Estou te procurando incessantemente

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Pela primeira vez em algum tempo, o dia havia amanhecido um pouco mais iluminado. Acordei com um sorriso depois de sonhar a noite inteira com o meu par ideal, que ainda não tinha rosto, mas eu já era completamente apaixonado. E mesmo depois de Yeosang dizer que eu estava parecendo um psicopata, meu humor não mudou. Escovei os dentes enquanto murmurava uma música feliz e nem mesmo engasguei quando arrastei a escova na língua! Tudo estava dando certo e eu esperava que continuasse assim até que eu finalmente concluísse meu objetivo.

Em dias normais, eu e meu colega de casa nos arrumaríamos e esperaríamos Seonghwa passar em frente à nossa casa com seu Jipe branco, mas eu estava sentindo vontade de aventura. E qual aventura melhor do que pegar o transporte público?

Me despedi do rosado e segui até o ponto mais próximo, que não era tão perto, mas me dava mais oportunidade para observar o mundo ao meu redor. Quem sabe algum zé-ruela da minha rua não seria o amor da minha vida e eu nunca tinha parado pra perceber isso? Então, a passos saltitantes e mãos firmes em minha mochila, caminhei tranquilamente, sem medo de me atrasar por ter acordado muito mais cedo que o necessário.

Havia apenas um senhor de idade esperando o ônibus comigo, e ele cuspia no chão a cada dez segundos. Estava prestes a desistir dessa ideia que não tinha muito cabimento, mas o automóvel começou a dar as caras na esquina. Me levantei rápido, não querendo passar nem mais um segundo ao lado daquele cara que parecia mais uma fonte esguichando saliva frequentemente.

Pisei os pés naqueles degraus meio incerto do que poderia acontecer. Fazia um tempão que não pegava ônibus e o namorado burguês do meu amigo era o culpado disso. Quando tentei passar pela catraca, uma moça sentada ao lado dela estendeu a mão em minha direção.

– Quatro e quinze. – Disse, o rosto portava uma expressão entediada. Franzi as sobrancelhas, não entendendo o que ela queria dizer. – O valor da passagem.

Soltei um "ah!" depois de me tocar que precisava pagar antes de entrar, e comecei a procurar algum dinheiro em minha carteira. E não sei como fui esquecer completamente que tinha torrado toda a grana que tinha no parque ontem à noite.

– Se não tem dinheiro, vaza. – O velho atrás de mim reclamou, seu jeito de falar fazendo com que ele cuspisse em meu braço.

Fiz uma careta de nojo e tive certeza que iria sair dessa situação traumatizado, mas antes que pudesse dar a volta para descer do automóvel, um som fino soou a minha frente. A catraca tinha sido liberada e um pouco a frente dela estava uma pessoa que eu não esperava encontrar.

A mulher que antes tinha me cobrado o dinheiro colocou a mão em minhas costas para me empurrar antes que o tempo se esgotasse e a catraca fosse bloqueada novamente. Assim que passei por ela, o ônibus começou a se movimentar e a inércia fez o seu trabalho ao me jogar para a frente. Acabei sendo amparado pelos braços do garoto que havia pagado a passagem pra mim, e tudo o que eu queria era esconder meu rosto no primeiro buraco que encontrasse.

– Você tá bem? – Ele disse, segurando o riso, e eu ajeitei os cabelos antes de assentir. Jongho sorriu e se desvencilhou de mim, voltando ao seu assento e me deixando no meio do ônibus enquanto eu procurava me agarrar no lugar mais próximo para não me espatifar no chão.

A poltrona ao seu lado estava vazia, e como ele era o único rosto conhecido naquele monte de pessoas que provavelmente estavam me achando ridículo, me sentei ali.

– Bom dia! – Disse, tentando resgatar meu bom humor que quase tinha sido jogado pela janela poucos instantes atrás. – Muito obrigado, você salvou a minha vida.

– Você não sabia que precisava pagar pra pegar o ônibus? – Perguntou, rindo, colocando a mão em frente a boca para esconder o sorriso. Estava usando seus óculos enormes hoje, mas como eu tinha reparado em como seus olhos eram bonitos, ainda conseguia vê-los claramente.

You Are So Good (At Being Bad)Onde histórias criam vida. Descubra agora