sábado/domingo

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Sábado
Dois dias

Revigorada.
Era como a moça se sentia.
Sentiu conforto pela primeira vez em tanto tempo. Sua mente relaxou. Seu corpo relaxou.
Tinha até mesmo se esquecido de seu pesadelo constante.

– Acho que o pensar demais era o meu problema.
– Pensar sempre nisso.
– Viver sempre no mesmo momento.

Minji parecia ter saído do seu mundo paralisado.
E agora, tinha outro alguém para se preocupar, para pensar, para ter ao seu lado.
Tinha Yunho agora.



Fez a sua entediante rotina da manhã, com certo ânimo.
E isso sem perceber.
Era sábado, não tinha nada de especial, nenhum evento sequer.
Mas mesmo assim, não deixou nem que a áurea de pesada do quarto de sua mãe a contaminasse.

— Mãe, o Yunho... – Disse em certo impulso, ao lhe estender a colher com o mingau que tinha feito para ela. – Oh...

Comprimiu os lábios ao voltar para a realidade em alguns instantes, mas encorajou a si mesma a continuar o que diria.

– Mãe. – Pigarreou. – Eu dei uma chance à Yunho e...acho que pode ser diferente dessa vez.

Sorriu fechado para si mesma e recolheu-a, assim que a mulher terminou de provar da comida.

– E acho que isso pode ter sido uma resposta...










Sua mãe tinha se alimentado um pouco melhor naquele dia.
O que era positivo.

Depois de cuidar da casa inteira, ela se arrumou para ir ao supermercado.
Roupas simples como uma blusa larga de uma banda qualquer e uma bermuda jeans, foram escolhidas pela moça.

Escolheu não levar os fones de ouvido pela primeira vez, e experimentou a trilha sonora do cotidiano, durante o seu percurso.
Em cerca de dez minutos caminhando, Minji finalmente se aproxima do estabelecimento; assim que entrou, buscou por uma cesta e a deixou apoiada em seu antebraço.

– Posso fazer um jantar especial para mamãe hoje. – Sorriu pequeno, mais uma vez, enquanto encarava uma lata de ervilhas. – Ela deve estar cansada de comer mingau quase todos os dias... – E riu baixinho, desviando o olhar.

Ainda incerta, Minji pensava no que poderia fazer de diferente (e adequado) para sua mãe.

– Ah! Uma vez pesquisei e vi que comidas apimentadas fazem bem! – Ao se lembrar, ela arqueou as sobrancelhas. – Bem, não exageradamente...mas um Jjamppong lhe cairia bem!

A garota estava entusiasmada com o seu raciocínio.
Tudo bem que naquele momento falava sozinha, mas o que importava, certo?
Quem tinha de se meter com a sua vida?

Wah! Não é a "Maluca-da-Minji?"

Está brincando! Onde?

– Não está escutando sua conversa com o mundo-paralelo?

Olhe ela ali!

– Sem chance! Está alucinando?

– Ela deve estar conversando com o seu irmão morto.

– Sem sombra de dúvidas!

– Filme isso!

A quem queria enganar?
Tinha sido um erro ter saído sem os seus fones de ouvido e ter se submetido à escutar essas palhaçadas no supermercado.
Era uma pena o quão as pessoas eram tão ignorantes a ponto de nem saberem que ser solilóquio fazia bem para a saúde mental.

REMINISCÊNCIA - Jeong YunhoOnde histórias criam vida. Descubra agora