Tempos de Paz

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Para a alegria de Teresa e a paz de todos naquela
terra de homens tão valentes, e mulheres
abnegadas, a paz soprava seu canto
No dia 14 de dezembro de 1923, foi assinado bem
perto dali, na cidade de Pedras Altas, um pacto que
pôs fim ao conflito, o governador Borges de
Medeiros pode permanecer até o fim do seu mandado, mas a constituição fora reformulada, impedindo reeleições e indicações.
Como quem galopa no vento, Antero cruzou a grande portada casa, abraçou Teresa, abocanhando-a, levando a seus aposentos, o cheiro de guerra, ainda impregnado em suas vestes, lançava-se com sede, segurando firme Teresa, agora abrigada em seus músculos, podiam juntos ser um só.
desvendando a mais tenra e forte face do amor, amando-se com a saudade de quem volta da guerra, mais uma vez..
Ficam ali olhando as estrelas do céu da encantadora Piratini,Antero mira profundo nos olhos de Teresa, os dois falam juntos - tenho que lhe contar uma coisa !
- Diga Antero, por favor ..... diga
-Eu consegui que o Padre realize uma cerimônia,
aceita te casar comigo?
Teresa tem um quase lágrima nos olhos - sim,
Antero, sim, mas para que dia...
-Dia 24,as vésperas do Natal, à tarde.
-Ah.. faltam tão poucos dias.
- E tu o que tinhas para contar?
-Quando melhorasse dos pulmões, antes de partir
para guerra, me deixaste um presente.
Àntero sorri - O que seria...
Ela toca em seu ventre -sim Miguel ganhará um
irmão, ou irmã.
A lgreja Matriz Nossa Senhora da Conceição,
adornada por muitas flores silvestres, Teresa adentra a lgreja com Miguel no colo, para sua surpresa ao olhar o altar, junto de Antero, está sua mãe e sua sogra, e dos lados Leoncio e Augusto, dois homens que se odiaram ao máximo de suas forças, e que agora buscavam esquecer o ódio, em nome do bem de seus filhos e netos.
O padre celebra o casamento, a paz, a compaixão.
Antero e ela se beijam delicadamente.
A festa se estende noite a dentro, alcançando o
natal. Teresa olha tudo ao seu redor, a família, os
amigos, o filho, o marido.
Abraça Antero - Eu esperei tanto por esse
momento...
-eu também... eu também
A noite chega depressa, Antero dependura a espada
em um cabide da sala, o lenço branco debruçado sobre ela.
Ficam ele e Teresa abraçados, ela sabe que não
tardará para que venha outra guerra, para ele, ou
seus filhos, seguirem a sina desse pampa, que
jamais dobrou a espinha sem antes lutar...
Mas sabe bem que não fosse a Guerra jamais teria
vencido sua própria batalha e sido verdadeiramente
Feliz!

 Amores Maragatos  - Série CaleidoscópioOnde histórias criam vida. Descubra agora