O bar é uma bela ilusão de ótica. Por fora parece ser minúsculo, mas por dentro se mostra ser enorme. Há um balcão para pedir bebidas, um palco onde uma banda meio morta está tocando e várias mesas para as pessoas se sentarem, mesmo que a maioria tivesse preferido permanecer em pé, seja para conversar ou balançar o corpo minimamente no ritmo da música lenta demais para trazer animação ao lugar. E ainda assim, sobra espaço para um grande ringue de boxe, meio afastado das mesas. O palco da luta ainda está vazio, mas pela quantidade de gente se juntando ao redor dele, posso deduzir que algo irá acontecer em alguns instantes.
Me aproximo dali, não achando necessário buscar uma bebida. Estava precisando permanecer sóbrio e bem das ideias para analisar meu pretendente a fundo e não acabar numa roubada como todas as outras vezes. Haviam poucas mulheres no bar, eu poderia contá-las nos dedos, e as que estavam presentes contavam com um braço masculino firmemente pressionado em suas cinturas, como que para marcar território.
Percebi quando um cara baixinho entrou no ringue e começou a se jogar contra as proteções elásticas ao redor dele, provavelmente para se certificar de que elas seriam seguras, e me vi entretido por seus movimentos. Era engraçada a forma como seu corpo pequeno se jogava sem dó, sem medo nenhum de cair do outro lado. E nessa distração, tomei um pequeno susto quando senti algo se arrastando em minha bunda.
Virei o rosto rápido, encontrando um cara barbudo atrás de mim, tentando passar por entre a aglomeração de pessoas que se formava.
– Com licença, bebê. – Ele disse, se espremendo na multidão e continuando seu caminho para longe de mim. Tinha quase certeza que ele havia passado a mão em mim de propósito, mas como já estava há uma distância considerável, não tive vontade de chamar sua atenção ou pensar demais nesse acontecimento.
– Façam suas apostas! – Uma voz forte soou no ambiente, chamando algumas pessoas para perto de si. – Minhyuk ou Jaehyo! A luta de hoje promete!
Se eu não estivesse num bar clandestino que nunca teria ouvido falar se não fosse por minha insistência em lugares suspeitos, diria que aquela voz não me era estranha. Mas julgando que a probabilidade de conhecer alguém justo aqui de todos os lugares era baixíssima, isso me parecia somente um truque da mente.
Quando a voz ficou mais perto, pude olhar para seu dono. E quase saí correndo ao ver que ele usava uma balaclava preta em seu rosto, que deixava apenas seus olhos e sua boca de fora, me dando o maior susto da noite. Não era o acessório mais bonito do planeta e a forma como seus lábios saltavam um pouco para fora da máscara dava um ar cômico à sua aparência.
– Minhyuk ou Jaehyo? – Disse, com uma prancheta em mãos, ao ficar a minha frente. Não ergueu o olhar para que eu pudesse enxergar seus olhos, observando os papéis de aposta com uma atenção desnecessária.
Ele esperou que eu respondesse, e julgando pela inquietude como seu pé batia contra o chão, sabia que estava demorando demais e podia até me meter em confusão se alguém se estressasse com o meu atraso.
– Minhyuk. – Falei, pois sinceramente não lembrava o nome do outro lutador. As pessoas que estavam ali já deviam saber os pontos fortes de cada um e estavam em vantagem, mas julgando pela quantidade de pontinhos que o nome daquele cara possuía na ficha que o garoto segurava, eu tinha feito uma boa escolha.
Eu sabia que tinha que dar dinheiro a ele, e quando sua mão foi estendida na minha frente, entreguei uma nota de cinquenta. Não queria passar vergonha jogando um preço baixo demais, mas não tinha dinheiro de sobra para sair gastando em apostas.
– Nome? – Perguntou, olhando rapidamente em minha direção antes se desviar para o papel novamente.
– Wooyoung.
VOCÊ ESTÁ LENDO
You Are So Good (At Being Bad)
FanfictionPela visão de uma cartomante, o futuro da vida amorosa de Wooyoung não era muito promissor. Ele estava destinado à um encrenqueiro de carteirinha, um cara que era a personificação do problema. Mas isso parecia pouco comparado a vontade que ele tinha...