8º Parte: Família

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- Verdade. Queria perguntar-te se sabes alguma coisa da vida dos meus pais. Qualquer coisa relacionada com os sonhos, o que eles tiveram de lidar?

Parou o que estava a fazer para olhar para mim e dizer-me logo a seguir

- Vou dizer-te a verdade e tens mesmo de acreditar em mim. Posso não ter a respostas que precisas.

Apenas começou a falar assim que lhe prometi.

- Os teus pais o que te contaram em relação aos meus?

- Tem calma, já lá chego, um assunto de cada vez

- Desculpa! Estou com muita curiosidade em saber tudo.

Sem qualquer aviso prévio lançou-se logo na história, nem sequer sabia se tinha a certeza que queria saber. Por momentos fiquei com duvidas se deveria saber.

- Os teus pais tal como tu descobriram tudo quando fizeram os dezassete anos. Nessa altura já se conheciam e eram amigos por isso passaram por tudo no mesmo dia. Estavam os dois com medo daquilo que tinham visto e falaram com os teus avós.

- Sabes o que viram? – era apenas curiosidade em saber se tinha sido algo parecido com o que me tinha acontecido.

- Não sei. Não te esqueças de que apenas tinha dez anos, esse tipo de coisas não nós contaram. Se quiseres saber tens de esperar que os meus pais cheguem.

- Falando nisso onde é que estão? Já sabem o que aconteceu?

- Eles sabem, por isso é que não estam aqui. Foram tratar de vários assuntos relacionados com os teus pais. Qualquer pista do que lhes possa ter acontecido. Os teus pais eram os melhores amigos dos meus.

- Como é que eles se conheceram? – perguntei interrompendo-o mais uma vez.

- Não sei se já percebeste mas os meus pais foram os protetores dos teus. A verdadeira história vem dos teus avós.

O teu avô materno era uma pessoa normal. Como via o sofrimento da tua avó decidiu ajudá-la começando a treinar, fazer exercício como um louco, tirando o facto de que era também um médico. O seu único objetivo era proteger a tua avó. A história envolve muitas pessoas, vou fazer o meu melhor para não me esquecer de referir nenhuma.

Fez me sinal para nos sentarmos, apontado para a sua cama. Dava para perceber que iria ser uma longa conversa pelo menos ia ficar a perceber muito mais num dia do que tinha até então. Tinha sido realmente uma boa altura para o Nathan aparecer, era por sua causa que estava a ter esta conversa. Só por isso tinha subido um pouco mais na minha consideração, mas continuava a achá-lo estúpido.

- Tanto a tua história como a minha começa com os nossos avós tanto os maternos como os paternos. Vou começar pela tua família. Como já te disse a pouco, a tua avó tinha os sonhos e o teu avô era o seu protetor, tiveram a tua mãe que ficou também com os sonhos.

Da tua parte paterna, o teu avô tinha os sonhos e a tua avó era apenas humana, o teu pai ficou com os sonhos – parecia que contava a história várias vezes, parecia estar decorada - Os teus pais eram amigos da escola e partilhavam o facto de não sonharem e todos os dias faziam um relatório do que tinha acontecido durante a noite. Quando aconteceu o sonho, obviamente falaram um com o outro e depois com os pais. Foi nesta altura que os meus pais se juntam a história. Não te esqueças do que te disse até agora, pois vou ter de interromper para falar do meu lado da família. Até agora estás a acompanhar?

- Sim, estou a perceber, não te preocupes se não perceber interrompo.

- Já me ia esquecendo de algo muito importante! Por vezes só porque os pais têm poderes não quer dizer que os filhos tenham também de ter. Podem perfeitamente ser humanos normais.

- Estás a querer dizer que é por isso que os meus pais nunca me disseram nada?

- Sim, havia uma enorme chace de seres normal

- Então mas o facto de não ter sonhos não queria logo dizer que era diferente.

- Não necessariamente, apenas que os teus pais eram. Os dezassete anos é que mudavam as coisas.

- Percebi. Podes continuar.

- Do meu lado da família ninguém tinha esses sonhos. Os meus pais é que ficaram protetores dos teus, só pelos teus avós serem amigos dos meus.

- Essa história de ser protetor como é que funciona? Como são escolhidos?

- Como já te disse, no início foi apenas uma escolha do teu avô, antes esta situação de ser protetor também envolvia a ajuda médica. No entanto, nenhum dos meus pais era experiente em medicina portanto tiveram de procurar mais ajuda. Assim como a tua é o Nathan.

- Os dos meus pais eram os pais dele, não é?

- Sim, é por isso que eles também conhecem os teus pais. Não foi por acaso que agora são os médicos de família deles. No início era apenas uma opção, não era obrigado a isso se não quisesses.

- Então, porque é que os teus aceitaram?

- Primeiro por causa dos meus avós, depois porque estavam apaixonados. A minha mãe pelo teu pai e o meu pai pela tua mãe. Mas como sabes não foi isso que aconteceu.

- E vocês, tu e os teus irmãos?

- Bem para nos não foi uma escolha. Desde os meus dez anos que sabemos desta história e que treinamos para a tua proteção apesar de nem sequer sabermos se iria acontecer contigo. Acho que os meus pais acharam que deviam ajudar os teus.

Na noite do teu aniversário ficamos a espera de um telefonema dos teus pais para nos avisar mas isso nunca aconteceu. Fomos para a tua casa e não vimos ninguém. Os meus pais foram a procura dos teus e nós a tua procura. Quando vimos os homens percebe-mos que algo não estava bem. O Finn foi a tua procura e eu e a Naomi atras deles para os afastarmos de ti. Agora estamos aqui.

Tinha sido realmente muita informação para um dia só. Muitas coisas faziam sentido mas criavam na minha cabeça uma enorme confusão. Precisava de tempo para processar tudo

- Agradeço-te imenso teres-me contado. Precisava mesmo de saber

- Se te lembrares de mais perguntas, se poder responder, estás a vontade.

Agradeci-lhe mais uma vez e deixei o seu quarto, deixando voltar aos seus treinos. Quando sai reparei que o céu estava a escurecer, significava que estava quase na altura de ter de deitar, por mais tarde que o quisesse fazer, iria ter de acontecer.

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