Capítulo 22 - Anxiety

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- Valerie! - Gritou Peter me arrancando dos meus pensamentos. Olhei pra ele rapidamente, ao fundo eu ainda podia ouvir os insultos. Peter olhou com raiva para os velhos. - Deixem ela em paz.

- Vai ser sempre assim, Peter. Tá tudo bem, eu já me acostumei com isso.- Chamei sua atenção para mim. Peter me olhou negando com um aceno.

- Você não deveria... - Suas sobrancelhas se juntaram.

- Peter, eu apenas estou lidando com as consequências. - Sorri fraco.

- Mas sempre existem dois lados da história. - Sua voz soou carregada de confiança. Estremeci engolindo em seco.

- Não importa mais, Peter. - Afirmei dando as costas a ele.

Peter ficou em silêncio. Os olhares raivosos ainda estavam em mim, tentei não ligar, mas minha cabeça estava a mil. Não sei exatamente em que momento entramos no bar, mas quando percebi, estava sentada em uma mesa, apesar da mente distante, notei Tony e Lexa se aproximarem.

- Tá tudo bem? - Perguntou Lexa baixinho. Seus olhos verdes brilhavam com preocupação

- Sim. - Sorri fraco desviando o meu olhar do dela. Encarei Tony que tinha um olhar compreensivo, quase que de pena.

Lexa, Tony e Peter pareciam estar em uma conversa acalorada, mas em nenhum momento senti vontade de participar, os três estavam tentando ao máximo não entrar no assunto da reunião, mas eu percebia o olhar curioso de Peter e Tony.

- Preciso tomar um ar. - Me levantei rapidamente não dando tempo para ninguém falar algo.

Sai do bar e fui para uma parte mais escura atrás do local, precisava ficar sozinha.

Depois de tempos, senti a culpa me consumir. Não que ela nunca estivesse presente em meus dias, mas eu tentava ao máximo não a deixar entrar desse jeito, mas dessa vez pareceu que minhas muralhas não foram mais eficazes. A culpa só alimentava cada vez mais as possíveis cenas que minha própria mente criava. Eram cenas de como tudo poderia acabar mal. Eu não culpo as pessoas que estão desconfiadas de mim e que me odeiam.

Eu era a melhor caçadora da minha geração e isso fez com que eu fosse cada vez mais requisitada pelos clientes para diversos trabalhos que iam a matar estupradores e assassinos até acabar com a vida de alguém por inveja. Após um tempo, eu nem ligava mais para os motivos, o que importava era o prestígio e o dinheiro vindo. Passei a gostar de ver o medo no olhar das minhas vítimas, era algo satisfatório em alguns momentos, mas em outros, eu nem conseguia dormir porque o olhar deles ficava sendo reproduzidos na minha cabeça. Eu sabia que era errado, óbvio que eu tinha consciência disso, mas fugir daquela vida estava fora de cogitação para mim até um momento. Até eu conhecer Augusta e ela me mostrar a verdade por trás das merdas que os caçadores me contaram desde que eu era criança.

Eu não posso voltar para aquela vida, mas também não posso simplesmente fugir e sumir do mapa novamente, tenho certeza de que eventualmente eles me encontrariam ou até mesmo usariam alguém importante para mim como forma de me ameaçar.

Fechei meu olhar com força, parecia que meu peito iria explodir, era uma dor insuportável que impedia o oxigênio de entrar normalmente pelos meus pulmões. Era uma sensação de morte. Meu peito descia e subia desesperadamente tentando normalizar minha respiração. Engoli em seco sentindo minha garganta se fechar.

- Merda, merda, merda... - Sussurrei batendo em meu peito como se isso fosse me ajudar em algo.

Uma mão segurou a minha que estava batendo contra o meu peito, abri um pouco os meus olhos assustada, mas fraca demais para me afastar de quem quer que fosse. Os olhos esverdeados me olhavam com cuidado, como se estivesse andando em um campo minado.

- Respira, Valerie. - Sussurrou Lexa. - Junto comigo.

Sua mão arrastou a minha até o seu peito, senti seu coração bater forte, mas ritmado. Seu peito subia e descia calmamente e eu tentei ao máximo fazer com que o meu fizesse os mesmos movimentos. Lexa se aproximou mais ainda, quase me abraçando, por mais que ela segurasse minhas mãos, eu sentia que elas estavam tremendo e não havia nada que eu conseguisse fazer para parar.

- Valerie, está tudo bem. - Lexa diz calmamente. - Você está segura aqui.

Lexa fazia movimentos suaves e circulares com o polegar sobre a minha mão em seu peito enquanto falava.

- Concentre-se em sua respiração. - Lexa diz. - Inspire profundamente e solte devagar. Faça isso comigo.

Eu juro que estava tentando acompanhar sua respiração, mas eu realmente não sabia o que estava acontecendo com o meu controle, minhas mãos ainda tremiam e eu ainda respirava pesadamente.

- Eu sei que é difícil, mas tente se concentrar na sua respiração e em mim. Estou aqui com você e não vou a lugar algum. - Diz Lexa, mantendo sua voz suave e calma. Gradualmente minha respiração começou a voltar ao normal e minhas mãos pararam de tremer. - Você está fazendo muito bem, continue respirando assim. Eu estou aqui com você.

Fechei meus olhos com força e me concentrei mais ainda na minha respiração deixando que Lexa me guiasse. Depois de alguns minutos, eu já me sentia melhor e mais calma, mas não fiz nenhum movimento para me afastar de Lexa e ela também não fez.

- Obrigada. - Agradeci olhando em seus olhos, sua pupila está dilatada enquanto me olhava de volta com intensidade, era quase que intimidador.

- Sempre que precisar. - Lexa responde com um pequeno sorriso terno. - Quer conversar sobre?

- Não agora. - Sussurrei.

Lexa fez um aceno em confirmação, mas esse foi o único movimento que ela fez, assim permanecendo perigosamente perto de mim. Talvez fosse melhor eu ocupar minha mente com algo.

Fechei a lacuna entre nós esmagando meus lábios nos dela, Lexa não pareceu surpresa e correspondeu no mesmo instante, suas mãos foram uma para cada lado do meu rosto enquanto as minhas foram para a sua cintura agarrando-a firme puxando cada vez mais para mim.

Nossa respiração ficou curta e tivemos que nos separarmos. Lexa depositou um pequeno beijo em meus lábios antes de se afastar um pouco para me encarar.

- Não quero que isso pareça que eu estou me aproveitando da sua fragilidade. - Disse enquanto fazia um carinho em minha bochecha esquerda.

- Mas fui eu quem iniciou o beijo. - Sussurrei.

- E sou eu que quero continuar com ele até pararmos em minha cama. - Sussurrou de volta. Senti minha temperatura corporal aumentar novamente.

- Mostre o caminho então. - Falei baixinho. Os olhos de Lexa se iluminaram em um tom mais escuro e um pequeno sorriso malicioso apareceu em seus lábios.

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⏰ Última atualização: Jun 16, 2023 ⏰

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