A Queda

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Sarah Andrade Intersexual

POV JULIETTE

Era pra ser só mais um dia normal...

Exatamente... ERA pra ser, mas nunca foi. Nunca é, simplesmente porque eu era a porra da garota mais desastrada da terra.

- Juliette, Filha.. Acorda!

- Hmm? Ah não Mamãe, me deixa dormir mais um pouco.. - Murmurei ao mesmo tempo em que virava para o outro lado me escondendo embaixo das cobertas.

- Se você dormir mais, vai perder o horário da feira. Você não vai querer deixar de comprar banana, não é?

Droga. Hoje era dia de feira e eu realmente já não tinha mais minha fruta preferida em casa.

-Tá bom, tá bom. - Murmurei novamente jogando toda a coberta para o lado enquanto o ar frio entrava pela janela que ela havia acabado de abrir.

Me arrumei de forma simples, coloquei o short jeans, uma blusa de alça porque já estava com o sol forte apesar do vento e decidi ir de chinelo mesmo.

Péssima ideia Juliette.. Péssima ideia.

- Filha eu preciso ir ao mercado depois da feira, lembrei do papel higiênico. - Fizemos uma careta juntas e tive a brilhante ideia do dia enquanto o ônibus seguia seu trajeto normal.

- Mamãe, vamos primeiro no mercado então. Melhor do que ir depois cheia de sacolas. - Falei ciente que o ponto do ônibus estava perto o bastante e ela concordou.

Descemos e antes de passar pelo corredor principal dei um tchauzinho para Carla, minha amiga que trabalhava como caixa do mercado.

Mamãe foi na frente pegando alguns detergentes, me entregando (afinal nós nunca compramos só o que falando quando entrávamos ali) e seguimos para o corredor de papel higiênico.

- Vamos? - Perguntou e eu concordei passando em sua frente abraçada com o pacote.

Eu andei alguns passos segurando três detergentes em um braço e o pacote de papel no outro, e quando menos esperei, senti meu corpo flutuar por alguns segundos antes de cair no chão, vendo todos os detergentes bolando em direções aleatórias.

- Juliette, Filha! Se machucou?! - Mamãe falava alto chamando atenção de algumas pessoas que estavam fazendo compras e eu estiquei minhas mãos olhando para a palma sentindo um líquido pegajoso pelo meu corpo.

- Mãe.. Tá doendo. - Tentei levantar e quase escorreguei de novo sentindo minha coluna doer mais e minha mão arder como um inferno.

- Cadê o gerente daqui? CADÊ O GERENTE? - Escutei Mamãe gritar enquanto me ajudava a levantar.

Passei a mão pelo meu short jeans e o senti completamente molhado por toda a parte da bunda, olhei para minha perna e um líquido amarelo escorria por ela.

- O gerente está em reunião senhora. - Um dos seguranças da entrada falou e vi minha mãe olhar de uma forma furiosa.

- Então fala pra ele sair de lá, você não tá vendo que minha filha caiu? Vocês não viram que o chão estava molhado? Ninguém viu? - Ela falava mais alto, e várias pessoas concordavam com "é isso mesmo, como vocês deixam isso acontecer?, Cadê a placa de chão molhado?" se juntavam em um pequeno motim.

- Eu vou ligar na área, senhora. - O rapaz falou se afastando o suficiente e menos de cinco minutos uma mulher baixinha se aproximou.

- Boa tarde senhora, me chamo Viviane Queiroz o que aconteceu?

one shots (sariette)Onde histórias criam vida. Descubra agora