Propósito

Epílogo

- Está pronta? - o Pedro diz me abraçando por trás, e pousando a mão na minha barriga, que já estava quase aparecendo. 
Respiro fundo, e aceno com a cabeça. 
- Bom dia - digo entrando no pequeno pátio.
- TIA LINA
Sinto as lágrimas inundaram meus olhos, quando eu olho para cada um daqueles rostinhos  me encarando com amor. 
Nosso pequeno centro comunitário recebe por dia cerca de 150 crianças. 
Crianças que não têm onde ficar, então elas moram aqui.
Crianças que os pais não têm onde deixar, para ir trabalhar, então elas passam o dia aqui. 
Crianças que não têm alimento em casa, então elas chegam de manhã e vão embora somente depois do jantar. 
- Como vocês estão? - digo me sentando na roda em que eles estavam.
- Bem.
Olho para o meu marido, que está escorado em uma das pilastra com um sorriso no rosto.
- Tio Pedrinho - o pequeno Dudu corre até ele.
Dudu tem uma deficiência congênita que afetou as suas pernas, conseguimos uma cirurgia para ele, e agora ele usa próteses do homem de ferro. 
- Eai campeão - o Pedro diz o pegando no colo. 
- Como tá o bebê da tia Lily?
- Está bem.
Volto a minha atenção para os pequenos. 
Hoje completa três anos que abrimos o Centro Comunitário Little Angel - o nome em homenagem a Sosso e a pequena Julie, nossos anjinhos.
Faz cinco anos que eu sou casada com o melhor homem da face da Terra. Faz quatro meses que estou grávida do nosso primeiro filho - que ainda não sabemos o sexo.
E faz cinco anos e seis meses que a Sosso se foi, hoje minha pequena estaria com 15 anos, loucura né?
- Você está feliz? - ele pergunta depois de eu deixar as crianças e caminhar até ele, que logo me acolhe em seus braços. Olho para a Joy, que é uma das crianças que moram no abrigo.
Durante nossos cinco anos de casados, essa pergunta está em nossas manhãs, assim que acordamos, e nas nossas noites, quando estamos prontos para dormir.
- Mais do que posso expressar. 
- Eu amo você raio de sol.
- Eu também te amo meu amor.

"Pai? Só uma palavra. Obrigada. Obrigada por tudo."