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DHPP, PITUBA, SALVADOR - BA

- Ou é pura coincidência... - disse Glória.

- Ou alguém realmente não sabe perder - completou Mauro.

Depois de uma longa troca de informações entre a diretora do DHPP e o diretor do DPT de Itabuna sobre seus casos que poderiam estar relacionados, este lhe enviara por e-mail tudo o que tinha até o momento sobre o seu caso. Agora Mauro e Glória analisavam o que tinham recebido.

- A única coisa que esse caso tem em comum com os nossos - falava Glória - é o bilhete misterioso deixado na cena do crime. O modus operandi é bem diferente.

- Talvez não seja - respondeu Mauro pensativo.

- Não, o relatório preliminar do legista diz que ele morreu eletrocutado, mas antes levou uma surra. É bem dife...

- Pense comigo Glória - interrompeu Mauro -, primeiro um falso suicídio com um texto que descreve um enforcamento, depois um afogamento numa máquina de lavar com um texto que parece descrever um afogamento e agora uma eletrocução com um texto descrevendo uma eletrocução. Há um padrão aí, talvez esse seja o modus operandi do assassino e os bilhetes sua assinatura.

- Faz sentido. Levando em consideração que o texto do bilhete do primeiro homicídio foi escrito pela própria vítima e supondo que nos outros casos também tenha sido assim, é como se as vítimas tivessem escolhido como queriam morrer.

- Só não sabiam disso. Talvez seja assim que o assassino pense e esteja querendo nos mostrar isso deixando os bilhetes nas cena dos seu crimes. Precisamos descobrir de quem são os outros textos e se essa nova vítima também ganhou o tal concurso de livros.

- Mais trabalho para o seu irmão.

- Sim. Voltando ao nosso assassino, parece que estamos atrás de um idiota que se acha Deus.

- Só que Deus não comete erros e agora ele cometeu um - Glória mostrou-lhe uma foto do filho da vítima de Itabuna -, deixou uma testemunha para trás.

- Uma testemunha que não se lembra de nada.

- Mas vai lembrar.

- Só Deus sabe quando. Talvez nunca.

- Se fosse uma criança e tivesse visto seu pai ser assassinado, você também ia querer esquecer Mauro.

- Não, eu ia querer lembrar pra colocá-lo na cadeia.

- Ora...

- Desculpem interrompê-los, mas é importante - disse a diretora Viviam entrando na sala de Mauro.

- O que foi? - perguntou o investigador.

- O juiz acatou o pedido de revisão do advogado daquele suspeito de estrupo que você agrediu...

- Filho da...

- Até o fim do resultado dessa revisão você está suspenso Mauro.

- Não, Viviam..

- Desculpe, são ordens do juiz. Eu te avisei.

- Fale com ele, por favor, eu estou no meio de um caso.

- Não vai adiantar.

- Pelo amor de Deus!

- Não se preocupe com a investigação em andamento, vou designar um outro parceiro para Glória.

- Não precisa Viviam, eu posso cuidar desse caso sozinha, até prefiro, outra pessoa vai me atrapalhar.

- Está bem, vou lhe dar alguns dias se não der conta terá um parceiro.

Mortos ao Pé da LetraOnde histórias criam vida. Descubra agora