Capítulo XVI

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Era inverno, o vento se alastrava pela cidade, deixando sua marca naquele mês fádico que era janeiro de 2007

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Era inverno, o vento se alastrava pela cidade, deixando sua marca naquele mês fádico que era janeiro de 2007. Era aniversário da mulher que se encontrava sentada em frente a lápide, mas ela não se moveria dali.

Os cabelos pretos curtos, os olhos azuis-escuros como a noite mais densa, lábios repuxados num sorriso triste e olhar vazio, sem real se importa quanto tempo estava sentada no chão frio. Afinal, era a nona vez que vinha ali naquela semana, sem contar as 14 vezes que apareceu na semana anterior.

Detestava janeiro por isso.

Seu aniversário não era grande coisa, pelo menos para si. Porém quando mais jovem, comemorava com ele e sorria. Porque eram amigos.

Irmãos.

Parceiros.

Melhores amigos pra vida toda.

Almas gêmeas.

Um novo suspiro cansado deixou seus lábios, estava ali mais uma vez para pedir desculpa, era o que fazia algumas vezes quando estava diante do túmulo dele. Havia quebrado uma velha promessa, para proteger e vingar sua irmã menor, havia cruzado a linha que ela e Shinichiro haviam estabelecido no passado.

"Não matar"

Não havia arrependimento do ato, não, Zoe não conseguia se sentir arrependida de ter matado Takami Hayato e muito menos sua consciência pesava, mas havia outro tipo de peso sobre aquele fato.

"Quando você mata alguém, uma linha é cruzada e não a volta sobre ela."

Zoe sabia disso, Rumiko sabia disso e agora aquela outra criança também sabia, Haitani Rindou. Ela sabia que Hikari estava o ajudando em relação àquele fato, porque matar alguém dá pesos diferentes. Alguns sentiam culpa, outros remorso, reconforto, alegria, tristeza e por fim, aquilo que Zoe sentia, pasmaceira*.

Suspirou novamente, erguendo o copo vazio de uísque, enquanto encarava os kanjis do nome do amigo, lembrando quando o conheceu, quando ainda era só uma criança de cinco anos, sem cuidado dos pais ou algum tipo de amor vindo deles, jogada à própria sorte, até fazer amizade com Shinichiro e a partir dele, conhecer Takeomi – seu grande amor.

— Esse era o uísque favorito dele. Zoe não olhou na direção da voz, pois muito bem a conhecia, não se surpreendendo quando o garoto sentou-se ao seu lado, focado nos mesmos kanjis que ela encarava. Mitchy disse que você estaria aqui de novo.

— O que quer, Manjiro?

— Mitchy queria comemorar seu aniversário.

— Eu não comemoro meu aniversário, ele sabe disso. Respondeu calma, havia uma monotonia constante em sua voz e uma verdade dura, honesta demais para sequer dar brecha para mentiras.

— Você poderia reconsiderar. O loiro pontuou, apesar de saber que aquela seria uma luta perdida. Conhecia Zoe desde que era criança, mas demorou anos para saber que ela era irmã de Takemichi, assim como demorou para saber que Rune também era irmã de Takemichi.

My Ordinary Life | Haitani RindouOnde histórias criam vida. Descubra agora