Capítulo 3- Desabafo inesperado

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Acordei e sem estar espantado, o meu pai já estava beber. Eu fiquei tão furioso que fui rapidamente tirar-lhe o copo de licor da mão, atirando-o para um canto qualquer. O meu pai ficou muito furioso.
- Por que raios fizeste isso, seu filho da puta? - perguntava enquanto se aproximava para me bater.
- O que raios pensas que me vais fazer? Bater-me? Mal consegues ficar de pé.. - dizia rancoroso, prestando atenção ao pai.
- Porque tu não me deixas beber? - perguntava ele enquanto perdia as forças.
- Se eu te quisesse morto, eu próprio trataria disso. - disse, atirando uma faca perto da perna - Vês? Pontaria não me falta. Acerto onde quiser. Portanto controla-te, modera nos insultos e vai dormir. Parece que não podes ver ninguém feliz, que vais logo fazer merda. - disse enquanto saia.
- Dante.. Ele está certo mas.. Não consigo me controlar.. Estou dependente desta vida medíocre.. As vezes tenho vontade de me jogar de uma ponte.. Parece que não faço falta a ninguém. Meus irmãos só me dão problemas.. Mas mesmo Dante ser uma pessoa fria e eu não conseguir lidar com ele nem ele comigo, ele me acha importante, ou precisa de mim.. Senão já estaria morto. Ele teve muitas hipóteses para me matar, mas nunca me matou. Pensando no que ele fez com o Tony.. De onde ele tirou aquele poder? Seria tudo ódio? Fúria? - pensava ele

Enquanto o meu pai continuava a desabafar sozinho, eu acabei por mandar uma mensagem a Marcy: "Bom dia, como está? Se sente melhor? Eu gostava de te apoiar de outra forma. A distância dificulta muito. Eu amei conhecer-te.. Mas fico triste.. Com a vida que tenho, a pensar que algum dia me matarei. Ou que então o meu pai me matará enquanto estiver dormindo. Espero que estejas bem Marcy . Fica bem. Beijo do seu "amigo".

Marcy ficou toda empolgada e logo me ligou:
- Dante, meu querido. Você é um amor de pessoa. Eu também amei conhecer você, e por favor.. Não faça besteira com a sua vida. Você é uma pessoa bem legal, e parece ser a única pessoa que me compreende.
- Que te compreendo? Como assim? - perguntei confuso.
- Meu pai é igual ao seu.. Mas eu não tenho coragem de o enfrentar. Ele bate muito na minha mãe, e ela acaba por levar mais para me proteger..- dizia ela, enquanto chorava.
- Não, Marcy.. Não chores, por favor. Talvez ele chegue a conclusão que isso não seja um bom estilo de vida.
Se ele continuar bater na tua mãe, vai á polícia e apresenta queixa contra ele.. - tentava encontrar uma maneira de a reconfortar.
- Você é garoto. Você é destemido. Eu sou muito frágil, e acho que você já entendeu isso. - Marcy queria falar do seu cansaço, mas eu acabei por interromper :
- Tu és forte, senão já terias tomado o caminho que muitos outros como nós tomaram... suicídio. Se não apresentares queixa contra o teu pai, eu falo com um contacto que tenho ai, e ela resolve o problema. - disse num tom rude. - Desculpa pela rudez.
- Não sou a única brasileira que você conhece? - perguntava surpreendida
- Mais ou menos. És a única brasileira que eu conheço e confio de momento. Mas vamos mudar de assunto: quais são seus planos para hoje? - desviei o assunto
Marcy ficou logo animada:
- Eu hoje vou no cinema com as minhas amigas, e você? Você quer conhecer as minhas amigas? Espera, como você vive em San Diego e fala português? - questionou confusa.
- Eu sou português. Mudei-me por volta dos nove ou dez anos para cá. - expliquei-lhe
- Opa, que legal! - diz surpresa - Mas você quer conhecer minhas amigas? Tenho uma muito patricinha.
- Hum..- mudei de humor, lembrando de Lindsey- É melhor não.. Pelo menos por agora ... - respondi entristecido.
- Você se lembrou da garota que saiu da sua vida repentinamente? Me desculpa - fica triste
- Não tens culpa.. Não te preocupes. Eu vou arrumar umas coisas, de noite falamos ta bom? Beijo Marcy. E boa sessão de cinema - dizia pensando que seria um bom dia para ela.
Mas não foi bem assim..
Horas se passaram e a Marcy liga-me a chorar. O pai dela tinha bebido de novo.
Fiquei muito furioso.
Sai, e decidi escrever, algo semelhante a uma carta que nunca enviaria para o pai de Marcy:

Com todo o ódio que em mim me deixaste acumular, agora vamos lutar, não por sentimentos mas sim pela vida. Pelo direito que supostamente teria antes de me tornares um ser obscuro pronto para tudo com um ligeiro amor pela luta mas uma eterna revolta pelo que lhes fizeste. Toda a dor, todo o sofrimento que tentaste causar, quer físicos ou mentais. Já que causaste estes transtornos em mim, eu aproveitei o lado positivo de ser alguém com um ponto de vista abrangente e meio angelical, meio demoníaco. Agora vamos lutar pela tua morte e tirar toda a gente do sofrimento a que tu submeteste. Ambos sabíamos que isto iria acontecer não é mesmo? Pois bem, chegou a hora de te despedires. Chegou a hora de te apresentar o meu anjo: a morte!

Será que o anjo a que Dante se referia era o seu poder obscuro? Será que Marcy apresentará queixa na polícia?

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