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"Não pode ser" pensava ele, de olhos arregalados, enquanto encarava a tela do computador, sua vontade era parti-lo em mil pedaços, como se isso fosse mudar o que aparecia naquela tela, tal era a sua raiva, o coração batia-lhe a mil por hora, por sorte todos tinha saído para almoçar e ele fora o primeiro a retornar ao trabalho, não havia ninguém para suspeitar da sua reação.

Ele não era muito ligado às notícias, só o necessário para o seu trabalho, mas desde o primeiro assassinato que acompanhava o noticiário policial com mais atenção e foi assim que dera de cara com aquela publicação no site do Correio da Bahia onde, entre outras coisas, dizia que havia uma testemunha no homicídio ocorrido a três dias atrás em Itabuna, o homicídio que ele cometera.

Ele não conseguia acreditar naquilo, lembrou-se daquela noite, não havia ninguém na casa de Tiago. Está certo que ele não olhara a casa inteira, mas ao menos na sala não havia sinal de que houvesse outra pessoa além do escritor ali. "Idiota, idiota" batia em sua cabeça e brigava consigo mesmo, "por que não examinara o resto da casa? por quê?". Mas ele sabia, não examinara por que o vizinho dissera que Tiago estava só, "maldito vizinho" praguejou.

"E agora? O que eu faço? O que eu faço?" se perguntava em voz alta. Pensou em ligar para o DPT de Itabuna fingindo ser repórter, mas eles não falariam sobre a testemunha, poderia perguntar aos vizinhos do escritor se sabiam de alguma coisa, mas teria que ir até lá e ele não tinha tempo para isso. Em síntese, por hora, estava de mãos atadas, só lhe restava esperar que fosse mentira ou, caso não fosse, que a testemunha não pudesse indentificá-lo e tomar mais cuidado na próxima vez.

Mortos ao Pé da LetraOnde histórias criam vida. Descubra agora