cinquenta e oito

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capítulo não revisado 

A brisa gélida fazia meu corpo despertar de pensamentos incapazes de se tornarem reais. A realidade atual me deixa cansada das consequências de minhas atitudes, quantos inimigos consegui por tomar decisões precipitadas,me culpando por ser jovem inexperiente e não aceitar que estou errada.  

 Desde jovem,me perguntei por qual motivo eu estou aqui. Abri meus olhos sem saber quem eu sou e onde estou, era tudo frio e escuro. As únicas pessoas que estavam ao meu lado eram minhas irmãs, que nem mesmo sabiam sobre a realidade que estávamos. Segundo aquele homem, eramos um experimento que deu certo, nascemos para proteger e ser leal a um ser maior. Diziam que um ser injustiçado foi preso em uma dimensão vazia. 

 Tomei conta de que estava em uma realidade que nasci sem os desejos carnais humanos quando tinha apenas dez anos, era um treino horrível e doloroso,ver minhas irmãs sobreviverem sem se preocupar em questionar era meio estranho. Apesar de ser a mais fracas de nós, elas sempre me apoiaram e estiveram ao meu lado. Me perguntava sobre o quão útil eu sou para os outros e não saber da minha utilidade para minha própria existência. 

 Com isso, aos poucos comecei a me desleixar com a minha realidade. Não tinha medo dos riscos de minhas atitudes, se poderia morrer por conta de um deslize. A chama de amor e paz que eu via nos demais, nunca existiu em mim. Era como se eu fosse uma boneca sem vida, andava no escuro sendo somente guiada por Ele e sem me preocupar se vou ser descartada. Aceitar isso foi uma das primeiras coisas que nos ensinaram,ser um ser sem independência... 

 Ali diante de meus olhos, olhava através do vidro da janela,estava a garota que fazia meu coração bater loucamente como se não tivesse amanhã. Observava seus gestos delicados, seus olhos azuis se encontraram com  os meus, isso me fez estremecer e levar um pequeno susto. Ela caminhou até a janela e mostrou um pequeno sorriso abrindo passagem para eu entrar. 

— não esperava que você fosse conversar comigo depois de ter te abandonado aquele dia...

— não tem motivo de ficar com raiva de você sendo que isso já passou Brat.  

— como sempre, sendo gentil!  *risada*

— mas enfim, o que veio fazer aqui? Além de ficar me encarando da janela.

— *sem graça* eu queria ter ver e... dizer umas coisas...

— eu poderia ter a grande honra de saber quais são essas palavras que te fazem ficar sem jeito?  

 Ela se sentou na cama enquanto me observava sentada na janela, comia alguns salgados com tranquilidade. Meu olhar pairava sobre seus gestos esquecendo tudo que acontecia a minha volta. 

— eu não sei como dizer esses tipos de coisa, não é como se eu tivesse experiencia também...por isso não sei como explicar o que eu quero.  

— pode dizer com calma, eu tenho tempo o suficiente pra esperar você se acertar e ouvir o que tem a dizer. 

 — bem...*suspiro* eu nunca tive a oportunidade de desfrutar sentimentos que qualquer outro adolescente teria. Sentia como se tudo que eu via,era somente preto e branco. A escuridão era a única coisa que me acolhia e sendo meu porto seguro, única coisa que eu recorria quando precisava de ajuda. Minha vida não tinha tanto sentido, queria que a morte me abraçasse pra sempre e sentir a paz que todos contam quando estão perto daqueles que amam. Nunca entendi o sentido dessas meras palavras, "amor"...sempre senti que fosse uma fraqueza, um sentimento alheio sem utilidade. 

 Ela ouvia atentamente cada palavra que eu soltava, fica ansiosa pra saber como ela iria reagir, se acharia tudo uma completa tolice e ridículo.

— No dia que me pediram pra vir aqui te ver, eu fiquei cansada e achei que você fosse uma completa inútil. Na hora que eu te olhei pela primeira vez, era como se meu mundo tivesse criado cores, não era mais o escuro e vazio preto e branco. Sua energia era radiante, eu sentia o vermelho acender a chama do meu coração, minha vida tomando um rumo que eu mesma quisesse seguir, alguém que eu quisesse proteger...não por obrigação e dever ...e sim por eu amar. Esse sentimento me faz querer te ver toda vez que estou longe, parece que os minutos que passo distante são as estações demorando para passar. Eu te amo bubbles e-e eu não sei o que fazer, sinto que largaria tudo pra te ver feliz...mesmo que não seja ao meu lado! 

 Ela soltou o pacote e ficou de pé dando meros passos, logo ficando de frente pra mim. Estávamos tão perto que compartilhávamos o mesmo ar, eu não sentia mais uma angustia e ansiedade e sim, uma paz e calma depois te ter dito tudo isso. Saber esse sentimento que ouvia na escuridão dos becos, é uma sensação de prazer, ter alguém que eu ame me faz querer ser mais forte para protege-la de tudo...até mesmo de mim! 

— eu não sei se estou preparada para retribuir esses lindos sentimentos da mesma forma,mas eu sinto uma felicidade quando estou junto de você. Você sempre esteve ao meu lado nos piores momentos, me fazendo rir quando estou em lágrimas, querendo me ver bem. Eu aprecio até mesmo os mínimos detalhes que você faz, me sinto horrível por saber de tudo isso e mesmo assim não poder retribui-los... 

 Toquei em suas pequenas mãos a deixando confusa, não quero que ela se culpe por não conseguir sentir o mesmo que eu. 

— Eu sempre tentei me separar de você e esquecer tudo o que eu sinto, mas de alguma forma não dá certo porque...tudo o que eu sinto é tão real que acabo não conseguindo controla-los e eles estão transbordando. Não quero que se culpe por conta de meus sentimentos, sei que nem sempre as coisas vão sair como planejamos. *risos* eu já pensei na gente juntas com um filho que seria um gatinho branco *risos* mas sei que continuar aqui, vai valer a pena...por isso não quero ir embora após ser rejeitada! Eu te amo tanto que....morreria por você! Tudo bem você não me amar mas por favor...me deixe continuar ao seu lado...

 Soltando minhas mãos, ela direcionou até meu rosto me puxando para baixo. Um leve selar que parece que durou uma eternidade, ainda estava processando o que estava acontecendo. Apertei sua cintura a puxando para mais perto, de um selar passou para um beijo caloroso e calmo. Passei minhas mãos pelas suas coxas e a levantei para ficar em meu colo, apertou suas pernas. Caminhei lentamente para a cama me sentando, a energia era quente mas com uma paz me fazendo que esse momento não terminasse. Seus lábios eram doces, nada me deixava mais feliz do que seus toques. Era como se o mar que vive dentro da minha mente, sempre em tempestades estivesse se acalmado. 

 Quando nos separamos por uma pequena falta de ar, ela acarinhava meu rosto e eu coloquei uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha. Eu não sabia o que fazer agora, nunca passei dessa fase. Ela levantou calmamente e eu a observei me questionando o que fiz de errado. 

— eu vou ir jantar e não vou demorar muito,você pode dormir aqui hoje se quiser....não será um problema pra mim! 

— *sorri* obrigada! talvez eu fique...

 Ela sorriu de uma forma meiga e saiu fechando a porta. Eu encostei minhas costas na madeira e deslizei cabisbaixa. Lágrimas silenciosas deslizavam pelo meu rosto sem controle algum, nunca ter se apaixonada é como seu eu tivesse passado minha vida inteira adormecida e não saber como a vida é brilhante e alegre. É verdade que o amor me faz sentir mais fraca, mas...meu coração não está mais sozinho agora? Lembrar de nossos dedos entrelaçados aquele dia me faz sentir fogos de artifício em meu coração. Eu serei a única que sonha em ficar junta de você até nosso último suspiro? 

 Essa paixão me despedaça em várias partes e eu não me importaria de você brincar de quebra-cabeça com meu coração, sentir você tocá-lo me faz feliz. Queria que fosse a única que recebesse seu precioso amor, então, te faria a pessoa mais feliz e amada no mundo. Roubaria as estrelas somente para você ver e apreciar, era pedir muito que você me amasse da mesma forma que eu te amo... . . .

continua...

Entre mistérios e segredos - PPGZ/RRBZ (revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora