Pov. Jungkook
Estávamos na minha casa comemorando a vitória da noite, bebendo, comendo, rindo, cantando, conversando, brincando, pelo menos os meninos estavam, enquanto eu me encontrava largado no sofá da sala segurando uma garrafa de soju em cima do joelho, e infelizmente, com os pensamentos presos e Choi Ansu, seu rosto preocupado na ligação não saía da minha cabeça por nada, parecia ter sido coisa séria. Será que foi por minha causa? Não! Chega! Forcei sumir com todos os pensamentos que a envolvessem, se levou bronca pelo o que aconteceu o problema é dela, ninguém mandou não olhar por onde andava. Bufei e afundei no sofá, garota feia que não sai da minha cabeça.
— Jungkook-ah! — gritou Jin. — Vem comer! — passei a mão no rosto, não estava com fome... Mas de repente, fiquei com vontade de comer um salgadinho específico que eu sabia que não tinha em casa.
— Vou sair. — larguei a garrafa em cima da mesinha de centro e levantei no pulo. Fui até a porta e peguei a chave do carro.
— Você bebeu Jungkook?! — gritou Jin da cozinha. — Se dirigir bêbado eu te quebro!
— Eu também! — completou Namjoon.
— Não bebi! — gritei de volta já saindo porta a fora, era verdade, mal tinha molhado a boca.
Dirigi pela estrada deserta a caminho da loja que vendia o tal salgadinho que eu queria, não era um caminho nada curto, já que a loja era bem afastada do centro de Seul, então eu ficaria pelo menos uns 50 minutos dentro do carro curtindo minha própria companhia e as músicas do rádio as 2:50 da manhã, no clima quente da cidade, com os vidros abertos. Isso estava perfeito.
Minha mente vagou sozinha para a noite do Met Gala enquanto eu focava na rua. Devo ter ficado o que? Meia hora com aquela garota e ela não saía da minha mente, não saber seu nome estava me matando mais cada dia que passava, junto com a vontade de vê-la de novo. Fui chamado de “emocionado” pelos meninos por repetir essa história algumas... Várias vezes. Eles não entendiam como aquilo tinha me marcado e não iria esquecer tão cedo, e nem queria também, eu queria ela. Ver seu rosto sem máscara, conhecer sua personalidade, sua história, hobbies, qualidades, defeitos, tudo o que eu teria direito de saber e até mais se ela me permitisse.
Era difícil colocar em palavras o que lembrar daquela noite me causava, mas sempre acelerava meu coração. A conversa, a dança... O tombo, ela caindo em meus braços... O irmão dela gritando... NÃO! Para de confundir as coisas cérebro, que porra! Que ótimo, agora a cena do Met Gala se mesclava com a do evento de hoje, que hora perfeita para jogar o carro no rio comigo dentro. Não tem rio aqui perto, droga.
Não conheço nenhuma das duas, mas posso jurar de pés juntos que elas são totalmente diferentes, eu sinto isso. Minha garota não seria irmã de Choi Hye, seria até crime fazer isso logo comigo. Choi Ansu tinha no máximo o cabelo similar da minha garota, mas isso não queria dizer nada, o cabelo dela é padrão coreano, qualquer uma teria. Lembrei de repente que eu não sabia nem a cor verdadeira dos olhos da minha garota, ela estava de lente. Choraminguei afundando no banco e aumentando o som do rádio. Os olhos de Ansu eram escuros... Odeio meu cérebro.
Cheguei a tal loja, na verdade era um posto de gasolina, e não mudava nada conforme os anos se passavam. Tinha as paredes azuis sempre bem pintadas com janelas de vidro extremamente limpas, sei que os donos nunca deixavam o lugar morrer e estavam sempre cuidando muito bem, apesar do pouco movimento. Eu costumava vir aqui com meu irmão na época em que eu era trainee e as coisas ficavam difíceis demais, ele me “sequestrava” e fugíamos até aqui para eu poder respirar em paz um pouco. Por ser muito afastada da cidade e não ter nada a sua volta além de rua e mato, era bastante calma e silenciosa, perfeito para quem estava em algum tipo de surto, como se irritar por roubarem suas cuecas no dormitório.
Comprei o salgadinho e conversei um pouco com o casal de idosos donos da loja, colocando as novidades em dia, já que fazia tempo que eu não os via, os dois continuavam do mesmo jeito, velhinhos de cabelos brancos e rostos enrugados, porém simpáticos. Quem mudava a cada visita era eu e não só em aparência de acordo com a senhora Lin, para ela hoje eu parecia mais sério, perdido, angustiado e ansioso, estava certa, ela não errava nunca. Depois disso a senhora Lin me confortou dizendo que eu conseguiria respirar aliviado pois encontraria o que tanto procurava. Achei incrível ela falar assim pois eu não tinha mencionado a minha garota em momento algum, foi como se ela tivesse adivinhando que era isso o que eu tanto queria encontrar.
Caminhei em direção ao meu carro comendo o salgadinho de camarão com cebola, estava com uma sensação estranha no coração, uma ansiedade diferente que eu não sabia explicar. Pensei que sairia daqui mais leve e calmo e fui tapeado por mim mesmo pelo jeito. Entrei no carro e comecei o caminho de volta para casa.
Desta vez fiz o caminho ao som alto do rádio para tentar distrair essa sensação do meu coração, tentando focar na música, na rua, em qualquer coisa, porque eu já estava começando a ficar angustiado com aquilo. Um barulho alto se fez repentinamente, me assustando. Diminuí o volume para tentar descobrir da onde veio aquilo, e foi aí que outro barulho se fez e o meu carro simplesmente morreu... Não é possível... Só tive de tempo de parar o carro no acostamento e bater a cabeça de propósito no volante resmungando alto. Será que isso era praga de Choi Hye?!
A minha volta só havia mato, de um lado um tipo de barranco de terra com árvores em cima e do outro um campo aberto de grama molhada, de alguma chuva recente ou de alguém que havia regado, eu estava deste lado da pista. Com toda a minha calma e sabedoria, comecei a bater no volante na esperança do carro voltar a vida igual em filme ou em jogo, não deu certo. Saí do carro e bati a porta com força bufando, peguei o celular para pedir ajuda, e para melhorar, estava sem sinal, claro que estava sem sinal, só faltava chover. Encostei a cabeça no carro e respirei fundo tentando me acalmar.
— Isso com certeza é praga de Hye. — falei para mim mesmo. Me arrastei preguiçosamente para o capô do carro e me sentei.
Já haviam se passado uns 40 minutos, eu estava deitado no capô olhando para o céu estrelado curtindo a paz, pelo menos isso me rendeu uns minutos de folga de tudo. “É bom um pouco de silêncio depois de tanto barulheira” foi o que a minha garota havia dito naquela noite e ela estava certa, passei a valorizar mais esses momentos depois disso.
Estava pronto para tirar um cochilo quando um barulho de carro de aproximando me despertou. Pulei para o chão rápido e comecei a acenar para o carro. Passei sim a gostar mais do silêncio, porém, agora eu estava com fome, cansado, com sono e querendo fazer xixi e não era porco para fazer no mato.
Suspirei aliviado quando o motorista parou o carro perto de mim, tinha vindo da mesma direção da loja. Me aproximei do carro ignorando a ideia de que podia ser um sociopata que estava ali atrás do vidro escuro. O carro era moderno num tom de preto mais claro, parecia na verdade sujo ao meu ver.
— Ah... — comecei sem jeito. — O meu carro quebrou, e eu estou sem sinal no celular, preciso de ajuda. — soltei um risinho sem graça e não obtive nenhuma reposta, o vidro nem ao menos se mexeu. Isso talvez tenha me assustado reforçando a ideia do sociopata. — Ok, melhor deixar pra lá. — meu corpo ficou em alerta, pronto para correr ou bater se fosse preciso. Meu coração continuava com aquela sensação e agora ainda mais forte, acelerando meus batimentos.
O vidro começou a abaixar, me fazendo dar um pulinho para trás com o susto. Fechei os punhos encarando o que seria revelado ali, e assim que o vidro se abaixou por completo... Eu respirei muito, mas muito fundo, preferindo mil vezes que fosse um sociopata do que quem estava ali.
— Ah não, você não... — dissemos eu... E Choi Ansu ao mesmo tempo. E a sensação estranha que estava apertando meu coração simplesmente sumiu.
Jungkook ta maluquinho, acho que deu pra notar.
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Like a Comet
FanficUm novo grupo surge conquistando o coração do público, o Blue Comet! Alcançando marcos que antes só o BTS havia alcançado. Um rixa cresce não só entre os fandons, Armys e Stars, mas também entre os dois grupos e suas empresas. Porém, um romance vem...