Capítulo 11

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Naquela noite Allison chegou em casa e entrou na garagem subterrânea para guardar seu carro, pensava a todo instante na conversa que teve com Lis. Sentia-se mal por ainda fazer mal a ela de alguma forma. Queria conversar com ela pessoalmente, tentar entender o que está acontecendo. Nunca quis machucá-la, e depois que amadureceu mais, arrependia-se por tudo que já fez a ela, por tudo que a fez passar, por não ter cortado vínculo logo de início para evitar que ela se apaixonasse e chegasse a esse ponto. Lis conheceu sua pior versão, aquela que não se importava com nada, muito menos com os sentimentos dos outros, que só queria aventura e nada mais. Admirava o carinho e a amizade de Lis por ela, por mesmo não sendo correspondida, compreender e sempre estar ao lado dela. A verdade é que Lis nunca desistiu dela, e se um dia decidiu fazer isso, foi pro seu próprio bem, por não querer mais se submeter a tudo o que passava na mão de Allison e por não se permitir sofrer mais.
 
Allison tirou sua roupa, tomou um banho e pouco depois vestiu um samba canção, ficando apenas de top. E deitou-se ao lado de Isadora que já dormia. Ao deitar-se pôde sentir a outra se aproximar e se encolher em seus braços. Allison a abraçou e pousando um beijo em sua cabeça, ficou horas fitando o teto escuro, até ser vencida pelo cansaço.
 
No dia seguinte Allison despertou com o choro de Lindsay no outro quarto, Isadora ainda dormia, certamente estava cansada. Ela levantou-se com cuidado para não acordá-la e foi até o quarto da pequena, lá a pegou no colo e a acalmou. Então retornou para o seu quarto e colocou Lindsay no meio da cama ao lado de Isadora. Com cuidado ela soltou uma das alças do sutiã da outra, queria rir da situação, mas se segurava para não acordá-la. E então encaixou a boca da pequena certinho no bico do seio, essa passou a mamar quietinha. Com isso se deu conta que Isadora realmente estava cansada. Logo após deitou-se ao lado delas e voltou a dormir, já que não dormiu nada na noite anterior,  acordando a cada meia hora.
 
Passava do meio dia quando Allison acordou novamente, dessa vez estava sozinha na cama. Isadora já havia levantado, estava na sala com Lindsay, Beatriz e Alice. As duas mimavam demais a menina, toda vez que iam visitá-la levavam um presente novo. Dessa vez foi um mordedor e uma naninha. Allison desceu assim que fez suas higiene matinal, e abriu logo um largo sorriso ao ver sua irmã e sua cunhada ali.
 
- Oi Alli, vim te passar os lucros dos últimos três meses da boate pra você. - Cumprimentou Alice.
 
- Oi maninha, e aí Triz. - Cumprimentou ela.
 
- Oi cunhadinha. - Respondeu Beatriz sorrindo.
 
- Vamos lá no escritório Lice. - Sugeriu indo até o escritório. Alice deixou Lindsay com Beatriz e foi atrás da irmã com uma pasta em mãos.
 
Allison foi até sua cadeira como de costume e sentou-se na mesma, Alice encostou a porta e sentou-se de frente para ela, colocando a pasta sobre a mesa que as separavam. Logo tirou alguns papéis de dentro e a entregou. Allison passou a olhar cada detalhe que havia escrito nas folhas, principalmente os números que era o que mais interessava. Alice ficou olhando em volta, em seguida viu o cubo mágico sobre a mesa e o pegando embaralhou ele todo.

- Tem que ter muita paciência pra conseguir resolver isso. - Comentou o colocando sobre a mesa novamente. Allison a olhou por cima dos papéis. - Não era pra embaralhar? Desculpa. Eu vou tentar resolver. - Acrescentou o pegando de volta.
 
- Não precisa Lice, depois eu arrumo. - Respondeu voltando a olhar as folhas.
 
- Graças a Deus, porque eu não ia conseguir mesmo. - Disse rindo o colocando sobre a mesa. Allison riu.
 
- Caramba, os números sobem ainda mais a cada mês. - Murmurou a olhando.
 
- Você é podre de rica mona. - Comentou num tom divertido. - Pode comprar quantos jatinhos quiser. Tirando que eu soube que faturou 150 mil dólares na última corrida né.
 
- Se eu fizer o que estou pensando então, vai render ainda mais lucros. - Disse pensativa. Então ela pegou o cubo mágico sobre a mesa e relaxou na cadeira cruzando uma das pernas, passando a resolvê-lo enquanto girava a cadeira de um lado para o outro. Alice olhava surpresa a rapidez com que ela movia as peças.
 
- No que está pensando? - Questionou curiosa.
 
- Sabe aquele salão vazio dos fundos que não redecoramos depois do incêndio?
 
- Sei.
 
- Quero transformá-lo em um casino. - Revelou a deixando boquiaberta. Então ela colocou o cubo resolvido sobre a mesa o que a deixou ainda mais surpresa com sua facilidade em resolver aquilo.
 
- Queria resolver a minha vida com a facilidade que resolveu esse cubo. - Disse fazendo Allison rir. - Agora sério, um casino?
 
- Sim, tudo legalmente claro, não quero me foder com isso. Trazer um pedaço de Las Vegas para Seattle na “Parallel Universe”.
 
- Sabe que terá que investir bem, não sabe?
 
- Sei, sei também que há anos grandes empresários frequentam a boate. Tenho certeza que vão amar o casino. Isso irá me render milhões. Independente do que eu vou gastar investindo, o lucro será o dobro ou muito mais.
 
- Essa é uma jogada muito inteligente. Mas teremos que reforçar toda a segurança, e nenhum dinheiro poderá ser deixado no cofre. Seria de um perigo extremo manter qualquer quantia lá dentro. - Aconselhou.
 
- É por isso que eu disse Las Vegas, todas as apostas serão feitas com fichas, qualquer quantia em dinheiro será movimentada através de contas bancárias. As fichas irão representar o dinheiro, o ganhador terá sua quantia em dinheiro no fim da noite transferida diretamente para a sua conta sem burocracia. Toda a quantia gasta, até mesmo dos perdedores, estará automaticamente na minha conta bancária. - Explicou.
 
- Meu Deus, se fizer sucesso como estamos esperando é muito dinheiro Alli, muito mesmo. Esses caras não fazem apostas pequenas, para eles quanto mais dinheiro melhor. Mesmo sabendo que podem perder. - Comentou a olhando.
 
- Eu já fiz o projeto no meu notebook, fiz a planta do casino. Quero por em prática o mais rápido possível. Vou cuidar disso pessoalmente, para ter a certeza de que tudo será feito de forma legal. Até porque eu não posso perder o meu patrimônio, eu ralei muito pra chegar onde estou e perder assim de bandeja.
 
Na sala Isadora conversava com Beatriz, ambas falavam sobre suas parceiras. Aproveitavam que as irmãs Collins estavam resolvendo assuntos da boate no escritório.
 
- Alice e Eu voltamos com tudo, eu já disse que ela é incrível? - Comentou Beatriz fazendo Isadora rir.
 
- Disse, muitas e muitas vezes. - Respondeu ela entre o riso.
 
- Finalmente estamos sabendo separar o profissional do pessoal. Não falamos de trabalho quando estamos juntas e tem dado muito certo. O estresse do trabalho estava acabando com a gente e com o nosso relacionamento.
 
- Estou feliz que estejam bem. - Disse a olhando. - Tenho sentido Allison um pouco distante desde que voltamos.
 
- Você precisa é parar de ser chata com ela. - Debateu. - Isa sabemos que você não está com ela pelo dinheiro ou todo patrimônio que essa poderosa tem. Mas precisa parar de questionar ou comentar com o que ela gasta ou deixa de gastar. O dinheiro é dela, e vemos o quanto já sofreu pra chegar onde tá. Ela saiu de casa cedo, sofria uma perseguição maldita do cara que ela achava que era pai dela e graças a Deus no fim das contas nem era. Ele a fez sofrer demais com as atitudes dele. Desde muito cedo Allison tornou-se independente, qualquer um vê que ela não gosta de ser controlada em nada que faz. Você a conheceu nos rachas, coisa que ela é apaixonada não tire isso dela. A conheceu assim, já rica e louca por adrenalina, e assim a aceitou. Sabia como seria conviver com ela. Aceitou ela como ela é, e agora está querendo mudá-la. Eu no lugar dela me sentiria incomodada com tudo isso. - Disparou a olhando. - Você não faz idéia de quanta grana rola naquela boate dela. Tirando o que ela lucra com as corridas, e imagina quanto custa cada carro que ela tem naquela garagem. Allison construiu seu próprio império, seu próprio luxo. Sem passar por cima de ninguém, sem pedir nada a ninguém. Saiu de casa com apenas a roupa do corpo, e olha onde ela está hoje. Conquistar tudo isso e não poder aproveitar? É foda. Qualquer um de nós se tivesse no lugar dela também iria querer aproveitar e esquecer os dias que passou na miséria, batalhando pra ser alguém na vida. - Cada palavra que Beatriz dizia entrava no ouvido de Isadora e lhe mostrava que ela estava certa, mostrava que tem realmente pegado muito no pé de Allison em questão a como aproveitar sua fortuna. Precisava mudar isso se não quisesse perdê-la. - E tem mais, agradeça todos os dias aos céus por ela ter te aceitado assim, por estar com você mesmo depois de tudo e ainda com uma filha de um cara, que teve quando a deixou no momento que ela mais precisava.
 
- Você sabe o porquê fui embora. - Defendeu-se. - E não precisa me lembrar disso, eu sei o que fiz e me arrependo de ter ido. Mas eu penso que se não tivesse ido não teria Lindsay, que tem sido nosso porto seguro, nosso bem mais precioso. E ao mesmo tempo eu penso que se tivesse ficado, teríamos uma Lindsay só nossa, sem terceiros. Acha que não agradeço por tudo isso? Acha que não fico pensando no quanto deve ser difícil para ela ver Stefan, Lindsay e Eu juntos? Eu a amo demais Bia, sempre amei, mesmo distante. Mesmo tendo tentado seguir minha vida e ter ido além do que devia. As vezes eu me sinto um fardo pra ela, sinto que seria melhor se não tivesse voltado. E a deixaria em paz, livre de mim. Livre disso tudo.
 
- Não pense assim! - Repreendeu Beatriz. - Acredite tendo em vista a Allison que conheço e ao que Alice já me disse sobre ela, se você realmente fosse um fardo ela já teria se livrado. Não tenho dúvidas de que ela ama vocês demais. Pegou um carinho, um  amor, um afeto, muito grande por Lindsay. E mesmo com Stefan no meio, para ela Lindsay sempre será de vocês duas. Admiro a maturidade que ela tem, a coragem e o respeito acima de tudo. Fico feliz que eles se dão bem. Caso contrário tudo isso seria um inferno.
 
- Allison tem sido muito mais do que eu acho que mereço. - Murmurou olhando para Lindsay no colo de Beatriz.
 
- Nos envolvemos com as irmãs mais fodas desse mundo. Elas são incríveis demais, só de pensar em perder Alice outra vez, meus olhos enchem de lágrimas. - Comentou aparando uma lágrima com um lenço.

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