Você me deixa embriagado

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O relógio me dizia que já eram quase sete da noite. Como Choi San havia dito, cheguei nessa porra de loja às seis, até mesmo antes, e estou plantado como um idiota ao lado da porta que faz um som irritante de sino toda vez que alguém entra ou sai. Minha jaqueta já havia deslizado dos ombros para os cotovelos, e com um dos pés apoiado na parede, esperava não tão pacientemente. Prometi que só ficaria ali por mais dois minutos.

Quando meu suspiro de desistência se fez presente, ergui o olhar uma última vez para me certificar que ele não estava vindo mesmo, mas levei um pequeno susto ao localizá-lo do outro lado da rua. Ele tinha os braços cruzados, olhava fixamente para mim por sei lá quanto tempo, e portava um sorrisinho sacana no rosto que eu estava louco para tirar.

Estava vestido com uma blusa vermelha apertada e curta demais, me deixando ver a cintura que parecia impossivelmente fina para um homem musculoso como ele, e os primeiros gominhos de seu abdômen. Sua calça estava colada ao corpo, e eu tive que me segurar para não encarar o que ele trazia entre as pernas. A curiosidade de ver se ele possuía algo marcado era grande, mas sabia que se minha visão abaixasse mais um pouquinho, ele perceberia e me zoaria para sempre. Seus cabelos estavam grandes o bastante para que ele pudesse os pentear para o lado, formando ondulações que combinavam perfeitamente com seu rosto.

Ele atravessou a rua sem dar muita importância aos carros que passavam, não desviando o olhar de mim uma única vez. Seus olhos já haviam analisado cada parte do meu corpo, mas ele fazia questão de verificar diversas vezes, acabando por demorar mais que o necessário para se fazer perto.

– Você tá gostoso demais nessa roupa.

Revirei os olhos, vestindo minha jaqueta apropriadamente. Ele continuou se aproximando até estar mais perto do que o esperado, uma das pernas praticamente entre as minhas. Recostei o punho fechado em seu peitoral, o impedindo de continuar a se colar em mim.

– Por que demorou tanto, porra? – Falei, as sobrancelhas franzidas.

– Por que me esperou tanto? – Devolveu com um sorriso cínico.

Um novo suspiro, dessa vez de decepção. Me movi para poder desviar de si e ir embora dali, mas ele segurou em minha cintura com as mãos firmes, me trazendo de volta.

– Me desculpa. – Pediu, mas o sorriso contrastava com suas palavras, como se ele estivesse achando aquilo muito engraçado. – Eu tive que subornar alguém pra ficar no meu lugar. Me dá um desconto, amor.

Fiz uma careta ao escutar aquele apelido, o empurrando mais um pouquinho, mas ele não saiu do lugar. De fato, conseguiu vencer minha força sem tentar muito, acabando por colar seu peito ao meu e enfiar seu rosto em meu pescoço, fungando meu perfume parcelado.

– Cheiroso. – Elogiou, e mesmo que ele também estivesse exalando um aroma delicioso, não quis retribuir o comentário.

Ele enfiou os dedos na gola alta de minha camisa, a puxando para baixo para que seus lábios acariciassem minha pele, me obrigando a fechar os olhos com um pouco de força para manter o autocontrole. Queria que ele se afastasse, mas as palavras pareciam ter fugido de minha mente. Não conseguia dizer para que saísse.

– Idiota, você não vai... me distrair... assim. – A fala era cortada pelas sugadas um pouco mais fortes que ele deixava, não o suficiente para que ficasse marcado. – Me chamou aqui pra isso?

– Estava com saudades. – Sussurrou pateticamente, deixando um último selar ali para que pudesse me encarar de novo.

Seu olhar estava em meus lábios e ele sabia que eu podia notar. Mesmo assim, não tomou iniciativa para um beijo ou insinuou que iria fazê-lo, apenas ficou me olhando por um tempo que me deixou ansioso.

You Are So Good (At Being Bad)Onde histórias criam vida. Descubra agora