Separate Seas

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Taylor's POV

O clima todo está estranho, e não é como se eu tivesse a possibilidade de fazer as coisas melhorarem.

Eu simplesmente estou de mãos atadas.

Tem essa tensão no ar, e parece que a qualquer momento a linha fina que tem mantido Elouise em pé vai se romper. Porque ainda que eu diga que tudo vai ficar bem, nós sabemos que isso é muito longe da realidade.

Não por mim, e sim por ela.

É um contexto diferente. E se as coisas na minha vida nunca são fáceis, na dela é tudo maximizado. Eu tento entender as inseguranças da garota, e tento pensar que eventualmente esse momento vai passar e vamos conseguir estabilidade - ainda que tudo entre a gente seja novo, estabilidade é tudo que eu mais quero.

Mas é difícil, porque do meu lado eu tenho uma imagem de anos construída, em que dizer abertamente que estou com uma garota não aparece em página alguma da história atual, o que não significa que isso não vá acontecer conforme o tempo passe - no ponto em que eu pareço ter muito mais controle sobre a minha própria vida do que Elouise em relação a dela. E do lado dela tem essa construção de que o futuro já está traçado, e de algum jeito - ainda que eu tente - é cada vez mais difícil me ver nele.

Os últimos dois dias foram estranhos.

Algumas notas no nome de Lou foram liberadas mas nem isso foi o suficiente para controlar a agitação com a matéria do Scottish Daily Mail.

Quando o pai dela, na noite anterior, ligou querendo saber sobre o que estava acontecendo ela contou a versão da história que quase todos já sabiam.

A de que não era ela nas fotos.

E isso pareceu acalmar Charles.

Mas isso não acalmou Lou, e nesse ponto parece ser bem claro para onde estamos indo.

É segunda-feira de manhã quando acordo sozinha na cama de Elouise, e sei que ela provavelmente está no andar de baixo.

Quando finalmente desço, encontro ela conversando com alguém no celular, e é claro que o assunto gira em torno do que está acontecendo. Então não sei ao certo quem é, mas tenho uma ideia de que talvez seja James ou Harry.

Ela não me vê, já que está de costas para a escada, e eu apenas paro por alguns segundos no início dos degraus. Ela comenta sobre as inseguranças, a situação, e sobre como os comentários ainda não desapareceram por completo.

E eu sei quem em meio a toda situação da matéria do Scottish Daily tem essas críticas saindo em todos os cantos.

E Elouise se foca nisso.

O que definitivamente não é saudável, e dá aquela sensação de que tudo é mil vezes pior do que realmente é.

Eu espero ela encerrar a chamada para indicar que estou aqui, e quando Lou me vê, tudo que ela diz é um "bom dia" em um tom baixo.

— Podemos falar sobre isso? — pergunto quando me aproximo dela. Lou me encara confusa, mas meu olhar deixa claro sobre o que estou me referindo.

— Isso?

— Esse clima estranho...

— Não tem clima estranho, Tay.

— Tem, eu sei que tem. E você sabe também — digo — Eu quero entender o que você está pensando, mas é difícil quando a sensação que me dá é a de que eu estou presa do lado de fora da sua mente. Eu não tenho ideia do que se passa aí, e eu não consigo entender o que eu preciso fazer. É difícil estar nessa situação.

— É difícil estar nessa situação também — ela se refere a si mesma — E eu não... Eu não estou te trancando do lado de fora da minha mente, te impedindo de saber o que eu penso-

— Você está fazendo exatamente isso.

— Mas não é porque eu quero! Eu só- Não sei, eu tenho coisa demais aqui — ela diz e aponta para a própria cabeça.

— Você se preocupa demais, e é impossível seguir bem desse jeito — comento — Eu não digo isso por mim, eu falo por você.

— Como eu não vou me preocupar? Taylor... — ela ri irônica, sem graça alguma no riso — A minha vida inteira eu vivi seguindo um conjunto de regras, em uma linha reta, tentando fazer o meu melhor e passar a melhor imagem de quem eu sou porque a minha família se baseia nisso. Na imagem! Eu não tenho ideia de como não me preocupar, de como não pensar em cada coisa que faço agora que sei que tem pessoas por aí me esperando fazer algo que dê pauta e gere notícia. Quer dizer, eu já sabia disso, eu me cansei de saber disso... M-Mas ter aquelas fotos sendo divulgadas foi só uma reafirmação desse ponto, e eu não consigo não pensar e não me assustar. Dessa vez eu consegui contornar isso, mas e se acontecer de novo? E se a gente se descuidar? Se agora algumas pessoas já criticaram as fotos, mesmo com a nota afirmando que não sou eu, imagine se sai algo que deixe claro que sim, sou eu ali? Eu não tenho ideia do que fazer em uma situação assim, e eu só estou... Não sei, perdida.

• • •

— O que voc- O que você está fazendo? — a voz de Lou sai talvez um pouco mais apreensiva, preocupada, e eu suspiro de leve, terminando de colocar a última peça de roupa na pequena mala que está comigo, a única que trouxe.

A nossa última conversa tem estado na minha mente, e acho que é certo - para ambas - o que precisamos fazer. Tem esse sinal gigante na nossa frente dizendo para qual caminho estamos indo, e eu só estou escolhendo tomar a direção óbvia.

Porque não tem tanto o que fazer, não mais. 

— Tay... — ela chama minha atenção.

— Lou... — me aproximo, o suficiente para colocar minhas mãos no rosto dela.

— O que você está fazendo? Isso é sobre a conversa de ontem?

— Isso é sobre o que tem acontecido nos últimos dias — conserto, porque a conversa foi só um ponto em meio a tantos outros.

— Você está indo embora? — ela pergunta, ainda que seja claro a resposta. Eu reparo que tem algumas lágrimas teimando em cair dos olhos, e suspiro de leve, sentindo isso mexer comigo mais do que achei que mexeria.

— Eu só estou te libertando — digo e passo o polegar embaixo dos olhos dela, ajudando a limpar as duas ou três lágrimas que escorre — Eu sei o quão difícil isso tem sido, e ainda que a frequência de comentários tenha diminuído, e a notícia em si esteja sendo esquecida, nós sabemos que nada é 100% certo, e se algo assim acontecer de novo, você vai se fechar. Nós não podemos viver assim, né!?

— Você disse que tudo ia dar certo...

— E talvez eu estivesse errada — dou de ombros, com um sorriso triste nos lábios.

— Isso é minha culpa, não é?

— Claro que não — asseguro.

— Então porque você está me deixando? — a voz dela sai tão baixa que por alguns segundos eu perco a coragem de dar continuidade a isso.

— Eu não estou te deixando, Lou. Eu só estou me afastando antes que isso fique mais difícil, você sabe. Tudo aconteceu rápido demais, e nós nos entregamos rápido demais, mas ainda temos tempo de colocar uma barreira antes que fique mais complicado, eu só não quero que se torne algo ruim... Não é assim que eu quero lembrar disso aqui. Não é assim que eu quero que você lembre disso aqui — me inclino na direção dela, e diminuo a distância entre nossos rostos. Deixo um beijo nos lábios dela, e não é nada além de um encostar de lábios com o gosto salgado das lágrimas da garota — Eu gosto demais de você, Lou...

Elouise • Taylor SwiftOnde histórias criam vida. Descubra agora