Capítulo 1 - Lady Of The Night

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Dia 16 de março de 2041. 6h e 34min AM. Próximo a cidade de Glen Allen, Virgínia.

Valerie P.O.V.

- Ele é apenas uma criança. – Falei enquanto observava ele de longe ao lado do meu cliente e de Dave.

- Ele é um ladrãozinho de merda! – Falou o cliente enraivecido.

Puxei Dave para conversar em um canto mais afastado. Respirei  fundo olhando para todos os lados enxergando apenas as várias árvores.

- Não posso fazer isso, ele é uma criança! – Sussurrei para Dave com indignação com esse trabalho.

- Assim como você. Trabalho é trabalho. Nem sempre podemos  escolher, o que importa é o dinheiro caindo na conta. – Disse simples  cruzando os braços. – O comandante mandou você fazer isso, se o resto do  pessoal ficar sabendo que você não o fez, irão te mandar de volta para  os saqueadores. Você quer isso?

- Não, senhor. – Engoli em seco.

- Então vai. – Disse aproximando o seu rosto do meu.

Segurei o cabo da minha faca com mais força e andei em direção a  barraca onde o garoto estava. Era madrugada, todos nesse pequeno  acampamento estavam dormindo, exceto os poucos guardas que estava de  vigia, mas seria fácil passar por eles sem ser percebida. Me aproximei  da barraca ficando em cima do garoto, ele deveria ter uns 10 anos, não  muito diferente de mim com 12 anos. Puxei minha faca colocando no  pescoço dele e minha mão esquerda na sua boca. Com esse movimento ele  acordou assustado.

- Eu sinto muito. – Sussurrei olhando em seus olhos assustados  enquanto lágrimas escorriam do meu rosto. Afundei a faca no seu pescoço  encharcando minha mão com o seu sangue.

Meu primeiro sangue era de uma criança. Olhei estática para as minhas mãos manchadas com o líquido vermelho.

Acordei assustada olhando para as minhas mãos. Engoli em seco logo  percebendo que estava deitada em uma cama da casa abandonada onde eu  estava passando a noite. Caminhei até a fresta da janela vendo o sol já  nascendo no horizonte. Peguei minha mochila que estava encostada na cama  e a pistola que estava em cima da cômoda ao meu lado. Desci as escadas  com cuidado, mesmo sabendo que nenhum infectado havia entrado, se o  tivessem, eu já teria sido morta. Fui até a garagem bagunçada tirando um  lençol que eu havia colocado em cima da minha moto. Abri a porta da  garagem e sai de lá cantando pneu.

Fazer parte do grupo de rastreadores ultimamente não está sendo fácil, ainda mais se eu sou uma ex-caçadora. Já fiz muita coisa que agora eu julgo ser erradas, já carrego meus demônios a muito tempo. Minha cabeça é a própria sentença do inferno, tenho consciência do quanto de sangue eu tenho nas mãos, mas estou tentando me redimir de tudo, fazer o que é certo agora. Faz dois anos que saí do ramo de caçadora, mas a fama ainda me persegue, porém apenas quando as pessoas me reconhecem.

Caçadores são assassinos de aluguel, também são chamados de carniceiros ou carniceiros da noite. Preferem agir na surdina durante a noite ou na madrugada, sem deixar rastros de quem foi que atacou. Poucos sabem quem eu sou, eles sabiam que havia uma mulher entre os caçadores, o que era raro, em sua grande maioria são homens. Não conhecem meu rosto, mas me chamam de Dama da noite. Uma vez ou outra aparece alguém que me reconhece e me culpa pelas mortes, mas eu não tiro completamente a razão deles. Entretanto, essa fase da minha vida já passou e agora eu faço parte de  outra profissão.

Rastreadores são os que dão uma de detetives para encontrar pessoas ou objetos, colhemos plantas e outros ingredientes, na maioria medicinais para os curandeiros ou médicos das comunidades. Diferente dos caçadores, matamos apenas por sobrevivência, como infectados, animais ou até mesmo um saqueador que tenta te matar.

Far From AliveOnde histórias criam vida. Descubra agora