Fetiche 4. Mãos

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Durante duas semanas inteiras, Hwang Hyunjin viveu o que por muito tempo pediu – tempo ao lado de um certo garoto australiano.

Todos os dias eles se encontravam na faculdade e seguiam para a casa do mais velho, que cozinhava algo e então passavam o dia todo pintando. Vez ou outra Felix posava para si, cantava algumas musicas enquanto tocava o ukulele do mais velho.

Aquela voz era uma perdição.

   Felix também decidiu que pintaria algo pra levar na avaliação – que é amanhã –, e finalmente estava acabando seu quadro com uma rosa em chamas.

   Algo que o mais velho descobriu, Felix tem muitas tatuagens perdidas pelo corpo. Não sabe o significado de cada uma, nem quais são todas elas. Descobriu que ele tem um sistema solar enorme em um dos braços quando puxou suas mangas pra cima, a pin-up marinheira na batata da perna quando usou bermuda, as fases lunares na lombar quando se deitou em seu sofá e sua blusa subiu.

As que mais lhe chamavam atenção, porém, eram definitivamente as delicadas do pescoço e as aleatórias dos dedos – principalmente a rosa em chamas perto de seu polegar. Estava fascinado pelas mãos do mais novo, o jeito que elas carregavam o pincel, como elas iam e vinham.

   Porque mãos másculas e, ao mesmo tempo, delicadas, sempre foram um dos seus fetiches. Mãos de garotas são fofas, com unhas bem feitas e tudo aquele fru-fru, mas as que carregavam alguns calos, às vezes com unhas roídas, tatuagens ah... essas eram as melhores.

   Queria encher a mão do australiano de beijos, morde-las e marca-las, sem nem mesmo se preocupar com a tinta tóxica em seus dedos.

   Queria que lhe tocasse com as mãos tatuadas, deslizando-as por todo o seu corpo. Também queria poder colocar os próprios dedos na boca do australiano e sentir os piercings em contato com sua derme, depois calá-lo com uma gag ball, amarrar todo o seu corpo, venda-lo e deixá-lo em sua cama e fazê-lo ir à loucura apenas usando palavras e vibradores e...

   Não queria que aquelas semanas acabassem, queria apenas tê-lo para si e mais para si.

   Mas como pediria?

   Não sabia nem mesmo iniciar uma conversa com o menor, que dirá chamá-lo pra sair.

E se ele não aceitasse?

Ou pior, e se aceitasse e Hyunjin tivesse que ficar dando as investidas sem expor seus fetiches estranhos? E se o Hwang tivesse que conversar sobre algo que não fosse arte e ficasse aquele clima estranho por não saber sobre o que falar??

Definitivamente, chamar o mais novo pra sair estava fora de cogitação.

— Hyung~

Mas como resistir quando tinha mais novo lhe chamando de hyung de uma forma carinhosa e lhe mandando aqueles olhares inocentes demais para o porte do próprio?

— Oi, Yongbok?

— Terminei! — conclui, puxando o mais velho e fazendo-o olhar o quadro. Estava muito bem feito, um realista meio cartoon. Dava para ver que Felix havia pesquisado muito para fazer as chamas de uma maneira aceitável, e a paleta de cores não tinha erro. Uma nota bem alta o aguardava, não tinha dúvidas.

— Omo, ficou muito bom — diz, sorrindo e chegando mais perto para observar corretamente. — Adorei o fogo, o contraste também está muito bom.

— Ya, assim você me deixa com vergonha — ri, mordendo o lábio inferior.

Ai porra, estavam perto demais, perto demais.

lista de fetiches de um pansexual socialmente estranho | LFPSEOnde histórias criam vida. Descubra agora