V. I. P

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 curta e comenta

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Sarah Andrade Intersexual

Aqueles números, eram aqueles malditos zeros que me faziam ter que aceitar aquele tipo de trabalho infeliz, mas que era extremamente necessário.

— E então senhorita Andrade, você aceita a proposta? - Carla me perguntou impaciente e eu concordei assinando os documentos necessários para a minha contratação.

— Você sabe como funciona. Tem direito a ter dois membros na equipe e outro veículo além do seu. - Eu concordei já ciente de todo aquele trâmite. Era sempre a mesma coisa.

— Você começa amanhã às seis. Essas são suas. - Ela me entregou um molho contendo várias chaves. — Porta da sua casa, portão da frente, portão lateral, saída de emergência....

Ela continuou falando e eu decorei todas as chaves que apenas mudavam o pequeno formato do encaixe.

— Pode se mudar hoje mesmo.

— Obrigada senhora diaz. - Agradeci e a loira me deu um sorriso sem dentes e eu me retirei.

Quando eu fiz o curso minha intenção era ser vigilante escolar, mas após minha irmãzinha Luiza se adoentar, precisei de mais e mais dinheiro para o tratamento e agora, após extensões no curso trabalhava com V.I.P.'s. Mais conhecida como segurança particular, e para meu martírio acabava de ser contratada para ser a segurança de uma cantora chamada juliette freire .

Cheguei em casa e antes que pudesse abrir a porta conseguia escutar a voz de Luiza cantando o refrão de un ratito. Eu abri a porta e vi o corpo da minha irmã de 11 anos na frente da televisão segurando uma escova de cabelo e usando o pijama enquanto cantava em plenos pulmões.

"Paga pra ver qual é a consequência
Se demorar, eu perco a paciência
Agora não tem saída (não tem saída)
Porque uma noite comigo é só uma chance na vida (ay)
Aunque sea un ratito y ya (na-na-na-na) (uoh) (na-na-na-na)
Você tem que me provar (na-na-na-na) (uoh) (na-na-na-na)
Não demora pra beijar (na-na-na-na) (uoh) (na-na-na-na)
Aunque sea un ratito y ya (na-na-na-na) (uoh) (na-na-na-na)"


Eu assistia toda a cena encostada no batente da porta fechada enquanto ela esticava os braços e balançava os cabelos trançados como se estivesse se apresentando para uma grande plateia mas de repende colocou a mão no peito e começou a tossir me fazendo correr em sua direção.

— Calma Lu, eu tô aqui. - Falei passando a mão por suas costas e vi a pele branca se tornar vermelha devido ao esforço e os olhos lacrimejarem.

Após a crise diminuir ela me olhou e sorriu me fazendo sorrir sem mostrar os dentes.

— Você viu Sah? Eu ainda vou cantar junto com a Juliette . - Ela falou confiante e eu sorri passando a mão nos cabelos loiros.

— Eu já disse que você vai fazer tudo o que quiser LuLu.

Ela sorriu largo e me abraçou, eu segurei seu corpo e a levantei levando de volta para o quarto me deparando com um pôster enorme de Juliette  autografado colado na parede próximo ao guarda-roupa.

— Luiza... - Eu  grunhi e ela se ajeitou na cama sorrindo calmamente.

— Ela é linda, não é? - Luiza suspirou ajeitando o edredom no corpo olhando fixamente para o pôster.                                         
— Você sabe bem que esses artistas usam photoshop em fotos e duvido muito que ela seja assim. - Falei encarando a imagem morena.

one shots (sariette)Onde histórias criam vida. Descubra agora