capítulo 3

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Amitis

Primeiro dia de aula na faculdade de letras já é amanhã e saber que vou dividir a casa com um completo estranho está me tirando um pouco do eixo por que estou tendo que me preocupar muito mais com isso do que com o primeiro dia em si. Pelo menos o grosso teve a decência de me dar uma carona para casa ao invés de me fazer pegar um ônibus lotado ou voltar andando para casa.

— Tá tramando a minha morte?— Ele perguntou e percebi um sorrisinho no canto da sua boca.

— O que?— Questionei confusa.

— Perguntei se está tramando a minha morte. Você tá aí toda seria e pensativa desde que saímos da corretora então eu achei que estava planejando a minha morte e pensando em como sairia ilesa disso. Parecia até estar se divertindo com seus planos maquiavélicos, espero mesmo que você se divirta por que Deus sabe que eu não vou.

Não consegui evitar de sorrir. Eu poderia estar planejando algo assim com certeza, ele mereceria, mas mesmo que ele tenha seguro de vida a grana não viria para mim e eu viraria uma sem teto. Uma sem teto criminosa. Uma sem teto, criminosa e muito provavelmente custodiada em uma penitenciária feminina cheia de detentas malvadas e perigosas.

— Morar com alguém que eu não conheço me deixa nervosa.— Reconheci de uma vez, ele pode claramente estar pensando a mesma coisa.

— Não é o melhor cenário, mas a gente se conhece sim. Nunca nos falamos, até por que não deu tempo para isso ainda, mas somos da mesma faculdade Amitis.— Ele disse e eu olhei para ele espantada.

— E como você sabe o meu nome? As aulas começam só amanhã e eu sou nova .

— Eu vi você fazendo sua matrícula e ouvi falarem o seu nome, eu estava lá para fazer a rematrícula também, mas acho que você não me viu, o que eu preciso admitir, feriu o meu ego. Não sou o tipo de homem que passa despercebido sabe.— Além de tudo o infeliz é convencido. Sério isso? O combo perfeito para me tirar do sério, idiota, arrogante e convencido.

Ser lindo tudo bem, até da pra aguentar, ser um chato arrogante torna mais fácil aturar esse absurdo de beleza, mas o imbecil precisava ser convencido?

Aí desequilibra de vez a balança pendendo pro lado negativo da coisa.

— Qual é o seu nome? — Perguntei tentando controlar minha vontade de revirar os olhos.

— Leonardo Drumond, às suas ordens.— Ele disse fazendo um floreio exagerado com as mãos.

Olhei para ele que continua concentrado na estrada.

— Hm, então se eu mandar você cair fora do apartamento e continuar pagando por sua parte, você vai? Está às minhas ordens não é isso?— Falei tentando alfineta-lo um pouquinho por mero divertimento.

Paramos em um sinal vermelho e ele virou completamente para mim.

— Isso aí eu não vou poder fazer, como eu disse também preciso desse apartamento, mas posso tentar ser um bom colega de quarto.— Ele disse com um sorriso marca de cafajeste no rosto.

— De quarto não! Me respeita que eu não sou suas colegas.— Falei dando um tapa estalado no braço dele.

Meu Deus, que braço forte. Misericórdia senhor dos profetas maiores, me ajuda.

— Certo, certo. Colega de apartamento, madame esquentadinha. Você falou de um jeito diferente, por acaso é da Bahia?— Ele perguntou.

Estreitei os olhos. Por que esse cara tá falando tão manso assim comigo? Não faz sentido nenhum querer render tanta conversa assim com uma completa estranha.

Debaixo Do Mesmo Telhado - Livro 1 Da Série: Família Drummond Onde histórias criam vida. Descubra agora