Capítulo XLIX

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JUNGKOOK

O céu parecia se abrir do nada. 

Num segundo, tudo estava calmo (mas cinza), e no próximo, folhas pesadas de chuva batiam no meu para-brisa.

Eu não me importava muito com a chuva. 

Ela tinha uma espécie de efeito purificador sobre as coisas. 

Lavando o pior para dar lugar a uma ardósia limpa.

Hoje o dia tinha sido longo. 

As pessoas olhavam, as pessoas me perguntavam sobre as minhas contusões e rumores voavam. 

Eu não fiz nada para dissuadir qualquer conversa. 

Por que eu deveria?

Deixei os filhos da puta que me bateram ouvir um monte de “oh foda”. 

Deixei-os ouvir tudo, ver tudo, e ficarem nervosos. 

Eu vi um dos quatro no campus. 

No segundo em que ele me viu, se virou e caminhou na direção oposta.

As segundas aulas eram melhores, eu fui para a fraternidade, fiz alguma merda  obrigatória, e depois fui para um drive-thru no caminho de casa. 

Não estava escuro ainda quando eu parei na entrada, embora tudo do lado de fora estivesse escuro e o sol estivesse longe de ser visto.

A porta da garagem estava aberta, e o Fastback estava estacionado dentro. 

O capô estava apoiado, e eu sorri porque eu sabia que Jimin estava lá, inclinando-se sobre o motor.

Quase como se ele ouvisse o meu pensamento, o topo de sua cabeça loira se virou e ele olhou para a rua, através da chuva forte para o meu carro.

Eu desliguei o motor e ajustei o meu chapéu de beisebol preto um pouco mais baixo para proteger meu rosto. 

A chuva me atingiu no instante em que saltei para fora do interior seco do meu carro, e a água molhou até meus tornozelos, enquanto eu corria para a garagem. 

Uma vez lá, parei e me sacudi como um cão recém-saído do banho.

— Por que você demorou tanto? — Perguntou, vindo ao redor do carro. 

Seus olhos deslizaram pelo meu corpo e travou no meu rosto.

Por baixo da borda do meu chapéu, eu o assisti, tendo sua forma familiar de cumprimentar. 

— Trouxe-lhe algumas batatas fritas. 

Eu segurava um saco de papel branco. 

O café que eu tinha pegado pra mim ainda estava no Mustang, há muito tempo esquecido. 

Quem precisava de cafeína quando tinha um viciado em carro com covinha bem na sua frente?

Jimin arrancou o saco da minha mão e estendeu a sua para pegar um monte de batatas fritas. 

Eu o vi enfiá-las todas em sua boca. 

O lado de sua bochecha inchada com a comida, e seus olhos rolaram para trás, enquanto ele gemia. 

— Eu precisava disso.

Só assim, meu dia não parecia mais tão longo. 

Na verdade, eu estava contando os minutos e os segundos que se seguiriam de agora em diante, porque eu queria tanto tempo com ele quanto humanamente possível.

— E eu? — Eu zombei, com falsa indignação na minha voz.

Ele deu outra mordida enorme nas batatas fritas em sua boca. 

Addicted To Speed - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora