O clima está diferente hoje. Não por causa do calor infernal que está me fazendo suar dentro dessa calça de couro, mas pela forma como me senti ao pisar no lugar que frequentei com tanto vigor nos últimos tempos. Tudo continuava da mesma forma, mas algo parecia diferente e isso talvez se justificasse pelo fato de que era eu quem havia mudado. A luta não me interessava, a briga após os apostadores perderem num esquema onde tudo era roubado não me deixava com medo de ficar ali e o corredor ao fundo do local não me chamava mais. Tudo parecia ter virado rotina, e minhas emoções nunca estiveram tão monótonas.
– Mais uma dose, cara? – O bartender perguntou depois do segundo copo de vodka, mas balancei a cabeça em negativa antes que ele o fizesse mesmo sem minha permissão.
– Não, valeu. – Respondi mesmo assim, me levantando para sair dali.
Andei diretamente até o cômodo onde passava a maior parte do tempo. Olhava para os lados, nervoso, temendo encontrar quem não queria. E assim que cheguei à porta por onde passava todas as noites, me deparei com um rapaz de cara não muito agradável e braços cruzados à minha frente.
– Com licença.
– Você não pode entrar aqui. – Ele disse, me olhando com um ar de superioridade.
Ergui uma das sobrancelhas, intrigado. Aquilo nunca havia acontecido antes.
– Como não? Eu sempre entro aqui.
– Hoje não.
Minha boca estava aberta e eu estava intrigado pelo comportamento ácido do garoto que não moveu um músculo ou deu a entender que estava fazendo uma brincadeira. Fiquei nas pontas dos pés para poder espiar sobre o seu ombro, e observando a sala com atenção, pude ver Minhyuk debruçado sobre uma das mesas.
– Relaxa, Lee. Ele tá comigo. – O lutador disse numa voz tediosa, sequer erguendo o olhar para se certificar de quem se tratava.
O rapaz não hesitou em me dar passagem assim que ouviu a ordem, me deixando com vontade de socá-lo nos testículos. Lhe lancei um olhar inconformado antes de começar a entrar no quarto, fazendo questão de fechar a porta ao completar essa ação. O barulho havia sido um pouco alto, mas eu não me importava, achando mais interessante verificar o estado de Minhyuk.
Ele se apoiava sobre a mesa, o olhar fixo em uma de suas mãos. Os dedos habilidosos rolavam um anel dourado como um pião, e ele observava aquilo como se fosse muito curioso. Seu rosto estava um pouco machucado, o que me fez perceber que estava tão desligado que não percebi que ele tinha lutado na performance de hoje. Pelo estado em que se encontrava, parecia ter perdido a luta, mas aquilo pouco tinha importância por saber que ele iria receber o mesmo salário ao final do mês.
– Qual é a dele? – Perguntei, me referindo ao pseudo-guarda da porta.
– Ele só tá empolgado demais.
Ele ainda olhava o anel e um dos seus ferimentos do rosto sangrava, ameaçando escorrer por sua bochecha.
– Ok...? – Esperei uma explicação que não veio, e acabei por me sentar na cadeira próxima a sua. – O que aconteceu?
Ele parou de movimentar os dedos, encarando meus olhos pela primeira vez. Parecia não entender por que eu estava perguntando aquilo, e não estava disposto a responder. Ainda assim, suspirou, deixando a cabeça descansar sobre o antebraço na mesa que rangeu com o peso. Observei a forma como estava abatido, por um segundo considerando a possibilidade de ele ter ficado realmente triste por ter perdido.
– Eu ia pedir uma pessoa em casamento hoje.
Ergui as sobrancelhas, não conseguindo processar sua frase.
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You Are So Good (At Being Bad)
FanfictionPela visão de uma cartomante, o futuro da vida amorosa de Wooyoung não era muito promissor. Ele estava destinado à um encrenqueiro de carteirinha, um cara que era a personificação do problema. Mas isso parecia pouco comparado a vontade que ele tinha...