A droga do seu toque me deixa louco

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Eu estava lá no dia seguinte, e no próximo, também. Assim que eu chegava no ambiente, San fazia questão de me encontrar e me manter ao seu lado, mesmo que reclamasse de como eu era irritante a cada segundo. O perseguia por todos os cantos por não ter nada melhor para fazer e por ser o que eu realmente queria fazer. A luta do dia pouco me importava, e acabei postando um valor mínimo somente para disfarçar o meu descaso. A rotina do bar seguia um padrão todos os dias, e acompanhando o guarda por algum tempo, já sabia qual tarefa ele devia fazer em qual horário. Sendo assim, sabia quando ele estava sem nenhuma responsabilidade, aproveitando um pouco de tempo livre, e era nessa hora que poderia fazer o que quisesse.

Era curioso ver o seu relacionamento com os clientes. Ele parecia conhecer todo mundo ali, e os tratava de forma leve a não ser que algum deles resolvesse não pagar o dinheiro que estava devendo ou estivesse arranjando confusão com as outras pessoas.

– Uma rodada? – Um dos caras que estava na mesa de sinuca ofereceu, se dirigindo ao moreno ao meu lado. – Apostando uma dose dupla de vodka.

– Prepara a garganta, patrão. – O Choi respondeu, esfregando as mãos uma na outra em preparo para o jogo.

Claro que eu fui junto, o seguindo de perto. Ele parecia saber o que estava fazendo quando pegou o taco e o preparou, esfregando um cubinho de giz na ponta. Sua postura era impecável e ele não parecia nervoso, mas descobri que era tudo pose quando sua tacada não chegou a lugar nenhum. As bolas rolaram sem coordenação, passando o mais longe possível de todos os buracos da mesa, mas mesmo assim, ele ainda parecia confiante.

– Tem certeza que você sabe o que tá fazendo? – Perguntei com uma sobrancelha erguida.

Não usava mais o curativo no nariz, mas ele ainda estava um pouco dolorido e sensível ao toque. Yeosang arranjou uma confusão enorme quando viu meu estado ao chegar em casa aquele dia, mas se conformou com minha desculpa de que tinha batido com a cara na pia enquanto estava bêbado. Era o terceiro dia depois da cotovelada, o que significava que se Minhyuk houvesse realmente me dito a verdade, voltaria ao bar amanhã.

– Ele finge que sabe alguma coisa! – Um dos homens exclamou, os braços cruzados e um sorriso glorioso no rosto depois de conseguir encaçapar uma das bolas.

San balançou a cabeça em negação, lançando sua jogada. Ele não marcou nenhum ponto, mas a bola passou perto o suficiente do buraco para que os homens fizessem barulhos de suspense. Era a vez de um dos caras agora, e de primeira, ele conseguiu marcar. Eles comemoraram entre si, dando tapas um no outro que pareciam dolorosos demais para serem amigáveis.

Como estávamos jogando em dupla, era minha responsabilidade fazer um ponto para empatarmos. E em toda a minha vida, nunca pensei que jogaria sinuca com homens de mais de trinta anos que se vestiam como motoqueiros e ficavam animados com uma coisa tão pequena, então é claro que fui péssimo.

San tinha a mão na minha cintura e apoiou a testa em meu ombro quando riu da minha jogada horrível, sendo acompanhado pelos outros dois que arranjaram um motivo ótimo para me zoar. Em outra situação eu ficaria chateado com os risinhos maldosos, mas prestava atenção demais nas mãos calorosas que tocavam minha pele mais que o necessário. E durante todo o jogo, ele continuou perto, pegando em minhas mãos, meus ombros e minha cintura com uma naturalidade que fazia meu estômago se revirar sem que eu entendesse o porquê.

Com minhas habilidades medíocres e a experiência dos caras, não tivemos chance de ganhar aquele jogo. Ao fazerem a última bola cair no buraco, eles se abraçaram pelos ombros e começaram a cantar algo que parecia torcida de time de futebol. O Choi negava com a cabeça, deixando o taco sobre a mesa antes de despejar a bebida alcoólica em pequenos copos de dose.

You Are So Good (At Being Bad)Onde histórias criam vida. Descubra agora