Onze

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POV LAUREN

 Último dia de carnaval, a Veronica praticamente sumiu desde a festa para qual ela nos convidou, eu não a vi mais. Naquele dia, Vero decidiu de uma hora que tocaria na festa e assim foi a noite toda, até a hora que fui procurá-la e não achei mais. Todos os dias de carnaval, eu e Mani passamos pelos blocos por aí junto com Dinah e Camila. Santa Tereza, Laranjeiras, Glória, Aterro... Até pra Barra da Tijuca conseguiram me arrastar. Certamente aproveitei esse carnaval mais do que todos os outros anos juntos, talvez porque antes eu nunca tivesse ligado muito pra isso, ou, nunca tive as pessoas certas para curtir.

    As meninas estavam acostumadas com esse ritmo frenético de festa todo dia e sabiam bem aonde ir. Normani e eu estávamos bem atrás nesse quesito, porém as outras duas souberam lidar perfeitamente com a nossa lerdeza. Dinah e Normani estavam grudadas como se tivessem se conhecido há anos, uma empolgava a outra o tempo todo, com qualquer coisa. Pensei que sentiria uma pontinha de ciúmes dessa amizade mas foi estranhamente gratificante ver as duas se dando tão bem. Camila parecia se sentir igualmente tranquila diante da situação de dividir a melhor amiga, e consequentemente esse fato aproximou nós duas. Diria até que aproximou de uma forma diferente do que já era a nossa prévia "amizade". Nos divertimos despreocupadamente todos os dias, não existia aquela tensão estranha quando estávamos perto demais, não tinha hesitação quando eu pegava em sua mão ou quando ela abraçava a minha cintura. Estava gostando tanto da proximidade que poderia me acostumar aos beijinhos inocentes no rosto e toda aquela coisa de dançar juntinho, quase colado. Estranhamente eu recusei todas investidas que pessoas alheias tentaram comigo. Me sentia bastante confortável com Camila e exageradamente desconfortável com a possibilidade de ficar com alguém na frente dela. Estávamos tão bem agora que eu não poderia arriscar estragar tudo com uma ficada de carnaval irrelevante. Além disso tudo, muitos dos que tentaram algo chegaram a pensar que éramos um casal. Camila se aproveitou da brecha para que ninguém a incomodasse e eu não me importei, ali naquela hora não havia problema nenhum que pudesse passar pela minha cabeça. Ontem mesmo passou por nós um daqueles caras chatos, teimosos, sabe? Ele não desistia por nada, mesmo depois de termos insistido que estávamos juntas, de mãos dadas e tudo. Acabou que perdi minha paciência com o imbecil e puxei Camz pra um selinho rápido e só assim o abusado foi embora. Ela não entendeu minha ideia de cara e ficou assustada a princípio, mas depois acabamos rindo juntas de toda a cena. Como eu disse, não havia com o que se preocupar, afinal, é carnaval, né?

    Por volta das nove da manhã saí com Mani a caminho da casa de Camila. Havíamos combinado de nos encontrar todas lá para partirmos juntas ao último bloco em Ipanema, que era bem pertinho ali de onde ela morava, ou seja, mais fácil. Fomos de metrô, até porque da última vez que ousei andar aquela distância toda, eu arrebentei meu chinelo e me fodi. Passei o bloco todinho descalça com a Camila bêbada insistindo em me emprestar o tênis dela que obviamente não me servia. Ela parecia preocupada demais com os meus pés, meu Deus, até ofereceu sacola plástica pra eu calçar como se eu fosse morrer por estar com os pés no chão. Bêbado é foda. Pelo menos nos rendeu boas risadas no dia seguinte.

    Fomos conversando bobagens o resto do caminho que precisávamos andar depois do metrô, até que minha amiga me chamou a atenção para um homem muito bonito encostado no balcão de uma lanchonete, de costas para nós. Um outro rapaz repousava o braço em volta de sua cintura, relaxado, vez ou outra sussurravam um no ouvido do outro entre risadas. Poderia estar enganada, mas tenho quase certeza que conheço aquele corpo. Mesmo de costas, sem camisa, eu saberia quem é. Não deu outra, assim que o homem virou-se de perfil, reconheci Rodrigo. Ele estava com a barba feita, aparentando uns dez anos mais novo, quase se igualando a aparência do jovem rapaz ao seu lado. Imediatamente Normani me encarou de olhos arregalados, provavelmente pensando o mesmo que eu, comprovando minhas dúvidas sobre o estranho comportamento de Rodrigo durante o final do nosso relacionamento.

South Coast [Camren]Onde histórias criam vida. Descubra agora