Ah não, você não (Part 2)

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Pov. Ansu

Eu estava voltando de carro do cemitério em que meus pais estavam enterrados, ja deviam ser umas quatro da manhã mais ou menos, foram tantos anos indo até lá que acabei fazendo amizade com o coveiro e ganhando uma cópia da chave do portão, me dando acesso ilimitado ao local sempre que eu precisasse.

Minha visita desta vez, foi para contar a minha mãe sobre o dia de hoje, o evento, o tonto do jungkook sendo um babaca, a briga com Hye, os prêmios dos meninos, a bronca que eu levei, o tombo... A bronca foi a pior parte, com certeza, o dono da empresa dos meninos havia me ligado quase no final do evento, enfurecido comigo pelo ocorrido com o maknae do BTS, além disso, ele também me chamou de irresponsável, burra, falsa, traidora e mais um monte de coisas absurdas que me deixaram extremamente chateada, então, fui buscar consolo na minha mãe e pedir para que ela puxasse o pé dele a noite.

Enquanto dirigia, passei pelo posto que tinha no caminho, continuava no mesmo tom de azul a anos e sempre em bom estado. Era incrível o fato de eu nunca ter parado ali, quem sabe na próxima.

Continuei meu caminho com o braço apoiado na porta e minha cabeça na mão do mesmo, só queria chegar logo em casa. De repente, avistei um carro estacionado no acostamento e um homem acenando, parecia estar pedindo ajuda. Estava a alguns metros de mim e isso dificultou minha visão para ver seu rosto, na verdade, acho que eu estava ficando com problema de visão. Tateei o painel do carro em busca de meu celular e assim que toquei no desgraçado, ele caiu para debaixo do banco do passageiro.

— Ah que ótimo. — reclamei e estiquei o braço para tentar pega-lo enquanto diminuía a velocidade para oferecer ajuda ao moço, alternando minha visão entre a estrada e o chão do carro, e ignorando a possibilidade do homem ali ser um sociopata. Parei o carro ao seu lado e abaixei meu corpo para pegar o celular. — Consegui! — comemorei para mim mesma com o aparelho na mão, me ajeitei no banco e abaixei o vidro escuro do meu carro.

Assim que meus olhos encontraram os dele meu corpo gelou e se arrepiou por completo, não é possível, será que eu pisei em algum túmulo sem querer e estava sendo castigada?!

— Ah não, você não. — dissemos eu e Jungkook ao mesmo tempo.

— Que ótimo, mais essa agora. — ele resmungou, já me irritei. — Que foi, garota? Tá me seguindo?

— Oi?! — falei incrédula — Óbvio que não seu filhote de jamanta, até parece! — ele  bufou passando a mão pelos fios escuros do cabelo enquanto resmungava baixo. — Seu carro quebrou, é? — provoquei.

— Não, não, ele só esta descansando a beleza, sua anta. — rebateu ele.

— Escuta aqui, você é sempre babaca assim ou é só comigo? — falei irritada.

— Obviamente só com você, se fosse com seu irmão, por exemplo, estaria falando no soco, e se meu carro quebrou foi por praga dele!

— Ah incrível, não sabia que Hye tinha virado bruxo, então se vire para tentar fazer seu carro voltar a vida. — acelerei de leve o meu carro.

— Não! — gritou ele — Espera! — parei o carro e o encarei. Jungkook respirou fundo e fechou os olhos por um instante. Fiquei encarando aquele idiota com expressão tediosa, eu devia realmente ir embora. Depois de dois longos minutos, ele abriu os olhos e me encarou. — Tá, eu vou ignorar o fato de você ser irmã de Choi Hye e aceitar sua ajuda. — disse como estivesse sendo forçado e eu ri alto.

— Mas eu não te ofereci ajuda. — falei chorando de rir.

— Ah óbvio, já era de esperar. — reclamou em tom irônico.

— Bom, então, tchauzinho. — comecei a fechar o vidro.

— Espera Ansu. — pediu Jungkook, dessa vez em tom diferente, sem nojo ou desprezo, me fazendo parar de rir e o encará-lo. — Preciso de ajuda, por favor. — continuei com os olhos nele, como foi possível um tom de voz me paralisar tanto? Parecia até outra pessoa falando, algo mais familiar. Ele me encarava de volta, aguardando minha resposta. Olhei para frente pronta para largá-lo ali e ir embora, mas não consegui... Respirei fundo e desliguei o carro.

— Você quer uma carona ou ajuda com o carro? — perguntei em tom mais ameno, meu estômago estava estranho, com arrepios dentro, e eu estava estranhamente nervosa.

— Sabe concertar carros?

— Não. — respondi encarando a estrada ainda.

— Então quero uma carona, por favor. — engoli seco com a resposta dele. Assenti e destranquei as portas do carro. — Vou pegar minhas coisas. — Jungkook correu até seu carro enquanto eu continuava ali imóvel com o coração acelerado, segurando firme no volante mesmo com meu corpo trêmulo. Espero estar ficando possuída por algum espírito do cemitério.

Meus batimentos pareciam ter parado de vez quando ouvi a porta do passageiro se abrir, não consegui nem olhar para o lado, me sentia traindo Hye. Jungkook se sentou ao meu lado, fechou a porta e colocou o cinto.

Estávamos sozinhos dentro do carro, sem fãs, membros de grupos, imprensa, nada. Só ele e eu, tive uma sensação de dejavu por um instante. Respirei fundo, me ajeitei no banco, girei a chave da ignição com a mão trêmula — e torcendo para ele não notar isso. — e dei partida no carro.

Demorei, mas cheguei antes que a minha mãe brigasse comigo. Próximo cap é Ansu e Jungkook no carro cof.

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