Fetiche 1. Calças de couro

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Hyunjin não se recorda de quando foi que calças de couro se tornaram um de seus fetiches – provavelmente em uma festa durante o ensino médio, com uma garota gostosa e uma dança provocativa –, mas se lembra muito bem da primeira vez que as viu no corpo de Lee Yongbok.

Era início do ano letivo de 2017, o mais velho estava começando seu segundo ano na faculdade de belas artes quando se deparou com um novato no prédio de música. Ele era loiro platinado, vestia uma blusa rosa bebê com manga comprida e cheia de rasgos e furos, all stars também rosas e, o mais importante: calças de couro justas que delineavam suas pernas de dançarino. Hwang quase babou, precisou chacoalhar a cabeça umas quatro vezes para que seu cérebro entrasse no lugar.

Depois disso, sonhando com cenas eróticas envolvendo o dono das calças de couro, se enterrou durante um mês inteiro em pornôs gays com o que quer que encubasse couro – fosse como calças, cintas, amarras, sendo couro era bom. Até chegou a terminar com sua namorada da época que, além de não sentir mais atração nenhuma, também não o ajudava-o na realização de nenhum de seus fetiches.

Nunca chegou a se aproximar de Yongbok. Descobriu seu nome e seu ano por um par de amigos, sua orientação sexual e estado civil por outros. Agora estavam ali, um ano e meio depois na mesma festa, sob o mesmo teto, e com as mesmas calças justas de couro que quase transformavam Hyunjin em um animal no cio.

Yongbok está sentado na bancada da cozinha, conversando com uns colegas de seu ano, e nem faz ideia que seu veterano o observa há tanto tempo com tanto fervor.

Ele veste uma blusa de mangas longas listradas em preto e branco, uma camiseta preta enorme por cima, o couro em suas pernas e um tecido vermelho amarrado em sua coxa e tênis pretos. Há um cigarro em uma de suas mãos e um copo vermelho ao seu lado, seus lábios vermelhos abrem sorrisos que exibem seu piercing no freio superior, e derretem a mente de Hwang cada vez mais.

— Vá falar com ele — Minho, seu melhor amigo, o cutuca, fazendo-o acordar de fantasias que criava em sua cabeça. — Você está de olho nele desde o ano passado e, se não fizer nada logo, Yedam pode voltar e rouba-lo pelo resto da festa.

— Minho está certo, Hyunjin — Jisung, namorado de Minho, conclui, se agarrando ao corpo do mais velho. — Quando Yongbok e Yedam se juntam, não falam com mais ninguém durante a festa inteira.

— Vocês são loucos — Hwang responde, revirando os olhos. — Yongbok está em um patamar inalcançável demais.

— Minho também estava, mas foi só eu tentar que consegui — o mais novo dos três declara, apertando a cintura do mais velho e lhe beijando pescoço. Os selinhos se transformaram em beijos de língua e mordidas, que fizeram com que os gemidos da música de Luhan não fossem os únicos a serem ouvidos ali.

Hwang revirou os olhos e ajeitou seu gorro preto, depois fitou sua mão direita com uma rosa tatuada na lateral e suspirou, pensando no que fazer.

A partir daquele momento, tinha três opções: 1. Poderia ficar e assistir de camarote os seus amigos transando; 2. Poderia sair dali e dar um jeito de falar com o garoto que estava afim; ou 3. Poderia simplesmente ir embora daquela festa e ficar vagando pelas ruas como gostava de fazer.

Sem muito drama ou indecisão, pegou uma garrafa de cerveja importada de cima da mesa e seguiu para a porta que usou para entrar. Antes de cumprir sua missão de sair de lá, entretanto, teve os ombros abraçados e todo o peso de um corpo se jogando contra si.

Era Sunwoo, outro de seus melhores amigos, com um cheiro suspeito vagando seus arredores.

— Você fumou maconha, Sunwoo? — pergunta irritado, dando uma golada no líquido amargo em suas mãos.

— Não é porque eu cheiro à maconha que eu vou ter fumado, imbecil! — grita, rindo em seguida. — Tá, talvez uma tragadinha, sabe que eu não posso resistir à Sunhee com decote e meia arrastão.

— Saudades de quando você ficava com o Haknyeon, era tão equilibrado. Mas agora aí está você, correndo atrás de um rabo de saia — revira os olhos pela enésima vez naquela noite. — Mas o que você quer de mim?

— Acho que você deveria ser mais gentil com seu amigo de infância, sabe por quê?

— Hum?

— Porque esse cara aqui — apontou para si mesmo com os polegares — conseguiu o número do gostoso da calça de couro pra você.

— Por que, em sã consciência, eu precisaria do número dele?

Sunwoo revirou os olhos e puxou o primeiro conhecido que passou por si – Kevin Moon.

— Hey, Kevin — começou, dando soquinhos no braço do canadense. — Você não acha que o Hwang está com um péssimo humor ultimamente?

— Hyunjin está sempre com um péssimo humor, Wunie.

— Não acha que ele precisa de uma boa transa?

Kevin olhou para o mais novo, depois para Sunwoo. — Olha, ele não faz meu tipo.

— Não é sobre isso, otario! — esbravejou, dando um tapa na nuca de seu hyung. — Uma transa pra ele ficar de bom humor.

— Acho que maconha é mais efetivo.

— Aish, você não tem graça — o mais novo concluiu, cruzando os braços. — Certo, não transe nem ligue pra ele então, mas eu já te mandei o contato pelo Kakao, a partir de agora é com você. Aproveita que ele é gay, gostoso e tá solteiro!

Com mais uma revirada de olhos, o mais velho se dirigiu para a porta, mandou o dedo do meio para seu amigo de infância e começou a rodar pelas ruas de Suwon. Acendeu um cigarro, e bebeu sua cerveja enquanto simplesmente caminhava sem rumo, como gostava de fazer.

   Seu celular pesou em seu bolso, e ele passou a pensar nos prós e contras de tentar se comunicar com o garoto da calça de couro. Queria poder puxa-lo com confiança, empurra-lo contra a parede e morder seus lábios até ficarem dormentes. Queria amarrar seus pulsos e escutar seus arfares altos. Queria beija-lo e sentir seu piercing da língua que era comentado por todos os seus ficantes.

   Mas não queria apenas uma ficada, queria todas as possíveis e imagináveis fantasias de sua cabeça para serem realizadas por ele – e, vá por mim, eram várias.

   Afinal, o que mais um virgem faz além de imaginar?

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