"Me deixe te amar, com a intensidade que somente nós podemos fazer. Me deixe te amar, nos abraços calorosos que somente nós podemos nos dar. Nessa vida ordinária que nos reserva, me deixe te amar, até que esse mundo não exista mais e além dele, me d...
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A neve caia com graça sobre a cidade de Tóquio, enquanto a garota de pouco mais de 1,65 olhava pela janela a mesma neve cair, esperando o sol nascer e dar calor para aquela cidade, apesar das noites de Tóquio parecerem nunca dormir – não era algo que a surpreendia, levando em consideração onde seu melhor amigo morava.
Suspirou e assoprou o café na caneca, vestindo uma calça de moletom preta e um moletom que era maior que os seus, claramente não sendo originário de seu guarda-roupa, mas ela pouco se importava com aquele fato. Assoprou novamente a caneca, a fumaça saiu de seus lábios e a mesma sorriu olhando para o café na caneca, bebeu um gole generoso, sentindo a cafeína aquecer seu corpo e o líquido descer com gosto por sua garganta.
Após apreciar o café, a mesma direcionou o olhar para a porta do quarto, vendo um adolescente de pouco mais de 16 anos entrar no quarto, segurando sua própria caneca de café e sorriu ladino para a mesma, sentando ao lado da namorada na cama, que ficava abaixo da janela – numa tentativa de mudança de ares, que Kazutora tentará a seis dias atrás.
— Observando o quase amanhecer? — Questionou, vendo a mesma sorrir e acenar em confirmação. Os cabelos azuis estavam um pouco desbotados, ela ainda não havia retocado, apesar da tinta de cabelo já comprada e estando no banheiro da casa do garoto.
A mãe de Kazutora estava fora com o amante, o que não era novidade para nenhum dos adolescentes e sabiam que a mesma não retornaria para casa, provavelmente passando as noites com o homem, ignorando o fato de que ela possuía um filho e deixando apenas algum dinheiro para o mesmo comprar comida. E claramente, se não fosse o fato de Kazutora comer a maior parte das vezes na casa Hanagaki e conseguir dinheiro em alguns trabalhos temporários, talvez ele não tivesse sequer o que comer para o mês todo.
Kazutora observando quando Harune deixou a xícara sobre a bancada pequena da janela, observando o sol nascer em conjunto com a neve que ainda caia sobre Tóquio. Não pode evitar de lembrar-se do ocorrido em agosto, quando achou que fosse perder sua pessoa especial, mas ali estava ela, em sua cama, usando seu moletom e parecendo tentar contar os flocos de neve que passavam pela janela durante o amanhecer.
Ela parecia tão calma, mas Kazutora sabia que o acontecimento de três meses atrás ainda a assombrava, assim como o assombrava. Havia ido ao local em busca de Rune em conjunto com a Toman, apesar de não ser um membro realmente ativo, estava relativamente em bons termos atualmente e quando encontrou Zoe naquela fábrica e a mesma disse que a garota estava com Wakasa, fora da fábrica, seu coração deu batidas de alívio.
Mas não tinha como tirar de sua mente a cena de avistar Harune ao lado de Wakasa, enquanto o mesmo enfaixava o pulso dela, a marca de um soco visível no rosto da mesma – aquilo o enraiveceu de tal forma, que ele teve que se controlar para não voltar para a fábrica em chamas e destruir ainda mais o corpo do culpado. Havia um corte na perna, a roupa estava suja e ela parecia cansada, mas assim que a mesma o viu, Kazutora se lembra com clareza dela se afastar de Wakasa e correr em sua direção e quando finalmente o alcançou, ela não queria o soltar, apertando aquele abraço e ele também não queria a soltar e quando finalmente a tinha em seus braços, não fora capaz de descrever o alívio que era ter Harune novamente.
