Capítulo 1, reescrito

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Arco 1
"Que seja eterno enquanto dure, e eu tô duro igual concreto

E ela quer eu duro igual concreto e que jure amor eterno

Eu fujo de afeto, mas confesso que tudo que tu faz me balança"

1Kilo


I

Henrique não se recorda de quando foi que calças de couro se tornaram um de seus fetiches – provavelmente em uma festa durante o ensino médio, com uma garota gostosa e uma dança provocativa –, mas se lembra muito bem da primeira vez que as viu no corpo de Yuuki Miyazaki.

Era início do ano letivo de 2017, Henrique estava começando seu segundo ano na faculdade de artes visuais quando se deparou com um novato na praça do Centro de Educação, Comunicação e Artes (CECA). Ele era loiro platinado, vestia uma blusa rosa bebê com mangas compridas e cheia de rasgos e furos, all stars também rosas e, o mais importante: calças de couro justas que delinearam suas pernas bonitas. O coração de Henrique até falhou uma batida e precisou chacoalhar a cabeça umas quatro vezes para que seu cérebro entrasse no lugar.

Depois disso, sonhando acordado com cenas eróticas envolvendo as coxas do dono das calças de couro, se enterrou durante um mês inteiro em pornôs com o que quer que encaixasse couro – fosse como calças, cintas, amarras, sendo couro era bom. Até chegou a terminar com sua namorada da época por quem, além de não sentir mais atração nenhuma, também não o ajudava na realização de nenhum de seus fetiches.

Descobriu o nome do garoto e seu ano por um par de amigos, sua orientação sexual e estado civil por outros, mas nunca chegou a se aproximar de Yuuki. Agora estavam ali, um ano e meio depois, na mesma festa, sob o mesmo teto, e com as mesmas calças justas de couro que, com a adição de álcool, quase faziam Henrique babar mais uma vez. Yuuki está sentado na bancada da cozinha, conversando com uns colegas de seu ano, e nem fazia ideia que seu veterano o observava há tanto tempo com tanto fervor.

Ele veste uma blusa de mangas longas listradas em preto e branco, uma camiseta preta enorme por cima, com uma harness de vinil sobre seu peitoral e o couro em suas pernas, com um tecido vermelho amarrado em sua coxa. Há um cigarro em uma de suas mãos e um copo do mascote do CECA – um Perry o Ornitorrinco, vestido de líder de torcida – ao seu lado. Seus lábios vermelhos abrem sorrisos lindos, que exibem seu piercing no sorriso e derretem a mente de Henrique cada vez mais.

— Vá falar com ele — Micah, seu melhor amigo, o cutuca, fazendo-o acordar de fantasias que criava em sua cabeça. Ele era bem branquelo, com um loiro meio amarelado claramente descolorido e não mais do que 1,70 de altura. — Você está de olho nele desde o ano passado e, se não fizer nada logo, Yves pode voltar e roubá-lo pelo resto da festa.

— Mih está certo, Rique — Joaquim, namorado de Micah, conclui, se agarrando ao corpo do mais velho. Ele era bem mais alto que Micah, com os cabelos castanhos claros presos em um rabo de cavalo baixo, e usava roupas andróginas que combinavam com suas feições e maquiagem. — Quando Yuuki e Yves se juntam, não falam com mais ninguém durante a festa inteira.

— Vocês são loucos — Henrique responde, negando com a cabeça, os cabelos enroladinhos e longos balançando para fora de seu gorro. — Yuuki está em um patamar inalcançável demais.

— Mih também estava, mas foi só eu tentar que consegui — o mais novo dos três declarou, apertando a cintura do namorado e beijando seu pescoço. Joaquim Marinho sempre tinha mais atitude depois de duas garrafinhas de corote, atitude essa que fez com que os selinhos que trocou com Micah se transformassem em beijos de língua e mordidas no pescoço.

lista de fetiches de um pansexual socialmente estranho | LFPSEOnde histórias criam vida. Descubra agora