sexta-feira

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Sexta-feira
Três dias

Na sua terceira noite mal dormida, Minji acabou por aceitar a própria derrota e simplesmente não se esforçou para descansar.

Ela estava acabada.
Os olhos pareciam pesar constantemente, já continha olheiras e estava levemente pálida.

Apenas desistiu em se esforçar para o que tanto insistia e aceitou o seu "arraso noturno". Se é que podia chamar isso assim.


Contemplou o sol nascer da pequena sacada que tinha em seu quarto, aquela que pouco usava, enquanto suspirava em irritação perante aos acontecimentos que apesar de pouco relevantes, para ela eram um tanto turbulentos.

O despertador cobriu aquele silêncio e logo, direcionou-se para os afazeres matinais.



Minji estava um tanto avoada logo pela manhã.
Fez tudo em seu modo automático e dessa vez até conseguiu passar um tempo com a sua mãe antes de ir.

A sua forma de desestressar era sempre conversando consigo mesma. Mas hoje algo lhe intrigou, e mesmo com a situação de sua mãe, sentiu que deveria tentar desabafar com ela; já que pelo menos, se sentiria menos sozinha e estaria compartilhando suas experiências com alguém.
Ou quase isso.


— É...mãe. — Ela sorriu pequeno, olhando para as próprias mãos. Nunca conseguia olhar para os olhos da mais velha.

Obviamente, não obteve resposta.

— Tem um menino novo lá na escola e... — Soltou um riso baixo, antes de continuar. — Ele é meio estranho.

Minji coçou a nuca e parou a sua sentença por um tempo. Afinal, o que estava fazendo? Do mesmo jeito, permanecia falando sozinha.

— Sei lá, ele vem me seguindo desde que chegou sem motivo nenhum, tipo, tanta gente naquele lugar por que justo eu? Não tenho nada de especial... — Suspirou agora, bagunçando os próprios fios. — Você acha que depois de muito tempo eu deveria...?


Quanta besteira.


Desistiu de terminar a frase, soltando um riso sem graça, colocando as mãos nos bolsos de seu moletom e tornando à sair daquele cômodo.


A resposta para a pergunta de Yunho?
Sim, ela se sentia sobrecarregada.
E também sozinha.
Só tinha se acostumado com a ideia de que ninguém poderia a achar tão interessante ou amigável.


Minji se direcionou à escola pensativa.
Além do mais, era a primeira vez que desabafava com sua mãe; atitude um tanto impulsiva da sua parte, já que nunca acreditou nas orientações do médico, que desde o início insistia em dizer que para um progresso, a conversa direta era essencial.

Se sentia ainda mais estranha.


— Acho que as noites sem sono não estão me fazendo bem...






































A moça bufou em irritação ao enfrentar o enorme portão do colégio e deixou que o desânimo reinasse sua pessoa.
Seria mais um longo dia.
E estava exausta para vivê-lo.

Encontrou-se no terraço, enquanto esperava o primeiro sinal.
Escutava melancolias em seu fone de ouvido, enquanto apenas permanecia debruçada sobre o pequeno muro.

Suspirava a cada melodia, a cada sentimento forte que sentia diante do ritmo; já que de acordo com sua vivência, conseguia interpretá-las de certa forma.

REMINISCÊNCIA - Jeong YunhoOnde histórias criam vida. Descubra agora