segunda-feira

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Solidão.

Estado de quem se acha ou se sente desacompanhado ou só; isolamento.























Um final de tarde chuvoso, nublado, frio.
Os trajes escuros.
O coro lamentável de tantos entes queridos.

Era naquele cenário tão melancólico em que a jovem Minji estava inclusa.

Ela não entendia porquê de estarem ali, o porquê de estarem tão angustiados, sofridos.

Olhava para a sua mãe, aquela que em nenhum momento se manifestou, inúmeras vezes. Um olhar vazio e pele pálida a constituíam, mas desde que aquele encontro começou, nenhuma lágrima ou lamento sequer tinha saído dela.

Até tentou sair para procurar o seu pai, mas foi barrada pela figura materna, que a impediu com suas mãos tão frias nos seus ombros.

Mas ela se lembrou de outra pessoa, que também não estava em seu campo de visão.

— Mamãe, onde está meu irmão? — Virou-se para a mulher sofrida novamente, que agora, a ignorou por completo.

A jovem caminhou até o caixão que se encontrava no centro daquela roda de tantos parentes.
Seus olhos arregalaram-se por completo e por segundos quase perdeu o equilíbrio, assim que viu a figura adormecida do irmão mais velho.
Que estava prestes à ser sepultado.

— Ele não irá acordar? — Olhou em volta, com aqueles pequenos olhos negros marejados. E em questão de segundos, ela desandou à chorar feito a criança que era.

A pobre Minji de oito anos de idade tinha se esquecido da morte de seu irmão.


























Segunda-feira

— Puta merda...

Exclamou a menina, agora quase dez anos depois, após despertar em um susto, logo depois de sonhar pela incontável vez da recordação do falecimento de seu irmão.

Todas pareciam reais e eram sempre recorrentes, principalmente nas semanas próximas do aniversário do dia de sua morte.
Nesses tempos, faltavam exatos sete dias.








Depois de se acalmar em um banho frio, aquele que também tinha a função de despertá-la, vestiu-se e desceu para preparar o café para sua mãe.

Organizados um café, duas torradas e um cereal com leite em cima de uma bandeja, a Kwon mais nova carregou aquele mantimento para a mãe até o quarto.

Ela continuava da mesma forma descrita, pálida e abatida.

Sentada na enorme cama de casal de seu imenso quarto, onde passava o seu dia inteiro.

O olhar baixo e a quietude naquele quarto deixavam a menina arrepiada, tanto que naquele cômodo, apenas o barulho de seus próprios passos eram escutados.

A mãe não encostou na comida, como sempre, sequer olhou para a filha, que se esforçava o máximo para que aquele corpo tão magro não morresse.

— Mamãe, vamos... — Minji insistiu, com uma colher de cereal em mãos.— Um pouquinho só. — Suspirou baixinho, quando viu a mais velha tornar o corpo para o lado oposto, voltar a se deitar e lamentar. Como sempre fazia.

A rotina era sempre assim. E a desgastava tanto.

Ela tentou por muito tempo, até que o seu celular despertou, alertando que o horário para ir à escola se aproximava.
Recolheu as coisas da cama e as deixou em cima do criado-mudo, em esperança da mais velha mudar de ideia e pelo menos bebericar um gole daquele café.

REMINISCÊNCIA - Jeong YunhoOnde histórias criam vida. Descubra agora