capítulo 14

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Leonardo

Existem dois bons motivos para uma pessoa acordar se sentindo muito bem.

1- Uma noite de sono bem dormida.

2- Uma noite de sexo bem intenso.

No meu caso o que resultou a minha noite incrível em todos os sentidos foi a segunda opção.

Passei a mão no lado da minha cama esperando sentir um corpo quente e tudo o que eu senti foi o vazio.

Abri os olhos me acostumando com a claridade que entrou pela janela completamente inclemente.

Onde aquela maluca se meteu?

Levantei da cama sentindo todo o meu bom humor se esvaindo. Tudo bem que ela não tem obrigação nenhuma de ficar aqui comigo e acordar como em uma cena de novela, e claro que eu sei que ela tem todo o direito de apenas dormir com um cara e depois ir embora, só que eu e ela moramos juntos caramba! O que custa ter o mínimo de consideração?

E não fui eu quem fui atrás dela noite passada, tudo foi iniciativa dela! Eu merecia pelo menos um "a noite foi divertida, tchau".

Bufei irritado entrando no box do banheiro rezando para que a água levasse meu mau humor junto.

Pensando de forma lógica eu nem tenho o direto de ficar chateado, ela é uma mulher adulta e independente e eu fui só uma transa de uma noite.

Não houve nenhum tipo de promessa ou combinado diferente.

Me sequei e me vesti ficando sem camisa mesmo, indo atrás de algo pra comer. Espero que a desalmada tenha deixado um café pronto pelo menos, o nosso acordo quando começamos a morar juntos tem sido descumprido pela parte dela desde que meu irmão veio passar um tempo aqui.

Cheguei na sala e encontrei o Matteo sentado no sofá com a perna cruzada, olhando pra televisão claramente fingindo que estava assistindo.

— Por que parece que você está fingindo que está assistindo?— Perguntei indo pra trás da ilha da cozinha.

Tem bolo e café, vou me virar com isso mesmo.

— Por que eu obviamente estou fingindo!  Anda me conta tudo, como foi?— Ele estava parecendo uma criança animada com um brinquedo novo, os olhos estão nitidamente brilhando e ele parece a ponto de pular de tanta ansiedade.

— Como foi o que?— Franzi a testa me fingindo de desentendido.

Todos os irmãos Drummond tem um talento especial que consiste em negar até os confins do mundo, uma coisa que obviamente fez. O nível de obstinação para negar o que fizemos é o mesmo que o de curiosidade.

Matteo como já conhece bem esse nosso dom em particular apenas revirou os olhos pra mim deixando claro que não desistiria até que eu conte tudo. Ele nunca desiste, o Matteo consegue ser bem cansativo quando quer alguma coisa.

— Eu sei que você e a sua "docinho" ficaram ontem, eu quero saber como foi.— Ele foi tão direto com as palavras que o café que eu estava tomando saiu da minha boca em um grande esguicho.

— Você ouviu alguma coisa?— Perguntei um pouco assustado. Ninguém quer que o irmão (ou qualquer pessoa) ouça esse tipo de intimidade. Tudo tem limite.

— O que? Eca! Não, se eu tivesse escudado alguma coisa desse tipo meus ouvidos estariam sangrando agora, mas eu não sou bobo. Quando eu cheguei a porta do quarto dela estava aberta e eu aproveitei para dormir lá noite passada. E se ela não estava no quarto dela, mas com certeza estava em casa é claro que ela estava alegrando meu irmãozinho.— Primeiro o Matteo fez uma cara de nojo e ultraje e logo em seguida fez uma expressão de sábio.

— Sabe que ela vai te matar se souber que você dormiu no quarto dela, né?— Perguntei apenas para ganhar um pouco mais de tempo, é claro que eu sei que não tem para onde fugir e eu vou acabar contando pra ele.

— A minha coluna é delicada demais para viver em um sofá! A cama foi feita pra ter alguém dormindo em cima dela, se ninguém fizesse isso ontem ela ficaria triste. — Ele fez um bico de choro me fazendo rir tirando a tensão dos meus ombros.

— Você não existe Matteo.— Falei ainda rindo.

— Eu sei que sou bom demais pra ser verdade, mas não fuja do ponto aqui. Como foi tudo ontem?— Como eu disse, ele sabe ser cansativo e muito insistente quando quer muito saber alguma coisa.

Respirei fundo e comecei a falar.

— Foi bom. Muito bom na verdade, ela até ficou para dormir comigo, eu achei que fossemos ficar até amigos depois disso, mas a maluca tomou chá de sumiço antes que eu acordasse.— Falei jogando as costas no sofá refletindo a minha frustração. Isso nunca aconteceu comigo antes.

— Isso é esquisito, tem certeza que você não fez nada de errado com ela ontem? Por acaso você anda meio enferrujado?— Ele perguntou como se fosse uma dúvida real me deixando ainda mais irritado.

— Claro que eu não fiz nada de errado, mané! Ela gostou sim, e gostou muito.— Respondi cruzando os braços tentando não conversar sobre esse assunto. Pelo menos não antes de fazer com que ela converse comigo como uma adulta de verdade deve fazer, ou ela pretende ficar me evitando pra sempre?

— Vou me mudar em dois dias, mas eu vou pensar em alguma coisa para te ajudar.— Matteo disse tirando o filme do pause e voltando toda a sua concentração para a tela (e para os carrinhos em alta velocidade).

— Eu não quero que você faça nada, Matteo.— Suspirei cansado.

— Deixa comigo, eu vou cuidar de tudo.— Ele disse completamente convicto.

Além de chato pra caralho quando ele quer alguma coisa, o Matteo tem outra característica marcante, quando ele coloca alguma coisa na cabeça é mais fácil arrancar a cabeça do que a ideia. Chame de tenacidade se quiser, eu chamo de amostra grátis do inferno.

— Matteo, não faça nada, entendeu? Não se mete nisso.— Pedi sabendo que ele não obedeceria nem que eu pedisse de joelhos.

Meu Deus, ele vai acabar piorando tudo ainda mais. Se é que tem como ficar pior.

— Fica tranquilo, você sabe que tudo o que eu coloco as mãos fica perfeito, não sabe? Eu vou te dar as coordenadas.— Ele está convicto e com o peito estufado me mostrando que suas engrenagens já estão girando e girando, bolando algum plano completamente maluco e sem chance nenhuma de dar certo.

— Se você é tão poderoso assim, ó senhor infalível, por que ainda não teve nada com a Diana?— Perguntei tentando atingir o seu ego gigantesco de alguma forma. E eu claramente consegui.

Quando eu percebi que eu e o Matteo somos gêmeos comecei a analizar algumas coisas que me serviriam de arma contra ele, já que obviamente as armas de verdade estariam fora de cogitação. Com o passar dos anos ele desenvolveu um ego incrivelmente grande e a melhor forma de atingi-lo é acertando esse ego. Aprendi e fiquei especialista nisso.

— É diferente, a bruxa é dura na queda.— Ele cruzou os braços como uma criança birrenta quando é contrariada.

Eu não vou impedir o Matteo de pensar em alguma solução, ele fica melhor quando está com a cabeça ocupada seja lá com o que for, mas eu vou resolver isso do meu jeito.

Se a Amitis quer agir como se nada tivesse acontecido, por mim tudo bem, é assim que vai ser. Antes eu vou falar com ela sim, mas vai ser o meu único esforço com relação a isso, se ela quer agir como criança eu vou ser pior ainda.

Ela vai aprender a não agir como uma criança mimada por causa de uma coisa tão boba.

As minhas engrenagens também começaram a girar raciocinando inúmeras situações nas quais eu vou fazer com que ela simplesmente perca a paciência.

Quem pensou que a Amitis faria uma coisa dessas gente? Ela tinha motivos??
Votem, comentem e leiam MUITO
ATE A PROXIMA♥️♥️♥️♥️

Debaixo Do Mesmo Telhado - Livro 1 Da Série: Família Drummond Onde histórias criam vida. Descubra agora