Capítulo 2

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Amitis

A manhã seguinte demorou muito para chegar. Muito mais do que eu imaginava ser possível.

É perfeitamente compreensível visto que um completo estranho dormiu no quarto ao lado. Eu me levantei cedo e senti um cheirinho bom de café, a barriga doeu tanto que roncou.

Assim que eu cheguei na cozinha eu vi o "estranho" tinha sido o responsável pelo cheiro, o café parece realmente bom.

— Bom dia. — Falei com um sorriso. Me sentei á mesa e ele com toda sua má educação nem se deu ao trabalho de me responder.

Não fiz questão, eu só quero comer, se ele prefere ser mal educado por mim tudo bem, eu não ligo. Nem todo mundo usa a educação que recebe em casa.

O café da manhã seguiu assim, completamente em silencio. Eu estou pensando em como proceder em relação ao contrato de aluguel, pelo transtorno eu realmente mereço algum desconto nas próximas mensalidades ou um reembolso e não vou aceitar menos que isso. A corretora precisa analisar bem como vai proceder com relação a isso, afinal eles podiam ter me colocado em um perigo muito grande dando o meu apartamento -o meu e só meu, não vou abrir mão dele- para um homem que poderia muito bem ser um cara perigoso, então o mínimo que ela pode fazer é me oferecer uma compensação.

Não gosto nem de imaginar o que poderia acontecer comigo se ele não fosse só mal educado e sim um assassino, eu teria que colocar em prática o que aprendi com os podcasts.

Nos filmes de terror eu sempre penso que provavelmente seria uma das primeiras a morrer, eu não sou a mais corajosa nem nada que se pareça minimamente com isso, mas sou muito curiosa e por muitas vezes a minha curiosidade supera o medo e é aí que entraria o problema. Se a curiosidade supera o medo então ela também supera a cautela, bem nesse momento o vilão iria me pegar e aí, tchau, tchau Ami.

— Eu tô de carro, quer carona? — Ele falou pela primeira vez no dia interrompendo os meus pensamentos cinéfilos. Revirei os olhos com a pergunta ridícula.

Ele acha mesmo que eu vou querer um táxi ou um ônibus sendo que estamos indo para o mesmo lugar? É questão de praticidade.

— Estamos indo para o mesmo lugar, isso é pergunta que se faça? — Respondi imediatamente.

Ele pegou uma pasta e eu imaginei que ali estivessem o contrato e talvez os comprovantes de pagamento também.

Hm, aparentemente ele não é tão desleixado quanto eu tinha imaginado.

— Pois agora eu não quero mais te dar carona. estou retirando a oferta. — Ele disse rude e foi saindo, eu fui atrás dele. Uma pessoa não pode oferecer carona e simplesmente retirar a oferta!

— Você não pode fazer isso! — Ele virou rindo.

— Claro que posso, o carro é meu. Eu só quis ser gentil e você falou como se fosse uma obrigação minha, e não é. Então se eu fosse você iria atras de um ônibus agora ou pode chegar muito depois de mim. te vejo na corretora. — Ele simplesmente entrou no carro e saiu.

— Que grande idiota!— Gritei toda minha raiva.

tudo bem Amitis, respira. você consegue. tranquei a porta e peguei um táxi, se eu for de ônibus vou demorar demais pra chegar. Fui o caminho inteiro xingando aquele cara de todos os nomes possíveis e até acho que possa ter criado alguns especialmente para ele.

Ele é um desalmado que não consegue ficar sem ser desagradável. O que custava me dar uma carona? Nós estamos indo para o mesmo lugar! Resolver a mesma coisa, ou seja, interesse de ambas as partes, era só questão de ser pratico! Mas pelo visto, ele tem tendência a implicância.

Cheguei até que bem rápido e assim que entrei vi o cara que ainda não sei o nome na recepção.

— Chegou rápido.— Ele disse debochando me fazendo revirar os olhos.

— Não graças a você.— Retruquei sem olhar diretamente para ele.

— Posso sobreviver com isso.— Ele disse cheio de deboche. Parece uma criança querendo competir, simplesmente não tenho paciência.

— Senhor Drummond e senhorita Smith, podem entrar.— Fizemos isso e logo peguei o contrato no meu envelope.

Não quero prolongar essa situação mais tempo do que o estritamente necessário, a companhia dele está me irritando.

— O caso é o seguinte, a corretora fez alguma confusão com os apartamentos que nós alugamos, nos deram a chave do mesmo apartamento.— Falei sem demorar. Eu só quero resolver logo isso e ir pra casa.

— Posso ver os contratos?— Entregamos os dois para ela que os leu atentamente.

— Sinto muito, faltou uma clausula aqui, o apartamento é dividido, vocês estão no correto sim, os dois. Caso isso seja um incomodo para vocês temos um outro apartamento vago no mesmo andar com as mesmas características.— Respirei aliviada.

— Eu fico com ele.— O Drummond respondeu rapidamente.

— Vou pegar um novo contrato para vocês com o valor do aluguel individual. — Creio que não vá aumentar muito no valor.

— Ótimo, de quanto fica?— Ele perguntou.

— 1.700 reais mensais.— Eu estava bebendo água no momento em que ela disse isso, e por pouco não morri afogada na garrafinha.

1.700 pratas? Eu sou bonita, mas definitivamente não sou uma burguesa. Não tenho grana pra isso.

— Pode nos dar um minutos por favor?— Pedi para que ela saísse.

— claro.— Ela saiu e eu respirei fundo.

— Não acredito que vou falar isso, mas o que você acha de dividirmos o apartamento?— Ele perguntou lendo os meus pendamentos. Era exatamente o que eu iria propor. Eu não tenho como pagar o valor individual e não tenho como procurar outro apartamento no momento. Isso além do fato de que voltar a morar com os meus pais está fora de questão, eu não posso voltar correndo só por que aconteceu um problema.

— Eu acho que é o único jeito. eu não tenho como pagar o aluguel individual.— Respondi respirando fundo e ele assentiu.

— Eu também não, eu até poderia pedir ajuda a meus pais, mas definitivamente não quero fazer isso, só me renderia muitas discussões e essa grana não vale tanto pra que eu tope ouvir tudo isso. Eles são ótimos, mas iriam falar que eu não deveria ter saído de casa. Só que meu estagio não paga tão bem assim. Então essa é a nossa única saída, vamos dividir até que a gente arranje um outro lugar ou um dos dois possa bancar sozinho, de acordo?— Ele perguntou e não tem outro jeito.

— De acordo.— Apertei a mão dele e selamos assim esse acordo esquisito e improvável. Agora mais do que nunca eu preciso imediatamente arrumar um emprego por que algo me diz que morar junto com ele é a receita perfeita para um problema ainda maior.

Não posso me permitir viver debaixo do mesmo telhado que um estranho por muito tempo, ainda mais um tão arrogante quanto esse.

Essa vai ser uma solução temporária e com certeza muito desesperada.

OI GENTE! ESPERO QUE ESTEJAM GOSTANDO DA HISTORIA, EU SEI QUE DEMORO PRA PUBLICAR MAS ESTOU TENTANDO ME ORGANIZAR.

APROVEITEM A LEITURA, CURTAM E COMENTEM PLEASE! É UM INCENTIVO A MAIS <3

Debaixo Do Mesmo Telhado - Livro 1 Da Série: Família Drummond Onde histórias criam vida. Descubra agora