Angústias

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Teresa sequer derramou uma lágrima cavalgou depressa, até a fazenda...
Chegou em casa e já foi direto a Anástacio... - Tens alguma notícia ? sabe de Antero ? Me diga...
-Não sei não senhora. Mas sei de ouvir a peonada, que o rapaz sumiu a dois dias e meio, e nada...
-Anástacio ouviu alguma coisa? Sabe se meu pai saiu... se meus irmãos
-Menina Teresa seu pai não tem saido, nem seus irmãos tem vindo aqui... não ouvi nada, nem tiro, nem gritos...
-Se souber de algo ... por tudo que a há de mais sagrado me conte...
Na casa dos Pais de Teresa, tudo corre dentro do normal
-Soube que o tenente desapareceu diz Ana a Mariana ...
-Uma lástima, deus me perdoe... diz Mariana
-Eu não me importo com essa gente, diz Augusto
-Que o rapaz apareça, pois sou mãe imagino a dor da mãe dele...
Teresa permanece no quarto, tem as mãos unidas, de joelhos ela clama –Por favor, eu lhe rogo que ele apareça com vida... se for de sua vontade, não precisamos ficar juntos, mas que ele esteja bem... não suportaria perde-lo, me de um sinal ... por favor!
Naquela noite Teresa mal conseguia dormir, sufocada em pesadelos com Antero pedindo socorro.
De manha muito cedo, Teresa escuta a voz de Anástacio na sua janela... - menina preciso que veja uma coisa...
Teresa sai correndo da cama, se veste depressa...
Teresa enche os olhos de água... um cachorro apareceu perto das casas, geme o pobrezinho, parece ferido...
-É canção ... Canção, cão de confiança de Antero! Me diga o que ele tem que está gemendo?
-Está ferido, eu não sei se é tiro, ou corte de faca...
-Cuide dele. Chame tião que é bom com bichos... Se ele está aqui... é porque Antero está também....
-Ele estava onde tinha atoleiro olha o barro nas patinhas... diz Dimira (mulher de Anástacio)
Não demora para que o cusquinho seja cuidado, bebe rapidamente a água e dá volta correndo ...
-Eu vou seguir ele... diz Anástacio para Dimira.
No meio da manhã Anástacio surge a cavalo... –Precisamos chamar o doutor... O moço tá lá no banhado.... precisamos chamar um médico senhor, diz Anástacio a Augusto...
-Avise a família dele.... deixe que eles ajeitem ...
-Que passa Anástacio? Pergunta Teresa...
-Eu achei o tenente... está no banhado, ferido, precisa de ajuda... um médico
-Tião, corra na villa e traz rômulo... depressa... e tu Anástacio me acompanhe até onde está Antero...
-Tião chame algum peão deles e que venham arrancar esse infeliz daqui... vamos...
Tião fica parado olhando para Teresa... surge a voz na porta da casa –Tião obedeça, vá buscar o médico, diz Ana a verdadeira patrona de tião.
-Vamos Anástacio...
-Que dizes? Tu não vais a lugar algum... Diz pai de Teresa enquanto lhe pega pelo braço...
-Para me segurar aqui, só se me matar...
-Se ires até eles ... irei tirar sua herança!
-Faça isso, já basta a sina de ser sua filha...
Teresa corre na direção lamaçal, se ajoelha perto de Antero, ele de lado, dentro da pequena poça de água, coberto de barro, os cabelos sujos da terra úmida, o rosto sangra a uma balaço no braço direito...
Antero está desacordado... Anástacio lhe põe um torniquete no braço.
Rômulo chega depressa, na direção do amigo, o amava como que a um irmão
Teresa mande alguém chamar Dona Zabela, ela entende de ervas...
- Ele levou um tiro ?
-Levou no braço, mas o pior não é o tiro, é esse ferro que dilacerou a perna, parece uma flecha... temos de tirar aqui... senão pode haver hemorragia...
-Não é uma flecha, é uma armadilha de caça. Diz Anástacio.
Teresa é melhor que saia daqui... Teresa corre na direção de Rômulo – Não o deixe morrer eu lhe imploro!
Augusto olha de longe... vê a filha de afastar ... chorando...
-Anastacio, Eu quero que descubra quem tentou matar o rapaz. Diz Augusto.
-Certo Patrão.
Rômulo consegue estancar o sangue de Antero, eles entram com Antero na casa de Teresa Mariana traz panos limpos ... lhe coloca na cama das visitas.
-Esse homem na minha casa não!
Eles o lavam na cama, ele lhe dá remédios, chega Zabela com suas afomentações.
-É só um tempo ,logo eu o levo só deixem baixar o sol...
Antero delira chama por Teresa... Augusto suspira de bravo.
Logo o sangue estanca e Rômulo e Tião levam Antero ao Hospital, Teresa segue com ele na carruagem...
-Eu sei que tudo ficará bem... eu sei, diz ela.
Na casa de Rômulo, Antero é tratado por ele e outros médicos, em seguida recebe a visita de seus pais... Antero dorme, sedado, a mãe e o pai lhe afagam...assim que eles saem, Teresa entra no quarto...
Ela passa a noite com ele, rezando, lhe colocando compressas, pela manhã Teresa acorda com a tosse de Antero...
Antero se senta na cama, Teresa e Rômulo sorriem –Então te sentes melhor?
-Dói tudo...

 Amores Maragatos  - Série CaleidoscópioOnde histórias criam vida. Descubra agora