Capítulo 20

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- Ela precisa voltar amanhã de manhã - o doutor Arthur diz após liberar a Sosso para a festa a Gio. 
- Tudo bem - falamos sorrindo.
- Não é para tirar o acesso - ele diz frenético - nem sei porque eu deixei vocês duas me convencerem a fazer isso.
- Porque o senhor é um médico muito legal - a Sosso diz sorrindo.
- Certo - ele diz sorrindo - preciso repetir as instruções? 
- Máscara sempre, trocar ela depois de duas horas, nada de tirar o acesso ou o oxigênio, só um pedacinho de bolo, mas nada de refrigerante - repito as informações que ele já tinha me falado mais de vinte vezes, ele tinha se tornado um amigo, após três semanas aqui.
- Certo vejo que entendeu - ele diz suspirando pesadamente - até amanhã mocinha - ele diz afagando os cabelos da Sosso.
- Até amanhã - ela diz com um sorriso.

Logo ele sai da sala, o Pedro entra e me ajuda a arrumar as coisas, e a arrumar a Sosso, colocamos a máscara nela, não porque o que ela tinha era contagioso, mas a imunidade dela praticamente não existia mais. Ajudamos ela a colocar o oxigênio, e a sentar ela na cadeira de rodas. 

- Tá pronta princesinha? - o Pedro diz agachado em sua frente.
- Sim - ela diz sorrindo por de trás da máscara. 
- Então vamos.


****

- Você veio - a Gio corre até a Sosso, ela sabia que não poderia abraçar ela.
- Sim.
- Eu só vou trocar ela e já encontro vocês lá fora. 

A guio até o quarto das duas, pego um vestido para ela, ajudo ela a se trocar, já troco a máscara dela, e faço uma trança em seu cabelo. 

- Pronto? - falo assim que termino de arrumar ela. 
- Sim.

Saímos do quarto, e fomos até a área externa. Logo as crianças se junta em torno dela, e a levam para uma mesa onde elas estavam. 

- Oi - o Pedro diz me abraçando por trás.
- Oi - digo sorrindo. 
- Fico imaginando se a Julie estivesse aqui - ele diz, e vejo o quão natural soa o nome dela em seus lábios, e fico feliz por isso. Ver como ele parou de se culpar pelo acidente.
- Ela com certeza é a menina mais sortuda desse mundo por te ter como pai - falo pousando as mãos sobre a dele. 

Ele dá um beijo em meu pescoço, e ficamos observando o movimento da festa. Minha mãe resolveu fazer algo bem pequeno, por conta da Sosso, mas mesmo com a simplicidade, tudo estava lindo.

- Oi filha. Pedro.- minha mãe diz me entregando uma coxinha e um copo de refrigerante. 
- Oi mãe - pego o que ela estava me oferecendo - não tinha visto a senhora ainda.
- Tava conversando com seus tios - ela responde apontando para uma mesa mais distante.
- Ah sim - logo o Pedro se solta de mim, quando meu pai o chama.
- Já volto raio de sol, dona Sônia - ele diz dando um beijo em minha bochecha. 

Fico ali conversando com a minha mãe, mas com o olho na Sosso, vendo se tinha algo errado, e ela parecia mais bem que nunca. 

****

- Parabéns para você, nessa data querida, muitas felicidades,  muitos anos de vida.

Assim que o bolo é distribuído, tiro a Sosso do meio do pessoal, e levo ela para um canto mais reservado do quintal, para ela poder tirar a máscara e comer o bolo. 

- Obrigada.
- Que isso anjinho.
Me sento ali do seu lado e a observo.
- Você sabe que eu te amo né Lina?
- Sei sim.
- Mas eu amo ainda mais o Papai do céu. A gente tem conversado bastante - ela diz comendo o bolo.
- Ah é? Sobre o que?
- É segredo - ela diz sorrindo.
- Vai me deixar curiosa?
- Sim  - ela diz balançando a cabeça freneticamente. 
- E você acha isso justo? - digo dramaticamente.
- Ainda não é a hora - ela diz e imediatamente eu me lembro do sonho que eu tive.

Logo que ela termina de comer, coloco novamente a sua máscara.

- Você quer entrar?
- Posso ficar mais um pouco? - ela diz olhando as estrelas.
- Claro. 
Logo o Pedro se junta a nós, e pega na minha mão. 
- Ela parece bem - ele diz sussurrando em meu ouvido.
- Parece mesmo.
Depois de um tempo, a Sosso pede para ir deitar, pois estava cansada. 
- Eu te ajudo - meu pai diz aparecendo, e o Pedro vai ajudar minha mãe com as crianças.

Logo nós entramos com a Sosso, e seguimos para o meu quarto, pois ela dormiria comigo. 

- Vai lá fora curtir mais um pouco filha. Eu fico aqui com ela. 
Ele diz assim que ela dorme. 
- Qualquer coisa você me chama? 
- Claro.

****

 Shopie Levy - narrando. 

- Você está com medo? - a voz me pergunta.
Apenas balanço a cabeça dizendo que não. 
- Não quero deixar a Lina. Ela vai sofrer bastante.
- Eu tenho pessoas lá que vão cuidar dela. 
- Eu sei - digo sorrindo. 

Assim que abro meus olhos, vejo a mulher que tem sido minha mãe nos últimos meses.

- Eu amo você demais - digo bem baixinho para não acordar ela - até o universo, ida e volta.

Fico um tempo acordada, mas logo volto a dormir, sei que o Papai do céu vai cuidar dela. 

***

- Tchau Sosso.
- Tchau Gigi - digo querendo abraçar ela, mas não posso. 
- Tchau bonequinha, amanhã eu e o tio Ricardo vamos lá te ver.
- Tchau tia Sônia, tchau tio Ricardo. 
- Tchau abelhinha - ele diz sorrindo.
- Tchau gente, eu ligo para vocês - a Lina diz.
- Tá bom filha. 

Logo o tio Pedro me coloca dentro do carro, não foi muito fácil, mas ele é um super herói, e conseguiu. Ele nunca me falou muito da vida dele, ele acha que por eu ser criança, eu não entenderia, mas por muitas vezes, já senti a dor que ele carregava, mas Papai do céu é muito bom, e tá curando Ele. 

Seguimos novamente para o hospital, sinto o vento bater no meu rosto enquanto o tio Pedro dirige. E logo chegamos no hospital. 

- Qualquer coisa me liga tá? - O tio Pedro diz dando um beijo na testa da Lina.
- Tá bom amor. 
- Fica bem princesinha - ele diz vindo em minha direção e dando um daqueles beijos barulhentos na minha bochecha. 
- Tá bom.

E então ele vai embora, logo o doutor Arthur chega.

- Vejo que você é uma mocinha obediente - ele diz sorrindo - vamos fazer uns exames para ver se está tudo bem, mas aparentemente está tudo em ordem, vou pedir para as enfermeiras substituírem o oxigênio e trocar o soro. 
- Tudo bem - a Lina diz sorrindo, mas vejo que ela está preocupada. 

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