NOTAS DA AUTORA
I. para maior entendimento do trecho onde é cantado o hino do império alemão, recomendo ouví-lo antes ou durante a leitura da cena (https://youtu.be/db6FPHtEJRA)
II. a tradução está disponível no vídeo e no final do capítulo (ver anexo)
III. mais perto do final (parágrafo imediatamente após "der bahnhof") há uma descrição breve de violência, caso haja desconforto é sugerido pular um pouco ou deixar o capítulo.
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6 de janeiro de 1913
tendo celebrado as festividades observadas nos meses de dezembro e janeiro, os cidadãos de weinfurt agora encontravam a necessidade de atender a escola e o trabalho, de certo modo involuntariamente. na residência jung, o dia 1º de janeiro compreendia também o aniversário de sua mais jovem integrante. para que não fornecesse à irmã sentimentos de abandono - como de costume - martha permitiu que a tinta da caneta sangrasse no papel de modo que formasse palavras de amor e apreciação efêmera, esperando que maxine gostasse e estimasse a carta.
agora aos treze anos de idade, maxine klara jung caminhava cada vez mais distante de sua infância e das memórias que esta carregava.
levando em seus vultosos, purpúreos olhos um olhar de pesar e desespero, ela retornou ao liceu. os fios castanhos de seu frágil cabelo agora estavam parcialmente hasteadas por um pedaço vermelho de seda, e cobertos por uma touca tricotada à mão. apenas um fino casaco a protegia do rigoroso inverno, contra a visão de um requintado casaco que ornava seu delgado corpo com maneiras delicadas ao que a mais velha - de quase quinze anos de idade - ajustava seu novo chapéu, que tinha uma grande aba, usando suas ornamentadas luvas roxas. se maxine tivesse recebido mais que metade de um bratwurst, um quinto de uma jarra de leite e dois pedaços de pão para seu café da manhã especial e mais que um velho cachecol de segunda mão, um rosário quebrado, uma velha foto de maria com o bebê jesus e uma oração escrita atrás, um pedaço de pano - sob o pretexto de material de costura - e um pedaço de porcelana pintada como presentes, ela seria a menina mais feliz de toda a alemanha, até se fosse amada mas não recebesse nenhum presente. maxi tinha visto martha receber luxuosos presentes no natal de todos os parentes, incluindo bonecas, joias e chapéus, enquanto segurava apenas um bule de chá antiquado e uma boneca de pano.
agora, as duas filhas da família jung pisavam fora de casa para atender a escola, novamente atingidas por uma amarga ansiedade. a própria maxine não tinha saído de casa para brincar com seus amigos, sendo apenas permitida do lado de fora para executar tarefas e atender a missa, contra os seus desejos.
era hora de cruzar a ponte, detestada por muitos dos estudantes e suas tábuas podres e cordas rompidas datando mais de meio século.
- maxi, posso cuidar de seus livros enquanto cruza a ponte?
- não, obrigada.
na noite anterior, havia chovido muito. poças e lama se mostravam quase que onipresentes, mas a das vestimentas mais chiques aparentemente não se importava: a distraída martha caiu bem dentro de uma poça e gritou em horror ao que via seu casaco azul se tornar marrom.
caso maxine tivesse confiado seus livros às mãos grosseiras de martha, estes não mais carregariam as palavras julgadas necessárias para a expansão de seu conhecimento.
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SENSŌ GA OWATTA TOKI
Ficção Históricaalemanha, 1912. maxine jung é uma jovem menina alemã que vive no sudeste da baviera; com sua personalidade estoica, ela tem total certeza de que as tensões na europa podem gerar algo pior; infelizmente, ela está certa. ― ficção histórica, romance e...