13 de maio de 1912
maxine estava sentada no corredor, segurando um coelho de pelúcia esfarrapado que vinha das subprofundezas do sótão. através de uma das (muitas) janelas da casa, ela assistia o pôr-do-sol.
mais ao fundo, prestava atenção nas badaladas do sino da igreja local, marcando o início da enésima missa do dia, às seis horas da tarde.
o ruído tétrico da colisão dos solados desiguais contra a madeira se arrastava decrépito pelas lúgubres escadarias. jung assistia à chegada da forma de carne e osso daquilo que a menina mais detestava: suzanne queria alguma coisa com ela ― seu pai e irmã estavam no andar de baixo.
− ei piolhenta, está a fazer o que aqui? ― choi questionou.
− ...nada, senhorita, nada. ― a mais nova afirmou.
− está certa disto?
− aham.
− de qualquer modo, venha comer. a sopa ainda está quente, então seja ligeira, menina. ― ordenou a governanta.
− não tenho fome, suzanne. não estou disposta o suficiente para descer. ― a menina suspirou, mantendo o coelho firmemente em suas diminutas mãos.
− pois fique aí sem comida, pirralha desgraçada! ― a choi deixou a menor sozinha, como sempre.
maxine se levantou e foi para seu quarto, com o coelho em sua mão direita. suspirou e deitou-se na cama, a ver o teto. em poucos segundos, contava baixinho cada uma das manchas de mofo na parede, chateada com tudo e todos.
até que ouviu um barulho em sua janela.
ajoelhou-se sobre a cama e viu valentin ali, chamando por ti. em questão de segundos, estava correndo em seu encontro, curiosa.
− o que aconteceu, valentin? ― klara questionou.
− eu fiquei com saudades. ― hui-ting respondeu.
− ...oh. ― a mocinha quis confirmar ― saudades de mim? certeza?
− ...certeza sim. é que já faz um tempo que a gente não se fala, max. ― valentin ficou tímido.
maxine não sabia muito bem o que falar.
− cadê seus pais? ― ela perguntou, tímida.
− foram à missa das seis horas, como sempre. ― ele afirmou, olhando ao redor sem fazer contato visual ― benedict, esther e rudolf foram junto. eu fiquei com augusta e gretel.
− e quando ao resto dos seus irmãos? ― maxine indagou.
− ah sim... ― valentin memorou os feitos dos cinco outros irmãos ― bem, wolfgang foi trabalhar, albrecht está no seminário, como eu provavelmente comentei antes, ilona foi ao convento visitar uma amiga, gustav foi na cidade e tatyana... sei lá. ― ele nunca sabia onde tatyana estava.
− oh.
− ...mas eu ouvi minha mãe falando sobre médicos com ela, ou algo assim... e ela está meio estranha. ― respondeu o wong.
− espero que não seja nada de mais. ― maxine afirmou, em tom de consolo.
− também espero. ― o menino afirmou ― você ainda está brava comigo?
maxine hesitou antes de dar a resposta.
− não estou. ― jung suspirou ― me desculpa por ter ficado brava com você, valentin... eu não queria ter te deixado triste.
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SENSŌ GA OWATTA TOKI
Ficción históricaalemanha, 1912. maxine jung é uma jovem menina alemã que vive no sudeste da baviera; com sua personalidade estoica, ela tem total certeza de que as tensões na europa podem gerar algo pior; infelizmente, ela está certa. ― ficção histórica, romance e...