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- Nos desculpe senhor, mas estamos com poucos recursos para novas publicações e já temos muitos livros na lista, quem sabe em outro momento.

- Por favor dê uma olhada nele, garanto que vai gostar.

- O senhor pode deixar seu livro no RH junto com suas informações de contato, assim que possível nós vamos lê - lo…

Essa foi uma das várias visitas às editoras que o pai dele fez na tentativa de ter seu livro publicado e nenhuma deu certo, sempre davam alguma desculpa, ele até deixava uma cópia do seu livro, mas nunca tinha retorno e achava que eles nunca liam. As desculpas variavam, mas a maioria era relacionada ao dinheiro.

Ele acompanhara o pai muitas vezes nessas visitas e, mesmo pequeno, percebia a tristeza e a frustação no rosto dele depois de cada uma delas. Depois de um tempo o pai parou de levá - lo, talvez por vergonha, por se sentir humilhado, mas isso não impedia que ele visse no rosto do pai a mesma expressão de sempre, quando ele chegava em casa.

Ele nunca se esquecia daqueles tempos e quando abria seu e-mail e não via nenhuma resposta das editoras para quem enviara seu livro, se lembrava mais ainda. Agora sabia exatamente como seu pai se sentia, pois sentia o mesmo que ele, um misto de raiva, frustação e tristeza.

Um certo dia ele prometeu ao pai que ia abrir uma editora, que ia publicar muitos livros dele e que ele seria muito famoso, mas nunca conseguiu cumprir sua promessa, ironicamente trabalhava em uma editora e até já levara os livros de seu pai e o seu para lá, mas não dera em nada.

Ele ainda pensava em ter sua própria editora, mas como não tinha dinheiro deixava essa ideia de lado, gostava de escrever e era essa a sua prioridade. Ele tinha talento e este lhe traria apoio e dinheiro necessários para cumprir sua promessa, tinha certeza disso.

Mortos ao Pé da LetraOnde histórias criam vida. Descubra agora