Capítulo 10

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_ Não!

O grito de dor atravessou a casa e apontou como uma flecha no peito de Micael.

_ Mari, por favor, se acalme.... _ Mica a envolveu em seus braços.

Como poderia se acalmar? Seu irmão havia sido sequestrado enquanto estava no quarto, entregue as prazer... Esquecida de tudo que não fosse a paixão recém descoberta nós braços de Micael. Mais uma vez seu irmão estava sofrendo por sua culpa. Porque se deixou envolver por um homem a ponto de esquecer suas responsabilidades... Tudo que passou com Gilberto não havia servido de nada?

Mariana fechou os olhos e seus punhos se comprimiram de encontro ao peito de Micael. A sua volta, a sala girava. Havia descido a escada com um sorriso no rosto e se deparou com sua sala repleta de pessoas... Mica havia descoberto o maldito bilhete na cozinha. Curto, seco... Informava sobre o sequestro de Marcos. Natanael estava na sala. Havia recebido um telefonema de Mica e trouxe com ele a força policial. Acabou de contar o que a polícia estava fazendo para encontrar seu irmão, enquanto uma dor descomunal a envolvia. Seu irmão....

Uma toneladas de lágrimas escorria por seu rosto. Mal ouvia as perguntas do policial ao lado de Nate. O que podia dizer? Que confiou seu irmão a governanta enquanto se divertia? Que Carmem, a bondosa senhora que ajudava a superar a perda de seu pai, o difícil relacionamento com Gilberto e as sequelas do acidente que sofria era a pessoa que passava as informações de todos os seus passos para o canalha que queria mata-la?

Um medo terrível a envolvia. O que fariam com seu irmão? Ele era uma criança. Frágil, indefeso em sua cadeira de rodas.... Imagens horríveis se formavam em sua mente. Gilberto nunca gostou de Marcos. Ele era um obstáculo para o seu plano. Se ele o ferisse... Sentiu o gosto de sangue e percebeu que mordia os lábios fortemente. Micael falava algo, mas ela não ouvia. Seus punhos o agrediam histericamente. Estava completamente fora de si.

Micael pegou a maleta de primeiros socorros das mãos do prestativo policial, depois de forcar uma relutante Mariana a se sentar no sofá. Preparou a seringa e aplicou-lhe uma dose de calmante. Sua aparência frágil e transtornada o afetavam sobremaneira. Com ela nos braços, a carregou para o pequeno quarto naquele mesmo andar. O quarto de Marcos. Depositou-a com cuidado sabre os lençóis azuis, a face pálida contrastando com o tecido escuro.

Embebeu um pedaço de algodão em água e passou com cuidado nos lábios feridos. Ela o olhava sem ver, o efeito do medicamento aos poucos a livrando da terrível realidade. Micael pegou suas mãos e seus olhos umedeceram-se. A força com que as unhas ficaram-se nas palmas havia cortado a pele, que se encontrava ferida. Limpou os ferimentos e aplicou uma pomada, antes de se recompor e volta para sala.

Natanael encarou o irmão e assustou-os com o ódio que seus olhos e sua fisionomia ostentavam. Micael sempre foi o mais alegre e afável entre os três irmãos. Nem mesmo quando Raquel o havia feito passar pelas portas do inferno pudera detectar um sentimento tão forte e assustador.

Mica passou pelo o irmão sem parar. Natanael o seguiu, preocupado com o seu comportamento. Ele se dirigia para o carro e Nate correu para intercepta-lo.

_ Onde pensa que vai?

Mica o encarou com um olhar transtornado. Suas palavras, quando falou, assustaram-no.

_ Eu vou atrás desse infeliz. Vou encontrá-lo e vou mata-lo lentamente com minhas próprias mãos.

Deu-lhe as costas com a intenção de estrar no carro, mais foi impedido por um par de braços fortes. Natanael como bom advogado que era, preferia convencer as pessoas através das leis e das palavras. Mas como um legítimo Angelis, sabia usar a força como ninguém quando era necessário.

      "Anjo da Esperança"  ( Concluído )Onde histórias criam vida. Descubra agora