Capítulo I

755 80 39
                                    

JIMIN

Algumas pessoas dizem que eu nasci com óleo de motor em minhas veias.

Que a chamada de uma estrada aberta e um carro com um tanque cheio de gás era a razão pela qual eu vivia e respirava.

Eu amo carros demais. 

Amei a forma como o motor acelerou quando virei à primeira vez a chave, o cheiro de couro recém-polido, e a sensação do volante sob  minhas mãos.

Acima de tudo, amei a velocidade.

Eu amava voar pelo asfalto em um ritmo que poderia me colocar na cadeia... 

Ou pior. 

Eu amava a emoção de transpor uma linha tênue entre a vida e a morte, e que um pequeno erro poderia literalmente me deixar em um caixão.

Mórbido?

Poderia ser se eu tivesse um desejo de morte. 

Eu não tinha planos de morrer, não tão cedo. 

Mas isso não me impedia de viver como queria. 

Havia algo tão incrivelmente libertador sobre quebrar todas as regras quando eu estava na estrada.

Algo sobre a liberdade que me abraçava.

Mesmo que a adrenalina fosse a minha droga, eu ainda era um homem.

Eu ainda era humano.

Quando me cortava, não era um óleo espesso e preto que vazava de minhas veias. 

Era sangue. 

O mesmo sangue vermelho que todos os outros tinham.

Ainda assim, deixava todos pensarem que eu era um pouco menos humano do que eles. 

Eu alimentava a percepção de que talvez houvesse algo a mais dentro de mim que me dava uma vantagem.

Eu faria o que fosse preciso para chegar à linha de chegada.

Foi precisamente com essa atitude que fui ganhando um nome no circuito de  velocidade aqui em Anyang. 

Foi a minha condução “sem-pé-no-freio,”, até que meus  pneus ficassem logo carecas e os nós dos meus dedos ficassem brancos ao volante, até as línguas balançarem.

E em se tratando de carros, uma conversa era a metade da batalha.

A outra metade?

A forma como um homem dirigia.

Inferno, o tipo de motorista que você era, pode ser até mais importante do que a coisa real que você dirigia. 

Porque quando chegava à hora... 

Não era o tamanho do motor do carro.

Era o tamanho do motor do homem.

O meu motor?

Era tão grande que era edição limitada.

Eu ficava na minha, também. 

Se alguém quisesse saber quem eu era, eles podiam entrar no banco do passageiro, e eu lhes mostrava. 

Eu não precisava falar de heróis; só precisava dirigir.

O autódromo de Chesapeake era a maior pista desse lado de Anyang. 

Mas, na outra direção da província, perto das grandes cidades, onde os Knights (a nossa equipe  de futebol) tinha a base, havia uma pista ainda maior, onde alguns grandes  eventos aconteciam ao longo dos anos. 

Addicted To Speed - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora