na sua casa viu seu Pai caido na ponte,  ela foi atrás dos caseiros e de dona Clara, mas um forte temporal se iniciou o animal se assustou e ela acabou caindo do cavalo... Na mesma hora um dos empregados de seu pai, veio até nossa casa, Rômulo e eu fomos lá, ele cuidou  seu pai, que está bem...mas muito esquecido... e Teresa ...  foi amparada por sua mãe... ela está lá, Rômulo, Zabella, Adelaide, Dona Ana, estão todos la...
Antero respira fundo.... monta de novo a cavalo e se bate para a Fazenda das Pintagueiras,  chega ofegante direto ao casarão, onde vê Rômulo mateando com seu pai...
Um rápido cumprimento... entre eles... Antero está em nervos...
-Buenas... então como ela está?
-Teresa está lá dentro , vamos até ela...
Antero entra no quarto, Adelaide, ao lado da amiga, Teresa muito pálida deitada na cama, uma faixa lhe faz compressa na cabeça...
Antero se ajoelha perto da cama, lhe pega a mão, aquela fragilidade toda, da criatura mais forte e ponderada que conhecera, Teresa
-Rômulo ela e a criança irão ficar bem? Pergunta ele...
-Antero,  Eu não sei ... não posso garantir que não terá um aborto... não posso garantir que não iremos perder até mesmo ela... está com muitos hematomas internos... edemas... infelizmente não tenho como prever...
-Ah Rômulo não quero ouvir de ti um eu Não sei...
-Meu amigo, eu tenho feito de tudo... mas foi uma queda muito grande, ela grávida... eu estou de mãos atadas...
Teresa já com quatro meses de gravidez... e seus pais não imaginam que ela esteja esperando um filho...  tampouco imaginavam que ela estava em cima de um cama...
-Ela acorda? Ela fala... pergunta Antenor a dona Ana
Ana sorri -Sim, acorda, ela chama por você enquanto dorme, e chama pela mãe... eu pensei em chamar Mariana mas acho que temos que evitar mais problemas...
- Bem, está certo... eu gostaria de ficar com ela, a sós...
Antero se aproxima do rosto de Teresa, lhe susurrando no ouvido...
'' Minha Teresa, minha... você é tão forte... eu sei que é... que vais ficar boa... que vamos um dia contar essas histórias todas a nossos filhos... a nossos netos''
Teresa dorme silenciosa, coberta por uma série de mantas de lã... o frio e a chuva  são terríveis...   Antero fuma no corredor da casa, de certo que todos dormem,  Antero retorna ao quarto, fica cuidando Teresa a noite inteira...
Antero dorme escorado na cabeceira da cama, a mão dele segura a mão de Teresa, cansado, Teresa abre os olhos, quando olha o rosto de Antero tem um sorriso de sonho, ela aperta mão dele devagar, Antero abre os olhos depressa,.
-Meu amor... eu estou aqui... agora vamos enfrentar isso junto  ...
-Antero eu temo pelo bebe, eu sinto que não mexe mais...
-Eu vou chamar Rômulo, o que sente...
-Não sinto... e por isso estou com medo...
Antero beija – a –Se não for para ser agora, mas tão logo teremos outros filhos... fique calma...
Rômulo sugere repouso e chás... 
Teresa é levada até banheiro, senta-se de novo na cama... ​Antero atira longe o café quando escuta o grito de Teresa, um grito desperado...
-Que tens?
-Sinto dor...muita dor ... me ajude Antero...
Um dia inteiro de muitas tentativas, de muitos remédios e preparos, Rômulo e Zabela  juntos, Teresa por vezes desfalece de cansaço e dor...
Já na madrugada Teresa consegue comer um caldo, e fica sem dor...
Antero angustiado, lhe afaga os cabelos...
Rômulo a examina –Teresa eu acho que estavamos enganados... o bebe não podia estar melhor, eu escutei os movimentos dele... parece que vais conseguir , estão bem...
Dona Ana agradece... bendito seja deus...
Depois de alguns dias na cama, Teresa finalmente consegue ir a varanda, ela e Antero os dois no sol, aquecidos pelo som do outono, ele a tem nos braços...
Alguns dias depois...
Antero entra na Igreja, precisa agradecer pela recuperação de Teresa.
-Finalmente ... então o que um tipo como tu faz na casa de deus?
Antero vira depressa...
O pai de Teresa aponta a arma na direção de Antero
-Senhor Augusto eu não imagino que estejas me tocaiando, que vá me matar dentro da Igreja...
-Está com medo?
-Não...
-Se arrepende de algo? De ter se aproximado de minha filha?
-Se pensa que eu vou implorar por minha vida senhor Augusto... vá em frente ... eu não vou me arrependo de nada.
Antes que ele puxe o gatilho Teresa se lança na frente de Antero.
-Saia daqui Teresa...
-Nunca, não vou permitir que tire a vida dele... não vou!
-Ele e sua família são meus inimigos... você sabia disso desde o ínicio...
Teresa está agarrada a Antero... ele tenta tirar ela dali...
-Eu não vou sair da frente, não me peça isso...
-Eu vou atirar... saia da frente Teresa...
Teresa grita ...
-Atire, vai acabar com todos seus problemas, vai matar a mim, a Antero e a seu neto... 

 Amores Maragatos  - Série CaleidoscópioOnde histórias criam vida. Descubra agora