Suas provocações são irritantes

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No dia em que recebi uma bela cotovelada no rosto, fiz de tudo para passar despercebido por Yeosang. Ao chegar em casa de madrugada, andei na ponta do pé para não fazer algum barulho que pudesse acordá-lo, e evitava deixar que ele olhasse diretamente para meu rosto. Mas, como eu já esperava, é praticamente impossível esconder qualquer coisa do garoto, e quando ele viu o machucado em meu nariz, soltou um grito que pôde ser ouvido do outro lado da rua.

– O que aconteceu com o seu nariz?!

A região possuía um tom roxo claro, e estava um pouco inchada, mas nada que podia ser considerado grave. Porém, para Yeosang, um machucado que eu havia feito esforço para esconder significava que algo de muito ruim estava acontecendo.

– Eu bati na porta do quarto. – Disse, não dando muita atenção a ele enquanto fazia um sanduíche de queijo.

O Kang não se satisfez com a resposta, por mais que eu estivesse rezando com toda a minha fé para que acreditasse. Fez questão de se colocar a minha frente, os braços cruzados e uma expressão desapontada, talvez até um pouco irritada.

– Se você não me contar o que aconteceu eu nunca mais vou falar com você.

Revirei os olhos, sabendo que ele faria essa ameaça. Sempre era a mesma frase, e sempre dava certo. Eu já tinha levado aquelas palavras em brincadeira, e tive que implorar de joelhos depois de duas semanas passadas sem que ele trocasse uma palavra comigo. Não queria repetir essa situação mais uma vez, então, deixando meus ombros caírem com um suspiro, expliquei da melhor forma.

– Foi um acidente. Fui separar uma briga e ele acabou me machucando sem querer.

Ele permaneceu em silêncio, na mesma posição. Pensou por alguns minutos, o som do queijo derretendo na chapa sendo a única coisa a ser ouvida naquele momento. Resgatei o prato para levar meu lanche para a sala, me sentando no sofá e tentando assistir minha série favorita até ele voltar a falar. Se sentou ao meu lado, as mãos em minha coxa e um rosto sério.

– Tem certeza que foi sem querer?

Dei uma risada curta, mordendo o sanduíche e colocando o programa em pausa para lhe dar atenção.

– Tô falando sério, Wooyo. – Continuou. – Esse cara não tá te batendo, né?

– Yeosang. Eu não deixaria um cara me bater tão fácil assim. – Respondi, o encarando como uma forma de passar segurança. – Pode acreditar, ele não faria isso.

Ele ainda tinha uma expressão meio duvidosa. Brinquei com os farelos de pão no prato, tentando pensar numa forma de convencê-lo das minhas palavras.

– Ele é atencioso, só finge que não é pra se fazer de durão. – Falei, tentando segurar o sorriso. – Ele é fofo mesmo sem tentar e ao mesmo tempo tão sexy que me deixa louco.

Desviei o olhar para a televisão, que estava pausada numa cena típica de romance clichê. O casal estava tendo um encontro romântico, uma toalha no chão e velas espalhadas por toda a parte enquanto eles comiam morangos e sorriam um para o outro. Suspirei ao ver aquilo, imaginando se ainda ia demorar muito para que eu conseguisse aquilo. O dia dos namorados estava se aproximando cada vez mais, e minha cabeça não conseguia se fixar no objetivo real, se distraindo no meio do caminho por culpa de uma pessoa que não deveria andar tanto pelos meus pensamentos como fazia.

– Você nunca nem me disse o nome dele... – Resmungou, aceitando minha resposta apaixonada e passando para a tática de tentar receber mais informações.

– Ah, o nome dele?

Estava ferrado. Não sabia em quem exatamente estava pensando ao falar aquelas coisas pra Yeosang. Ou sabia, mas não queria admitir. Deveria estar ficando louco. Por mais que Choi San fosse charmoso e não precisasse de muito para me deixar aos seus pés, ainda era Minhyuk por quem eu estava apaixonado e queria um futuro numa casinha no centro com dois gatos.

You Are So Good (At Being Bad)Onde histórias criam vida. Descubra agora