v · adversárias em potencial

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14 de maio de 1912

a despeito da briga que teve com diehl, maxine teve um dia bem melhor na escola do que costumava ter. enquanto hildegard ficava para trás, maxine, valentin, elena e rue planejavam passar o dia em weinfurt.

em suas bicicletas, pedalaram até a cidade enquanto conversavam e sentiam o vento em seus rostos. o céu estava mais azul naquela terça-feira e o clima estava ameno. sentia-se também um cheiro de terra molhada e as aves ao redor harmonizavam um onírico concerto.

conforme as rodas das bicicletas resvalavam o chão de terra, a parte urbana de weinfurt via-se mais achegada. perto de algumas árvores, os estudantes fizeram questão de achar uma forma de proteger as bicicletas. então começaram a andar pela cidade. perto de uma padaria, espiaram os pães doces que tinham acabado de sair do forno, antes que o dono do estabelecimento viesse repreendê-los por "vagabundearem em frente à padaria e não comprarem nada". os pães pareciam ótimos, mas não deviam valer muito à pena justamente por causa do padeiro: decidiram olhar outras lojas.

primeiro foram à vitrine de uma papelaria, onde uma caixa de lápis de cor parecia ter interessado valentin - maxine reparou no interesse do wong pelo objeto, o que lhe deu uma ideia. então, viram uma confeitaria, cujo bolo de casamento em exibição apanhara os olhares do grupinho: era um bolo de cinco andares, com calda de chocolate escorrendo pelos lados, e flores de papel cor-de-rosa decorando a base e topo.

− queria me casar só pra comer esse bolo... ― elena comentou.

− valen... e se a gente se casar, comprar esse bolo e comer ele? ― maxine sugeriu, com ambiguidade entre a piada e o sério.

− aceito. ― disse wong.

rue olhou quanto dinheiro tinha, e quanto custava o bolo: tinha 15 marcos de ouro e o bolo custava, de acordo com a etiqueta à frente, 1 200 marcos de ouro¹.

− e se a gente comprar outra coisa doce e mais barata lá dentro pra acabar com a vontade? ― november sugeriu.

− ok. ― todos concordaram.

então entraram na confeitaria. entre as muitas guloseimas que estavam à exibição de qualquer um que fosse comprar, havia uma caixa de quatro bolinhos decorados com cobertura de chocolate e açúcar. elena fora a primeira a ser afetada pela sinestesia: era como se um cubo de açúcar enorme tivesse socado sua face - assim como max fizera com peter mais cedo; rue sentia-se como se o céu fosse de açúcar estivesse nas nuvens; valentin parecia ter seus olhos colados no alimento e maxine sentia-se hipnotizada pela ideia de comer um desses.

− senhor, quanto custam 4 bolinhos destes? ― rue perguntou, apontando para a caixa.

− doze² marcos de papel ― o homem respondeu.

rue entregou o dinheiro.

− voltem sempre! ― o simpático padeiro entregou a caixa vermelha de metal, onde lia-se "mit liebe von der familie bauer hergestellt³" e havia um desenho de uma família de padeiros - incluindo crianças - e alguns anjos da guarda abaixo.

− está bem! ― rue sorriu.

os quatro estudantes sentaram-se num banco em frente ao estabelecimento. rue, sentada à extrema esquerda, abriu a caixa que tinha sido fechada na compra e pegou um dos bolinhos, depois passou para ellie, que fez o mesmo e passou a mesma para maxine, que repetiu a ação e passou para valentin. os quatro comeram os bolinhos: era como se estivessem no paraíso - até mesmo para maxine, que era ateia - e aqueles bolinhos os mostraram o que era ir ao "reino dos céus" sem ter que morrer. nenhum deles tinha comido nada tão bom.

SENSŌ GA OWATTA TOKIOnde histórias criam vida. Descubra agora