The Housekeeper's Daughter

Fire. Desire.

Camila's Point of View

As palavras de Lauren mexeram comigo. Não de um jeito ruim, muito pelo contrário, de um ótimo jeito. Por causa da briga que ela havia tido com seu irmão mais novo descobri que por trás daquela máscara de filha de papai metida se escondia uma mulher forte, cheia de princípios e com garra para lutar por aquilo que se acredita. Chris havia despejado diversas cantadas sobre mim e eu realmente não me importei em ouvi-las calada, mas quando o mesmo praticamente disse que não se importaria de me "comer" porque não era vegetariano, a minha repulsa foi instantânea. Senti raiva por ser tratada daquela maneira e principalmente me senti impotente por não poder fazer nada, afinal, ele era filho da minha patroa e eu morava em sua casa. Uma palavra e eu seria expulsa dali feito um cachorro.

Foi aí que eu descobri a verdadeira face de Lauren, foi exatamente nesse ponto que eu me permiti enxergar a pessoa maravilhosa que ela fazia questão de esconder dentro de si. Ela não era aquele monstro que se mostrava, não era alguém que passava por cima de todos para conseguir algo que ansiava. Não, ela não era assim de verdade, isso era apenas parte do seu personagem para ser aceita em uma sociedade que impõe que ela deva ser daquela maneira por pertencer a uma família com nome de peso.

Lauren Jauregui poderia ser tudo, menos um monstro. Ela só precisava saber disso.

Em passos lentos e calculados subi degrau por degrau daquela enorme escadaria que levava ao segundo andar da mansão. Poucas vezes eu havia ido ali e todas as vezes tinha sido para realizar alguma tarefa doméstica para a minha mãe, nenhuma para outra coisa. A não ser por aquele episódio onde eu estava bêbada e acabei dormindo aqui em cima, mas não quero nem me lembrar disso.

A ansiedade de não saber exatamente o que eu iria dizer para Lauren me corroía por dentro, fazendo parecer com que a escada era duas vezes maior do que realmente era, mas quando me dei por mim, eu já estava parada na frente do quarto da mais velha, batendo em sua porta. Não contabilizei quanto tempo Lauren demorou a me atender, mas não foram muitos segundos, provavelmente ela não estava ocupada. A menina abriu a porta e eu permaneci feito uma estátua a encarando, sem saber por onde começar.

- Oi?! – seu semblante era de dúvida. Certo que ela se perguntava internamente o motivo de eu estar perambulando pelo segundo andar da sua casa – Se veio me dar mais um pé na bunda, por favor, pendure-o aqui mesmo na porta junto com os outros – disse provavelmente se lembrando do nosso momento no estúdio que eu havia interrompido.

- Não – respondi rápido, de forma um pouco afobada – Eu vim te agradecer pelo o que disse ao seu irmão.

- Porque?

- Porque você me defendeu e eu achei isso muito gentil da sua parte, você não tinha obrigação nenhuma de fazê-lo, mas ainda assim o fez, então, muito obrigada por dizer tudo o que eu pensava, porém não podia dizer.

- Entra – disse abrindo mais espaço na sua porta. Eu deveria recusar, mas meus pés se moveram para dentro do seu quarto como se eu não mandasse mais neles.

- Eu não quero tomar o seu tempo, só agradecer porque foi realmente muito gentil da sua parte – sorri um pouco tímida, eu estava sem graça perante a figura à minha frente, principalmente porque tínhamos trocado alguns beijos ultimamente – Não acho que você deva se sentir mal com as ameaças que ele te faz também, muito menos abaixar a cabeça.

- Eu? Abaixar a cabeça? – ela gargalhou de maneira irônica – Nada que aquele moleque me diz me afeta Camila, ele é um babaca que esqueceu de evoluir junto com a espécie. Na verdade, eu até te peço desculpas pela forma como ele tratou, aquilo foi nojento e muito errado.

- Lauren, eu sou cubana e moro em Miami, o que eu mais estou acostumada é com o preconceito e com os homens me tratando como mais um objeto latino!

- Será que podemos mudar o assunto? Eu seriamente quero socar as bolas do Chris até ele ter uma boceta no meio das pernas.