Amaldiçoados Pelo Destino - Inocente

Cap. 3

     Mari on
  
  Confesso que quando eu vi aquele serzinho na minha frente me correu um calafrio pelo corpo todo. Apesar de ele estar bem diferente, o cabelo com mechas azuis, o estilo totalmente diferente de cinco anos atrás e por incrível que parece um rosto que transmitia calma e gentileza, o que é bem irônico, reconheci ele de imediato.
  Eu esperava ter que ver ele apenas no baile. Mas é o que dizem. "Alegria de pobre dura pouco". Tá, eu sou rica mas isso não vem ao caso, vocês entenderam.

- Podemos ficar um pouco a sós? - É a primeira coisa que ele diz depois de entrar no quarto e nos encararmos por um tempo.

- E eu tenho escolha? - Pergunto com ironia. - Podem sair um instante, depois eu chamo vocês. - Digo me referindo a Nath e aos outros.

   Depois que eles saíram me virei de costas. Só de olhar pra cara daquele idiota me dava raiva. Apesar dele ser bem bonito... Não pera, o quê? Afs, garota irritante.

  - Marinette? - Ele pergunta e eu me viro e vejo uma cena que jamais passou pela minha cabeça ver. O Luka, aquele que se autoproclamava a pessoa mais incrível do mundo, que achava que os outros estavam ali apenas para o bajular, estava de joelhos! ELE ESTAVA DE JOELHOS NA MINHA FRENTE! Seu rosto transmitia milhares de emoções. Mas havia uma que eu via claramente. Culpa! - Olha Mari.. posso te chamar assim? - Estava chocada demais para discordar ou qualquer outra coisa então apenas assenti com a cabeça. - Eu sei que você deve me odiar e me achar um tremendo babaca.. A cinco anos atrás acho que eu não era uma das melhores pessoas pra se chamar de amigo.

  - Você acha? - Debochada sempre meus queridos.

  - Ok ok. Eu SEI que não era. E eu peço desculpas por isso. Eu era o primogênito, o garoto mimado por todos pra compensar a falta da presença do pai. Eu sei que isso não é desculpa, mas cresci sendo o favorito da casa, ganhando tudo o que pedia, sendo elogiado até mesmo quando fazia algo errado. Acredite ou não isso destrói a bondade e empatia de uma criança. Sei que eu te tratei da forma que uma garota jamais deveria ser tratada. Falei coisas que uma mulher NUNCA deveria ouvir da boca de alguém. E acredite, faz três anos que as palavras que eu te disse aquele dia martelam na minha cabeça como se fossem me quebrar. Eu sei que não mereço nem mesmo uma única palavra de bondade ou gentileza sua, e que é muito egoísmo da minha parte te pedir isso. Mas eu tô aqui de joelhos, te implorando pra que pelo menos tente me perdoar. Não sou uma das melhores pessoas e sei que você não quer nem mesmo estar no mesmo cômodo que eu e muito menos se casar comigo. Mas te prometo que eu vou fazer de tudo pra conseguir seu perdão e talvez, talvez um dia, fazer você gostar de mim nem que seja um pouco. - Eu escuto tudo e quanto mais palavras saem da sua boca mais chocada eu fico. O que aconteceu com o garoto de cinco anos atrás? Quem é você e o que fez com aquele menino? Apesar de tudo, você realmente parece ter mudado... Mas pode estar me enganando também.
Acabei percebendo que sou bem transparente quando ele começou a falar de novo.

  - Você deve estar se perguntando porque eu estou fazendo isso. Concordo que se estivesse no seu lugar pensaria o mesmo. Bom Mari... Quando cheguei nos Estados Unidos continuei recebendo toda a mesma bajulação de sempre, isso até 3 anos atrás. Quando comecei a fazer aula de música e conheci meus professores. Eram um casal de idosos muito gentis a primeira vista. Mas também sabiam como educar alguém. Apesar de serem pagos apenas para me ensinar música, me ensinaram sobre a vida. Eles não me elogiavam a cada respiração que eu dava. E também brigavam comigo quando eu tratava mau os empregados. Apesar de eu não gostar de ser repreendido, eles era os únicos que pareciam ser sinceros comigo e eu gostava disso. - Em algum momento no meio da sua fala ele se levantou e foi em direção a janela. O sol estava se pondo e a vista era linda. - Eles me ensinaram o que é educação e respeito. O que apesar das muitas aulas de etiqueta que eu tive, aparentemente nunca aprendi. Eles eram como pais pra mim. Eles me mudaram de uma forma que nem mesmo minha irmã me reconheceu. Infelizmente dois anos depois que os conheci a senhora faleceu. Ele ficou arrasado. Então pedi a ele que morasse comigo, já que nos víamos todos os dias mesmo. Foi com ele que aprendi como se deve tratar e cuidar de alguém. - Vejo uma lágrima solitária correndo sua bochecha e me vêm uma estranha vontade de chorar com ele... Não sei se consigo esquecer as palavras que ele me disse.. mas talvez eu tente perdoa-lo. A final de contas vou ter que me casar com ele. Mas não será tão fácil assim!

  - Bom, era isso que eu tinha a dizer. Não espero que você diga algo. Eu sei que deve estar um pouco chocada com tudo. Então eu vou sair e deixar você um pouco sozinha. Aliás, você está linda. Uma verdadeira dama. - Olho para ele que está com um sorriso sincero e meigo em seu rosto. Confesso fiquei um pouco hipnotizada com aquele sorriso.

   Ele então começa a se dirigir até a porta e a abre. Antes que ele saia eu corro até ele e seguro se braço. Ele me olha e eu apenas digo:

  - Te vejo no baile.. - Ele apenas sorri e sai. Sinto minhas bochechas quentes e vou até o espelho. É. Eu estava corada.

   Eu não quero me casar com ele.. e também não sei se o perdoei. Mas acho que não será tão difícil assim.
   Nesse momento eu escuto um tiro e algo como se fosse um corpo caindo do lado de fora! O GUARDA-COSTAS! Droga de novo não. Começo a correr até o closet e abro uma passagem secreta que dá na garagem do castelo. Corro o mais rápido que posso e encontro um dos seguranças no caminho.

  - Corra senhorita! Está tudo pronto no carro. Seus pais também já foram para lá. - Ele diz me esperando e começando a correr comigo. Isso acontece frequentemente. São famílias rivais querendo um resgate pela herdeira da família Dupain. Deixa eu explicar. Aqui em paris ao invés de "máfia" nós temos a "moda". Não faz muito sentido mas deixa eu explicar. Há 4 famílias principais nos ramos da moda aqui. Os Dupain, os Agrestes, os Couffaine e os Bourgeois. Todos eles brigam para ser os mais famosos estilistas. Eles jamais brigam diretamente entre si. Ainda assim, os Dupain e os Agrestes tem ódio e guerra pessoais declarados. Mas ok. Abaixo das 4 famílias estão as famílias de estilistas menos renomados que para conseguir o favor e a confiança de uma das famílias, e com isso quero dizer "benefícios financeiros" , tentam afetar as outras 3. A minha é afetada dessa maneira. A única família que possuí apenas uma herdeira é a minha. O que significa que quem estiver comigo sobre seus braços, tem o controle total da família Dupain. Então frequentemente há tentativas de sequestro. Tentativas porque jamais conseguiram isso. Meu pai tem uma empresa de seguranças. Lá apenas os melhores dos melhores entram. Apesar de tudo, não conhecemos nenhum deles para a segurança dos mesmos e de suas famílias caso alguém tente suborna-los ou ameaça-los. Aí você pergunta: Como isso pode dar certo?! Pessoas podem se infiltrar lá! Então, aí é que está. O cara que comanda lá é melhor amigo do meu pai. Então a cautela é máxima. E jamais alguém tentou se infiltrar lá. Apenas uma vez isso aconteceu. Como descobrimos? Todos eles ao entram são submetidos a um teste. Lá, um analista consegue detectar a menor das mentiras. Ele analisa comportamento, fala e contexto. Qual o segredo para ele conseguir fazer o que faz nunca saberemos. Mas ele faz. Enfim, nunca alguém conseguiu mentir nesse teste e sair vivo. Então ninguém mais tenta. E ao que parece pelo barulho do tiro e do corpo caindo, lá se vai mais um dos seguranças. Esse foi rápido. Eu pareço indiferente mas na verdade sinto culpa. Ele morreu apenas pra me proteger. Ele também tem família. Mas confesso esse último segurança era chato. Nem mesmo conversava comigo quando eu estava entediada. Enfim, parece que amanhã será mais um longo dia de seleção do novo segurança. Espero que dessa vez eu escolha um melhor... Mas fico triste por ter que perder o baile... Talvez eu tenha ficado com vontade de dançar com alguém....

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