Wildflower | Hanahaki Fic

#08

A firme voz estridente saudou-o da porta, o removendo completamente de seu transe.

Parecia gentil. O tom que ele usou para liberar suas palavras, apesar de sua voz notavelmente grossa, era doce e brilhante, quase feliz.

Aquilo gerou uma revolução de aborrecimento e exasperação dentro do estômago de Riki, que ainda estava de costas com os olhos fixos no vidro da janela.

Naquele momento de sua doença, estava tão acostumado e cansado das pessoas que tentavam, com um sorriso falso e palavras vazias, mudar seu modo de pensar.

Seus ânimos estavam no chão para receber vem essa interrupção. Queria continuar dormindo, queria aproveitar ao máximo a tranquilidade do momento antes de um ataque de flores pegá-lo de surpresa novamente.

No entanto, ninguém naquele recinto parecia querer deixá-lo sozinho.

—Você veio me pedir para não morrer ou...? -não só hostil, mas sua voz soava extremamente dura e fraca naqueles dias, rasgava como uma lixa e parecia desmoronar como paredes toda vez que era usada.

Apenas falar havia se tornado uma tarefa difícil.

Era tão patético; como sua existência se viu reduzida a montanhas de escombros graças ao mundo e, acima de tudo, graças ao amor.

Em algum momento de sua vida, não tão longe, mas de alguma forma, parecia verdadeiramente distante, Riki gostava de dançar e cantar mais do que qualquer coisa.

Jake o aplaudia animadamente toda vez que o fazia e garantia que suas melodias eram ainda mais puras e quentes do que uma xícara de chocolate quente no meio do inverno "uma das coisas mais belas que meus ouvidos chegaram a apreciar. É como ver montanhas de cores se fundindo em uma dança com o ar", dizia.

Desde criança, ele se convenceu com determinação de que, quando mais velho, se tornaria um grande cantor ou dançarino. Talvez fosse ambicioso, mas aspirava a ser considerado uma das melhores vozes da Coréia e do Japão.

Naquele exato momento, aquelas lembranças que rolaram sua mente, saudando-o, pareciam uma piada de mau gosto.

Tantas audições para as quais ele não pôde comparecer, tantas oportunidades perdidas... Já não doía, o gosto azedo era tão recorrente que se tornara imune a ele.
Sonhos eram inúteis uma vez que sua sentença estava ditada.

Riki testemunhou a verdade dessas palavras a partir do momento em que o nome de sua suposta alma gêmea decidiu não aparecer em seu pulso.

—Nah. Apenas vim para lhe dar outras opções, caso mude de idéia. Não vou julga-lo se você decidir acabar com tudo de  qualquer maneira. As pessoas dizem que morrer é o caminho mais fácil, quando na realidade é igualmente difícil. Você deve ter muitas coisas para pensar. - o menino Heeseung suspiros de maneira relaxada; para falar a verdade, essa reação negativa já era esperada - sabe? Eu sou como você. Nunca desenvolvi um nome a quem deveria ser destinado e também sofri de hanahaki. Na época, queria que a doença me matasse de uma vez. Não queria saber nada sobre o futuro se não fosse com... Bem, a pessoa que eu amava tanto. Sempre me perguntei coisas como... "irei servir no mundo não tendo uma alma gêmea??", "vão continuar me tratando como um esquisito?”, " Vale a pena viver, de não for com aquela pessoa?” me sentia culpado por querer desistir de tudo, minha família, meus amigos. Na minha cabeça eu era um monstro, era um problema.

Riki virou-se com incômodo fixando seu olhar no jovem de olhos brilhantes. O impulso de chorar o ameaçava novamente, mas foi capaz de reprimir e a única coisa que fez em seu lugar, com a voz quebrada, foi perguntar:

-e o que aconteceu depois?

Os lábios alheios curvaram-se suavemente para cima.

-Decidi viver. Porque você pode, porque lá fora Há mais do que apenas dor para pessoas como nós, Hoobaemin. Não vou mentir, sim, custa. Algumas pessoas se afastaram de mim, eu recebi palavras ofensivas e tratamento deplorável. Mas sabe? Quando vejo minha família, quando compartilho meu tempo com novas amizades, quando me dou conta de que, mesmo não tendo a capacidade de me apaixonar, amo de muitas outras maneiras... Não me arrependo. Pense nisso, Riki. Afinal, a decisão final cabe a você.

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—Hee... Obrigado. -Disse Kely que o esperava no lado de fora do cômodo- Jake realmente não conseguia dormir pensando no amigo. Está tão devastado, vê-lo assim me machuca tanto...

—Hm -Heeseung assentiu e sorriu de forma desinteressada. Tudo o que ele precisava naquele momento era continuar andando para frente, perdendo-se entre as pessoas aglomeradas naquele corredor estreito do hospital.

No entanto, uma mão o parou, segurando-o pelo pulso.

Talvez em outro momento, anos atrás, aquele pequeno gesto tivesse feito com que seu coração quase pulasse para fora. Agora, estava apenas irritado.

—sério, obrigado por fazer isso pelo Jake.

—Eu não fiz isso pelo Jake, eu não podia me importar menos. Eu fiz isso pelo garoto. Você, de todas as pessoas, deveria ser capaz de entender como me sinto a respeito desses casos. Agora, se me der licença, eu realmente quero ir.