The Housekeeper's Daughter

I'm not a monster

Lauren's Point of View.

O trajeto da enfermaria até o prédio onde o curso de arquitetura se localizava nunca pareceu tão longo. A todo instante me lembrava do quão próxima eu havia ficado do rosto de Camila há poucos segundos atrás e honestamente, eu não sei dizer o que poderia acontecer se ela não tivesse me afastado com suas pequenas mãos. Estávamos lado a lado caminhando, porém em um silêncio devastador de almas, quer dizer, pelo menos da minha alma.

Quando foi que deixei Camila Cabello adentrar o meu espaço particular e penetrar tão fundo na minha mente?

Quando foi que toda aquela raiva que eu sentia por ela se aproximar de Veronica se transformou em desejo em tê-la? E o pior é que este desejo não era somente sexual.

A pior parte de ter finalmente entendido que o que eu mais queria eram os lábios de Camila nos meus foi também entender que isso nunca aconteceria, pois ela me odiava. Com razão, eu sei, mas ainda assim era algo triste de se imaginar. Um desejo reprimido que nunca poderia ser satisfeito, que morte terrível.

Observei Camila de soslaio e não pude evitar de sorrir quando o sol refletiu naquela pele perfeitamente bronzeada, trazendo à tona a autenticidade cubana da pequena ao meu lado. O forte sol que fazia em Miami atingiu os olhos castanhos que agora se tornaram mel, não deixando de ser admiráveis, mesmo com o hematoma que se fazia presente em sua face. Camila fechou um pouco os olhos e eu percebi que a luminosidade a incomodava, então prontamente tirei o ray-ban aviador que enfeitava o meu rosto e coloquei sobre os olhos dela, encaixando com cuidado as hastes dos óculos em suas orelhas.

- Obrigada – respondeu um pouco confusa, talvez ela não soubesse que eu a observava e o meu ato de entregar-lhe os óculos me denunciaram indubitavelmente.

- Acho que você não deveria voltar para a aula – me olhou ainda mais confusa – Quer dizer, você deveria ir ao médico e cuidar do seu olho, afinal, amanhã temos um trabalho de campo para fazer e se você não estiver enxergando bem não adiantará de muita coisa. Eu sei que você vai dizer que não tem tempo e nem condições para ir num médico agora, mas eu ligo para a minha mãe e converso com ela. Hoje é seu aniversário, você nem deveria estar se preocupando com coisas assim, na verdade – conclui meu pequeno monólogo, preenchendo meus pulmões com oxigênio novamente.

- Lauren, agradeço a sua repentina preocupação com o meu bem-estar, mas não vou deixar sua mãe na mão só porque hoje é o meu aniversário – ela me olhou com seriedade e o seu tom me intimidou um pouco – O fato de hoje ser um dia especial para mim não significa que seja para outras pessoas.

- Para mim é! – falei sem pensar.

- O que?

- O que? – perguntei de volta fingindo não ter entendido sobre o que ela queria saber.

- O que para você é?

- Vamos voltar para a aula.

Dei dois passos para frente me iludindo de que Camila certamente concordaria em voltarmos para a aula, mas como eu mesma disse, eu apenas me iludi, porque ela logo segurou no meu braço e fez o meu corpo girar para o dela. Agradeci internamente por Camila estar usando óculos escuros, pois eu não sustentaria o olhar dela no momento.

- Você não pode agir feito uma idiota comigo desde que me conheceu, me tratar como se eu fosse o lixo da cozinha da sua casa, atrapalhar todos os meus planos com alguém que eu realmente gosto da companhia e aí depois de sei lá quanto tempo sem nem olhar para a minha cara, do nada, dizer que para você o meu aniversário é algo importante.

- Se entendeu porque fez questão de perguntar?

- Para saber que isso não é mais uma coisa da minha cabeça e que eu não estou ficando maluca, Lauren!