7ºParte: Primeira impressão de Nathan

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- Lamento desiludir-te. Não o colocaria dessa forma, somos bastante diferentes. As nossas vidas são impossíveis de comparar.

- Está bem - disse-lhe chocada. Credo! Ele não estava a fazer nenhum esforço para causar uma boa impressão. Não gostava nada de acreditar em boatos mas parecia mesmo que era antipático e nada amigável, não era nada chocante o facto de não ter amigos.

- Então... deves querer algumas respostas

- É o que tenho andado à procura - respondi-lhe encostando-me ao sofá, quase como se estivesse a simbolizar a minha vontade de desistir - Vais ser tu a ajudar-me?

- Não fiques tão desapontada, sou o melhor que vais arranjar.

-como é que apareceste?

- Acredito que da mesma maneira que tu. A andar. Sou humano, não tenho poderes nenhuns.

- Não é isso. - Já estava a ficar habituada a sua maneira estranha de interagir com as pessoas - Aqui? O que estás a fazer aqui?

- Pensava que ias fazer perguntas mais complicadas que essa.

- Desculpa lá. Não podes ficar admirado se te disser que não confio em ti. É um pouco suspeito ver-te aqui.

- Não é que te tenha de dar alguma justificação mas... o Finn. Foi ele que me ligou. Não apareceste na praia e ficou preocupado. Pediu-me para verificar se estavas aqui. Como sou bem-mandado, aqui estou. Acabei de entrar.

- Claro que era ele. Espera lá, desde quando vocês se conhecem?

- Também não sabes isso. Caraças, ninguém te foi capaz de explicar nada! De certeza que estam a espera que eu faça tudo. Tinha mesmo de sobrar para mim.

- A culpa não é minha, portanto tenta ter um pouco mais de calma.

- Conheces-me de algum lado para me dares ordens?

- Não o estava a tentar fazer, só quero explicações, acho que as mereço. Não és o único que está chateado, estou na mesma situação.

- Está bem. Já chega de teres pena de ti própria, com essa atitude não vais longe.

Sim, acredito que ser antipático para mim também não vai ajudar em nada. Tinha mesmo sorte! Não podiam ter escolhido outra pessoa mais simpática para me ajudar? Foi mesmo uma excelente escolha dos meus pais.

- Como queres que tenha uma atitude diferente se não faço ideia do que se esta a passar? Sim, tenho pena de mim mesma! Se estivesses na minha situação de certeza que te sentirias da mesma maneira. Não te conheço, mas tenho a certeza de que não nasceste a saber tudo, ou nasceste? Provavelmente já te sentiste as aranhas, portanto espero que mudes de atitude. E sim desta vez é uma ordem!

Explodi. Tinham-me dito que este rapaz teria todas as respostas mas não era nada fácil falar com ele, nem sequer facilitava. Não estava com paciência nenhuma para o tratar como se fosse o melhor nem sequer me iria rebaixar ao seu nível.

- Vamos tentar mais uma vez, sim? Quero saber de onde conheces o Finn?

O rapaz nem sequer sabia como haveria de reagir. Nunca ninguém lhe deveria ter alguma vez feito frente. Respondeu-me logo.

- Na verdade foi há pouco tempo. O nosso encontro foi feito pelos teus pais, queriam que nos conhecêssemos antes de fazeres anos. Tenho a sensação que ele não gosta muito de mim.

Sorri de satisfeita. Não tinha deixado que o rapaz dos medicamentos e sem amigos me prejudicasse, nem iria deixar.

- Percebo perfeitamente porquê!

No entanto, achei que fosse ficar com medo, mas não demorou muito a que começasse a resmungar.

- Queres a minha ajuda, certo? Se me enervares mais alguma vez, vais ficar sem a minha ajuda. Depois quero ver como te safas sem mim.

Apenas assenti. Não tinha medo mas era melhor apenas ignorar e fazer mais perguntas para não perder mais tempo.

- O que aconteceu no tempo dos nossos pais, sabes alguma coisa sobre isso?

- Lamento. Tens de falar com o Finn, não sei nada sobre os teus pais apenas que os pais deles protegeram os teus. É para isso que os teus amigos servem. Como já te disse, não sou como tu. Eu consigo sonhar foi apenas uma mentira que te contaram para saberes da minha existência.

- Então, afinal para que preciso de ti? Pensei que me poderias ajudar a lidar com os sonhos.

Não me podia esquecer de perguntar a Rickie a verdadeira história dos meus pais ele de certeza que me a iria contar.

- Sabes a alcunha que tenho na escola? É nisso que te vou puder ajudar, o rumor é verdadeiro, sei mesmo o nome de todos eles. Desde pequeno que os meus pais me obrigaram a estudar medicina. Para eles era ainda mais importante que aprender a falar. Provavelmente as tuas primeiras palavras como as te todos deve ter sido mama ou papa, não no meu caso.

Parou um pouco o seu discurso e segundos depois retomou:

- Não é para entrares em pânico mas se achaste que a tua vida agora está mal, ainda não viveste nada, os sonhos vão ser cada vez piores. Nada do que possas imaginar.

- É o teu objetivo era não me assustares! Estás a fazer um ótimo trabalho. Talvez seja melhor pedir ajuda ao Finn.

- Podes tentar mas tenho a certeza de que não vais ter muita sorte. Queres a verdade ou preferes que te minta. Tu escolhes!

- Porque dizes isso? O que te aconteceu para saberes tantas coisas em relação aos sonhos.

- A minha vida não interessa nada, não precisamos de falar de mim, é melhor não questionares. De qualquer maneira por hoje chega, tenho outros planos. Queres que te acompanhe a casa? Já me ia esquecendo de te perguntar como esta o joelho? Precisas de alguma coisa para as dores

O rapaz só podia ser bipolar era a única justificação para o seu comportamento

- Não é preciso nada, só preciso de deixar cicatrizar e consigo ir sozinha para a casa do Finn.

Saímos os dois da casa e depois cada um seguiu o seu caminho, nem sequer me cheguei a ter tempo para me despedir. De qualquer maneira não iria saber o que dizer, por isso tinha sido melhor desta maneira.

Ao chegar perto da casa de Finn, este encontrava-se à porta, ao telemóvel. Se tivesse de adivinhar apostaria em Nathan. Ao seu lado, Niomi, quando olhou para mim, sorri-lhe. Esperava um retomo mas apenas me virou as costas. Estava cada vez mais estranha. A nossa relação tinha mudado. Ao contrário dela, Finn dirigiu-se à mim.

- Não era isto que tínhamos combinado, pois não?

Já me tinha esquecido que deveria estar na praia. Precisava de tentar livrar-me dele para ir chatear Rickie para contar a verdade.

- Mudei de opinião. Foi só isso. Já estou de volta

- Já não podes fazer sempre o que queres. Tens de meter na cabeça que as coisas têm de mudar. Não é seguro andares sozinha.

- Está bem - estava a ficar mesmo irritada, não precisava de mais confusão, hoje já tinha tido a minha dose - Vou falar com o Rickie se não te importares.

Dirigi-me ao seu quarto. Quando me deu permissão entrei vendo-o com as suas luvas de boxe a treinar enquanto ouvia música.

- Desculpa interromper-te. Estive a falar com o Nathan e agora preciso de falar contigo mas não me podes mentir.

- Sempre fui o mais verdadeiro dos quatro e tu sabes disso! Por alguma razão vieste ter comigo.





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